É apenas dinheiro, é apenas falta de ética, ou é apenas ignorância?

É apenas dinheiro, é apenas falta  de ética,   ou é apenas  ignorância?

Estamos vivenciando, nas últimas décadas, uma mudança drástica do comportamento humano e podemos apontar como principal causa o desprezo pela ética, a opção pela ignorância e o viver apenas por dinheiro. Não vou citar a corrida pelo poder desde a adolescência, porque essa corrida, apesar de mais acerbada, é natural do ser humano desde o homem das cavernas. Sabemos que o poder transforma o ser humano, que passa a ser capaz de tudo para manter esse poder, e aí busca o dinheiro, que o torna ignorante, pois ele só consegue ver o dinheiro e passa, então, a menosprezar a ética. 

Não estou aqui nominando ninguém, muito menos fazendo alusão a qualquer fato, mas, sim, tentando mostrar a indignação por fatos e atos que presencio nas últimas décadas e que me deixam sem entender o homem na sua essência. Não há hoje decência em nada, tudo que o homem colocar a mão passa a deteriorar, e cada vez é mais visível a rigidez, pois, hoje, não se olha um para o outro e estende-se as mãos. São apenas pedras e mais pedras, e os meios para tal são também cada vez mais estúpidos, apesar da dita modernidade eletrônica, que é capaz de unir o mundo em segundos, seja para o bem ou para o mal, mais para o mal, vejo...

Não vou aqui fazer analogia de fatos, mas apenas afirmar que o homem sempre fez e continua fazendo tudo pelo sucesso, e este tem o significado de dinheiro, então passa-se por cima de tudo, inclusive, da moral e da ética. Não somos apenas o que somos, somos o que buscamos ser dia a dia, visualizando o amanhã, e para isso atropelamos tudo, inclusive, a nós mesmos, subindo dois, três, quatro degraus, e descendo, cinco, seis, sete... Não sabemos mais parar, respirar, e principalmente pensar. Atropelamos tudo, inclusive, o tempo, para que todos possamos alcançar o cume. 

Os últimos acontecimentos em outras partes do mundo, no Brasil, em Minas e em Itaúna me deixam assustados, principalmente no meio político, e o que me deixa assustado não é somente o fato ou o ato, mas o que o ser humano está fazendo um com o outro, usando o artificio das redes. Pra mim, é mais que um certo de contas, é a criminalização antecipada, é a difamação sem caráter, e o pior: é o posicionamento mentiroso sem nenhum escrúpulo, uma vez que a maioria se esconde por trás das fake news para transformar situações em decisões e mentiras em verdades superficiais, pois a maioria das pessoas não consegue fazer uma interpretação e diferenciar o que é boato de fato, é que depois da notícia já sentenciam, sem que as oportunidades de expressão e interlocução sejam feitas. Tudo vira ataque.

Em nossos poderes constituídos, as disputas estão encaminhando para embates constantes, que chegam a ultrapassar o bom senso, mas, mais que isso, já beiram a estupidez do desfecho maligno. Temos governantes sórdidos e poderosos, que não distinguem mais o que é melhor para a humanidade em qualquer lugar do planeta, e o que está à frente de tudo é o poderio bélico e tecnológico. O ser humano? Basta ver as imagens da Faixa de Gaza ou a guerra na Ucrânia, onde se extrapolam os interesses em terras raras, visando o poderio citado acima. 

No Brasil, as coisas se misturam e não conseguimos dar um passo firme rumo ao crescimento constante, porque somos reféns de políticos incompetentes, e o pior, defensores dos seus interesses, apenas. Isso acontece em todas as esferas do poder constituído, haja vista o que vem ocorrendo nos últimos dias em Brasília, em Minas e em Itaúna. Não há um olhar para um todo, porque os interesses são de grupelhos, formados na casta baixa do poder. No momento em que deveríamos estar preocupados em defender nossa soberania ante os EUA, que tem um presidente, em minha opinião, louco, genocida e com todos os pré-requisitos de facínora, temos uma percentagem que tem a coragem de se expor na avenida mais famosa do país, carregando sob a cabeça a bandeira dos Estados Unidos da América. Um acinte ao patriotismo. Mas o que é estranho é que os provocadores definiram, também de forma acintosa, que a sua bandeira, além da americana, seria a nossa, a de todo o brasileiro, a Bandeira Nacional, que eles colocam nas costas, transformam em camiseta e/ou usam para atacar os prédios públicos na Capital Nacional. A Bandeira Nacional não pode ser um símbolo partidário. É mesmo um acinte ao patriotismo.

E tudo isso é possível porque a ignorância sobressai no meio político, pois o povo, também ignorante, não sabe votar e escolhe representantes que não estão preparados para o poder, não porque não são capazes, mas porque não querem essa capacidade, pois ela pode deixar evidenciar que ele não está cumprindo o seu papel. Então ele prefere se esconder por detrás dela, a ignorância. Um exemplo disso é o nosso Poder Legislativo em todos os níveis, Federal, Estadual e Municipal. Um poço de ignorância. Não conhecem as leis para o bem de todos, trabalham com elas quando querem e as manipulam para o bem próprio e de poucos. Tropeçam, fazem contorcionismo quando precisam, e se protegem. Um exemplo é o que fizeram esta semana na Câmara Federal, com a aprovação da PEC da Blindagem. Um absurdo! E absurdo maior é que podem aprovar a Anistia aos que queriam a volta da ditadura ao país. Outro absurdo maior.

E, por fim, vem o tudo por dinheiro, pois esses mesmos homens que passam a conhecer as entranhas do Poder também passam a “jogar” com as leis que podem beneficiar ou não a população num todo. Mas, na maioria das vezes, jogam em benefício próprio, e repito, e de grupelhos, adaptando, mudando ou estrategicamente acrescentando para que elas possam trazer recursos que sejam compatíveis com atividades, as extrativas, comerciais, administrativas e de exploração. Mas nunca estão aptos para estudar a formalização de leis que beneficiem diretamente um todo na saúde, educação, aposentadoria, na qualidade de vida, dentre muitas outras áreas. E isso tudo apenas por dinheiro. É lamentável, mas é uma realidade e uma verdade que não pode ficar escondida nos gabinetes dos poderosos, e muito menos nos porões do Poder Constituído, e menos ainda à revelia do povão.