Quase inacreditável!

Quase inacreditável!


A introdução é para alertar que estes, em nossa opinião, são os pontos que devem ser levados em consideração, analisados e debatidos, na questão que está em pauta - ainda nos bastidores - mas que deve vir à tona nas próximas semanas ou no próximo mês de agosto, quando a Câmara voltar do recesso do mês de julho. O fato é que, como já anunciado pela FOLHA na semana anterior, o prefeito Neider vai enviar à Câmara um projeto de lei, pedindo autorização para designar à concessionária dos serviços de transporte urbano, empresa Autotrans, valores da ordem de 24 milhões e 600 mil reais, para cobrir os prejuízos dos últimos anos, alegados em função da pandemia da Covid, congelamento dos reajustes na passagem não feitos sob a mesma alegação, dentre outros fatores como o aumento dos implementos e a queda no número de passageiros.

O assunto já está causando polêmica no meio político, principalmente entre os vereadores, que já se posicionam contrários à designação dos recursos à concessionária. A reportagem ouviu alguns vereadores, inclusive da base do prefeito, que se manifestaram contrários à pretensão do chefe do Executivo e que foram categóricos em responder que não vão votar favoráveis. Na verdade, temos dúvidas disso, pois lá na frente, no momento certo e para não ficar sem as benesses do poder, acabam votando em troca de alguns favores, como benfeitorias em bairros etc. Mas por enquanto a maioria é contrária à pretensão do alcaide. 

Pelas informações levantadas pela reportagem da FOLHA, documentos com relatórios e levantamentos de dados, como número de passageiros, número de viagens, planilhas com custo de combustíveis, e peças contendo o custo com a manutenção de carros, funcionários, gastos extras e índices inflacionários, serão apresentados ao Ministério Público, que precisa autorizar os repasses dos recursos pelo município a um concessionário do serviço público. Ou seja, é preciso provar que houve de fato um prejuízo substancial no período. E só após o aceno favorável do MP é que os demais tramites, como o encaminhamento para a Câmara vai acontecer e a discussão vai começar. Então, é aguardar para ver.

Mas, mesmo antes dos trâmites exigidos pelas leis, podemos fazer ponderações como observadores da situação do transporte público no município, como cidadão. Não somos usuários, mas como profissionais do jornalismo, estamos diariamente observando os serviços, perguntando e questionando os problemas e quais seriam as soluções. Assim, podemos afirmar que os problemas são muitos, e alguns de fácil solução, mas muitos dependem da boa vontade e do entendimento dos administradores públicos, de que é um direito do cidadão-usuário tê-los solucionados. Um dos principais deles é em relação ao custo da passagem, que é exatamente o que está entrando em discussão. Mas além da passagem, existem uma gama extensa de problemas diários com o transporte público, que já deveriam estar solucionados e sendo fiscalizados dia a dia pela prefeitura, que em nossa opinião, faz “vista grossa” em muitos casos. A qualidade dos ônibus por exemplo, é um dos principais motivos de reclamação dos usuários, pois muitos estão sucateados e ultrapassados. Já é comum ver ônibus estragando e não completando as viagens, por exemplo. Outra reclamação constante dos usuários é em relação ao intervalo das viagens, principalmente no sentido centro-bairro. E a reclamação campeã, ouvida pela reportagem, é em relação aos pontos na área central e no percurso, nos bairros. A maioria dos usuários ouvidos pelo nosso repórter, foi categórica: ficamos nos passeios estreitos, no sol ou na chuva, e ainda temos que “ouvir xingamentos de proprietários de comércios e donas de casas, que não nos querem em frente suas portas”. Ou seja, todos têm razão. Já passou da hora, e faz tempo, da cidade ter terminais de ônibus na área central. Em nossa opinião, pelo menos três. E quanto aos pontos nos trajetos nos dois sentidos, as chamadas “guaritas”, estas precisam ser alocadas estrategicamente para que não prejudiquem ninguém e dê aos usuários mais conforto e segurança. 

Entendemos que o assunto recursos à concessionária, para cobrir possíveis déficit nos serviços de transporte no últimos 2 ou 3 anos precisa ser debatido, estudado e que algo precisa ser feito, pois ninguém trabalha com prejuízos, mas o cidadão usuário, precisa também ser respeitado e os serviços oferecidos necessitam também de ajustes, e exigências do poder público municipal devem ser feitas. Todos precisam fazer a sua parte, pois o usuário já faz a dele, pagando os seus impostos em dia e que possibilitam a melhoria das vias públicas com a pavimentação, e paga a passagem todos os dias. Então merece um serviço de qualidade, com ônibus novos, equipados com ar-condicionado e elevadores, cadeiras novas e limpas e com os horários cumpridos. E mais que isso tudo, que é direito seu, precisa ser tratado com respeito pelo poder público e pelo concessionário. Essa “ideia” de “dar” dinheiro público para o prestador de serviços para cobrir possíveis débitos em virtude de pandemia e afirmar que com isso não está aumentando a passagem que seria hoje de R$ 7,50 é propaganda para “inglês ver”, pois, hoje essa passagem de R$ 5,00 já é muito cara se comparada à de outras cidades com maior densidade demográfica, com mais bairros e mais quilometragem dos ônibus.

Enfim, o prefeito em nossa opinião, vai insistir em “premiar” a empresa Via Sul Itaúna, com os R$ 24 milhões e 600 mil reais e vai convencer os vereadores da base que estão assustados e afirmando que não votam e o “bolo” será repartido com o troca-troca político em comemoração. Ou seja, os vereadores terão seus pleitos atendidos e cumprirão suas promessas com os eleitores, o senhor prefeito vai atender à concessionária, terá garantia futuras e ainda vai fazer propaganda junto ao usuário, afirmando que não aumentou a passagem. E o povo?!!!? Esse, ooooooo!!!          

Por: Renilton Gonçalves Pacheco