Em estado de alerta...

Em estado  de alerta...


Os episódios que marcaram a quinta-feira, 16, em Itaúna acenderam o estado de alerta dos setores de segurança da cidade e serviram para mostrar que a cidade já não é um oásis em se tratando de criminalidade. Itaúna sempre demonstrou ser uma cidade razoavelmente pacata se observados os índices apresentados pelos setores de segurança, mas nos últimos anos a curva ascendente tem chamado a atenção dos comandos das polícias, Civil e Militar, principalmente devido aos crescentes números de mortes devido à disputa pelo comando do tráfico de drogas, que envolve criminosos de outros centros, e a guerra é cada vez mais frequente e maior. As mortes constantes no meio mostram isso e agora os métodos para chamar a atenção e tentar provar que quem “manda” em determinados setores da cidade é x ou y corroboram para alertar os setores de segurança de que é necessário uma nova metodologia de combate ao que podemos até denominar de crime organizado.

O episódio ocorrido no bairro Morada Nova na quinta-feira, que culminou com o incêndio de um ônibus da Autotrans no ponto final e atingiu a vizinhança, com um supermercado e uma residência sofrendo danos, é a prova de que a cidade já não é a mesma e uma nova metodologia de combate ao que podemos denominar “crime organizado” precisa ser estudada e empregada no dia a dia das comunidades mais vulneráveis, porque isso acaba impactando toda a cidade. Confesso-me impressionado com os episódios de mortes e com os atos criminosos ocorridos nos últimos dias e estou de fato convencido e preocupado com a coletividade, pois é preciso repensar a segurança pública no município e isso vai demandar comprometimento de todos, começando com os políticos, detentores de cargos ou não. O nosso prefeito precisa buscar soluções junto ao governo, os deputados votados aqui têm que trabalhar na buscar de mais recursos para as polícias Civil e Militar, para que tenhamos mais viaturas, mais armas e principalmente estrutura funcional. 

Conversando com uma autoridade da área de segurança, consegui observar em suas falas (aliás, sábias e de fato realistas em relação à situação da segurança na cidade) que temos problemas estruturais sérios e que demandam vontade e força política nas esferas federal e estadual. Ou seja, estamos com os problemas e a tendencia é que eles continuem, pois não temos representantes de fato nas duas esferas. Nós, itaunenses, não fomos capazes de reeleger o nosso deputado estadual e a décadas não temos um representante em Brasília. Aí as dificuldades para resolver os problemas que dependem do governador e/ou do governo federal, não andam, esbarram na falta de vontade dos deputados de outros centros e que tiveram votos em Itaúna devido ao apoio de vereadores, e só. Todos não têm nenhum interesse em trabalhar para resolver nossos problemas estruturais, no caso da segurança pública, como bem diz a autoridade ouvida, já precisamos ter uma Delegacia Regional, que tenha mais delegados e detetives, a nossa Polícia Militar já devia ser regional, o que significa mais soldados e mais estrutura interna. A Comarca precisa ser elevada, pois são poucos juízes e funcionários para a demanda. Outra coisa que contribuiria para a melhoria da segurança pública é a criação da Guarda Municipal, que o prefeito chegou a anunciar que criaria. Não acredito que crie, mas seria mais uma opção para ajudar as polícias.

Enfim, entendo que nossa cidade precisa se impor nos dois níveis do poder e administrativos, e a única forma disso acontecer é mantendo nas duas esferas representantes, ou seja, precisamos nos unir para eleger deputados, estadual e federal. É a única forma de conquistarmos melhorias na segurança pública. Não há outra. 

A mesma autoridade com quem conversei esclareceu que, em sua opinião, os episódios ocorridos nos últimos dias, com assassinatos de pessoas ligadas ao tráfico de drogas e a queima do ônibus do transporte coletivo, ocorreram porque há um trabalho incansável e diário das Polícias Militar e Civil no combate ao tráfico. O trabalho ostensivo da PM, em toda a cidade, principalmente nos bairros e nos locais onde é sabido que o tráfico atua com mais intensidade, acaba por dificultar as ações dos bandidos e isso faz com que eles tentem alternativas para desviar a atenção da polícia. Alternativas absurdas, pois no caso do ônibus no Bairro Morada Nova, pessoas e empresas que não têm nada a ver com o mundo do crime acabaram por ter prejuízos, como no caso da moradora que teve a casa destruída pelo fogo e o supermercado, além da empresa de transporte que perdeu um ônibus. Absurdo o ato que, aliás, não tem autor conhecido. Esse é outro problema, sério, a comunidade não participa ajudando as polícias com informações. 

Será mesmo que ninguém viu a movimentação para atacar o ônibus? O ato criminoso ocorreu no horário em que muitos moradores da redondeza estavam saindo para trabalhar. E ninguém viu? Ou será que é o medo de se expor que faz com que todos se retraiam, não contribuindo para solucionar os problemas? Pelo que sabemos, existe um número específico na PM para que informações sejam passadas com sigilo absoluto. Por que de não contribuir para melhorar a segurança da cidade? É preciso comprometimento de todos para que as coisas de fato melhorem. Inclusive, no momento do voto, em frente à urna, é preciso que o cidadão, todos, independente de situação econômica, nível escolar, formação acadêmica e/ou credo, saiba que em primeiro lugar ele deve pensar na sua rua, seu bairro, na sua cidade. Precisamos ter representantes para que possamos cobrar melhorias em todos os setores públicos, mas principalmente no de segurança. O argumento é um só: todos por Itaúna.