ÔNIBUS - O prefeito deveria renunciar!
Afirmação foi feita após a gerente de Trânsito dizer, na Câmara, que “fizemos tudo o que tinha que ser feito”, e que o problema vai ficar para o próximo prefeito
A gerente de Trânsito de Itaúna, Cíntia Valadares, compareceu, mais uma vez, à Câmara Municipal de Itaúna e, novamente, repetiu que a solução para os problemas do transporte público de passageiros de Itaúna teria como solução a liberação do subsídio de cerca de mais de R$ 24 milhões, pedidos pela empresa, sugeridos pela administração e que mais recentemente até caiu para algo em torno de R$ 18 milhões. Cíntia voltou a afirmar que o contrato firmado com a empresa “não é de mão única”, aludindo à necessidade do reequilíbrio econômico para que as obrigações assumidas pela empresa fossem cumpridas.
Em determinado momento da sua participação, ela disse que “tudo que podíamos fazer foi feito, tentamos tudo, mas não foi aprovado”, dando a entender que a não aprovação do subsídio seria a motivação para o péssimo serviço prestado pela empresa aos passageiros itaunenses. E afirmou que “não preocupem com a atual administração”, pois o problema ficará para ser resolvido pelo próximo prefeito. E ameaçou: “Sou moradora da cidade e vou ficar aqui para ver o que vai ser feito”, questionando ainda a vereadora Márcia Cristina, exigindo respeito, após a fala da vereadora.
O vereador Kaio Guimarães, falando em seguida, sugeriu então que o prefeito renunciasse, se “em quatro meses e meio de trabalho” não vai ser proposta uma solução. Imediatamente a gerente do Trânsito corrigiu sua fala e disse que não afirmou que nada seria feito, mas que sua fala foi no sentido de que a questão está judicializada e que não vai ter tempo para uma solução ainda neste mandato. Em várias oportunidades, Cíntia afirmou que “tudo que podíamos fazer foi feito”, e sempre completando que “(a Câmara) não votou”, referindo-se ao subsídio. Em determinado momento, quando ela exigia respeito, dirigindo-se à vereadora Márcia Cristina, a gerente de trânsito afirmou que a questão é “o dinheiro, nada se faz sem ele”.
Mão dupla só existe para o reequilíbrio financeiro
No início da fala da gerente de Trânsito, ela respondeu ao vereador Gustavo Dornas que, de janeiro a julho deste ano, já foram aplicadas 624 multas na empresa Viasul e que essas multas são pagas, boa parte delas, com vales-transportes que são adquiridos pelo Município. Não soube dizer o valor total das multas aplicadas e relacionou que em 2022, 2023 também foi alto o número de multas. Ao afirmar que o contrato firmado com a ViaSul não pode ser rescindido facilmente, “em uma canetada”, Cíntia Valadares reafirmou que o documento deve ser “de mão dupla”.
Faltou a cobrança por parte dos vereadores, conforme os críticos, de que a “mão dupla” só é lembrada quando se fala em reequilíbrio econômico. Nos casos de tantos descumprimentos das cláusulas contratuais, por parte da empresa, como descumprimento de horários, falta de manutenção adequada nos veículos, falta de limpeza dos veículos, não cumprimento na instalação de abrigos, dentre outros, “aí não tem problema ser de mão única? Pois é o que parece, pois nada tem sido feito para corrigir esta situação, ao longo dos últimos anos, especialmente a partir de quando essa senhora assumiu o setor”, disse um cidadão presente na reunião muito contrariado com as falas da senhora Cíntia Valadares.
Outro fator questionado em relação ao descumprimento do contrato e a insistência da gerente do Trânsito em apontar a necessidade do reequilíbrio econômico são os benefícios direcionados à empresa durante os últimos anos. “Se houve prejuízo com a diminuição de passageiros no período da pandemia, por um lado, outros fatores parece que não são levados em consideração”, disse um outro cidadão. E fez as seguintes citações: o aumento do valor da passagem em 91%, desde 2017, quando custava R$ 3,40 e passou a R$ 6,50, sendo que a inflação no período foi de 66,9%, no acumulado até setembro de 2023, quando foi dado o reajuste (27 de setembro de 2023, conforme o decreto de número 8.379/23).
Se o número de passageiros-mês da ViaSul é de 300 mil, somente com o valor pago por passagem, acima da inflação acumulada, dá um ganho de mais de R$ 2,7 milhões em 11 meses. Com a retirada de trocadores, conforme os cálculos apresentados pelo vereador Tõezinho, representam 50 trabalhadores a menos, com custo de R$ 3 mil ao mês por trocador, representando R$ 1,8 milhão/ano. A retirada foi em 2018, e nos últimos seis anos, a economia para a ViaSul foi de algo em torno de R$ 10 milhões. Também é preciso calcular as economias feitas com os decretos de “extensão” da idade dos veículos, como apontou.
“Ao deixar de adquirir veículos novos para repor os velhos, compromisso assumido em contrato, a cada seis anos, de quanto foi a economia? Se o prefeito atual não tivesse mudado esse prazo para 14 anos, conforme o contrato assinado em 2016, a empresa já teria que ter trocado todos os seus quase 50 veículos... Se a questão é dinheiro, como disse a gerente, o dinheiro só importa quando é relativo ao reequilíbrio alegado? Cadê a mão dupla?”, questionou. E concluiu: “A gerente poderia, sim, cruzar os braços pelos próximos quatro meses, aí ficaríamos livres das intervenções desastrosas dela, seria um alívio para todos nós!”. E ainda deu uma dica: “Se quisessem rescindir o contrato, era só não mudar a cláusula da idade dos ônibus e fazer cumprir o contrato que a empresa assinou com o Município em 2016. Será que sem ônibus trocados esta empresa ainda estaria aí?”.