Uma Itaúna para os itaunenses

Uma Itaúna para os itaunenses

Tenho recebido críticas pontuais em relação ao comportamento dos setores públicos quando o assunto é compras governamentais. E, quando falo em setores públicos, incluo todos, inclusive, o Executivo e o Legislativo. As alegações são de que o comércio itaunense não está sendo privilegiado e que empresas de fora estão vendendo aqui mais do que nossos estabelecimentos, em se tratando de concorrências e licitações, para todo tipo de material e/ou obras e serviços. E as reclamações recaem em todo tipo de comércio e indústria, nas fundações e nos serviços como Sesi e Senai, por exemplo, mas com maior volume nos setores públicos e fundações. 

Sempre fui a favor e defendi a livre concorrência, e isso não importa se no setor público ou privado ou no setor de cunho filantrópico. Então, se as empresas de outros centros estão ganhando as licitações, que seja assim. Mas resta saber se essas licitações estão sendo feitas obedecendo todas as prerrogativas exigidas e dentro dos padrões em que os parâmetros principais são a ética e a transparência. 

Por outro lado, obedecidas as prerrogativas, temos que observar que o dinheiro precisa circular no município, então partimos do pressuposto de que, antes de privilegiar empresas de outros centros, as itaunenses devem ter privilégios, pois elas dão emprego e geram lucros, e estes são aplicados aqui, em construções, pagamentos de impostos, dentre outros meios de investimentos. As reclamações têm algum fundamento, pois estão embasadas na observação de que, onde há pessoas com poder de decisão que não conhecem o meio itaunense, a opção é, em primeiro lugar, buscar empresas prestadoras de serviços em outros centros. Essa é a queixa principal. 

Somos defensores de que, antes de qualquer coisa, os órgãos públicos devem, ao precisar fazer uma licitação para qualquer tipo de compra ou serviços, observar primeiro o mercado interno, para depois abrir o leque para outros centros. Não sei se isso é legal, mas, se na cidade tem comércio e/ou indústria que produza e ou venda canetas, verduras, papéis, vassouras, pedras, bloquetes, terra, máquinas e equipamentos digitais, dentre uma infinidade de produtos que são necessários aos órgãos públicos, entendo que, primeiramente, todas devem ser convidadas a participar dos certames.

Os motivos são muito claros e não há necessidade de ficar repetindo as vantagens dos recursos dos itaunenses girarem aqui. Em primeiro lugar, o Município vai arrecadar mais e, com isso, vai investir em mais conforto para a população, com melhorias de cunho urbanístico, na área da saúde, social e em outros setores que são fundamentais para a população. 

O importante a ser observado é mesmo o caráter jurídico e o embasamento dos critérios da lei de licitação. Mas é bom lembrar que “marcar cartas” é crime e nem se deve pensar nisso, mesmo que seja para privilegiar o município e suas empresas. Mas também é preciso deixar claro que buscar empresas de fora para ganhar concorrências aqui é levar nossos recursos para outras cidades, pois os impostos e taxas pagos aqui pelo cidadão investidor, junto nos cofres públicos, vão embora e não voltam mais. Não acredito que isso esteja acontecendo e muito menos que vai acontecer nos órgãos públicos itaunenses, mas é necessário muito bom senso, muita observação das leis que regem o assunto e, principalmente, a visão de que é preciso uma construção contínua de uma cidade para os itaunenses, para as gerações que estão sendo formadas e as que virão. E, para isso, precisamos fortalecer cada vez mais as nossas empresas que operam em todas as áreas, privilegiando-as em todos os sentidos. É preciso economizar recursos, mas é preciso também oferecer emprego, gerar renda interna e, com isso, mais impostos, e assim, consecutivamente, serão mais recursos para obras, investimentos na saúde e educação e, mais que isso, na dignidade da população. É uma ciranda, e essa deve ser interna, de itaunense para itaunense, buscando um só objetivo: o crescimento do município. 

O governo está engatinhando ainda, mas já passou da hora de fomentar toda essa esfera, para que ela gire com a garantia da Prefeitura, do Legislativo e das instituições não governamentais, como CDE, ASCINDI, SIDIMEI, dentre outras, numa campanha institucional na busca da melhor forma de se trabalhar o fomento no sentido de que os recursos dos itaunenses fiquem aqui e não extrapolem fronteiras, repito, pois estes não voltam. Fórmulas existem, basta querer buscar meios legais para tal, pois legitimidade há, pois somos uma cidade empreendedora há mais de hum século e nossos recursos sempre foram empregados em nosso solo e jamais saíram daqui em embornais nos lombos de burro, mesmo quando ainda éramos apenas a Santana de São João Acima. E não vai ser agora, na era digital, que vamos deixar que levem nossos recursos, que são gerados com sacrifício por itaunenses, para outras paragens, apenas por caprichos de alguns “estrangeiros” que detêm, por enquanto, o poder de decidir por muitos. Eu disse por enquanto, pois, do jeito que lá vai, não vão durar muito. E é como diziam os mais, digamos, experientes: juízo e caldo de galinha não fazem mal a ninguém...