Mais uma vez, o imbróglio Hospital/Prefeitura. Isso não acaba. Ufa!

Mais uma vez,  o imbróglio  Hospital/Prefeitura. Isso não acaba. Ufa!

Já publiquei aqui que, poucas semanas, após adentrar a redação da Folha do Oeste para trabalhar, lá no início da década de 70, comecei a ouvir e ler sobre a questão do Hospital Manoel Gonçalves, suas gestões e os embates com a prefeitura. Ou melhor, com as administrações municipais. Passados 50 anos, continuo ouvindo, lendo e agora escrevendo sobre os mesmos embates insolúveis e que envolvem nada mais que recursos públicos. 

E, confesso, ainda não consegui entender os motivos desses embates persistirem, pois o Hospital foi construído pelo benemérito Manoel Gonçalves no início do século passado, para servir ao povo, então, e ao que parece, mal ou bem, está servindo até hoje, pois, se passou mal, como dizem popularmente, todos correm é pra lá, para depois ver como fazer. Assim, acho que a questão financeira do Hospital, que sempre foi o motivo dos embates, precisa acabar, e de forma simples. Não há motivos para julgamentos, pontos de vistas e muito menos trampolim político. É resolver de uma forma ou de outra e sem muita discussão. Não tem que colocar sequer vereador no meio, pois isso somente atrapalha, uma vez que as divergências aumentam e o juízo de valores extrapola. É sentar provedoria, prefeito e o secretário de Saúde, que, em minha opinião, tem que entrar na discussão de forma profissional, como parece estar acontecendo, mas, além do profissionalismo, ele tem que colocar o coração de itaunense que é. 

A situação chegou a tal ponto que ninguém tem razão e não se chega à uma conclusão para parar a sangria financeira da Casa de Caridade Manoel Gonçalves. Eu disse Casa de Caridade, ou Hospital. Não confundam com Pronto-Socorro, pois a origem de todos os problemas é exatamente essa. O Hospital sangra por causa do Pronto-Socorro. 

Lembro-me bem quando, no final da década de 80, no primeiro mandato do prefeito Osmando, mais uma crise no Hospital fazia a comunidade, por meio da Câmara, forçar a administração municipal a socorrer a entidade filantrópica. Depois de vários embates, inclusive, na imprensa da época, chegou-se a uma solução, que seria a de levar o chamado Plantão 24 Horas para as dependências do Hospital, ou seja, o Pronto-Socorro ou Pronto Atendimento, de responsabilidade da Prefeitura e que funcionava no prédio do INSS, na Rua Dr. José Gonçalves, para o prédio do Hospital, e os recursos destinados para os serviços oferecidos, enviados para a entidade. Colocaram em prática a tal ação, denominada “uma mão lava a outra”. Ou seja, o Hospital fazia o serviço de Pronto Atendimento para a prefeitura e receberia os recursos calculados à época para execução dos serviços hospitalares de emergência para sanear suas dívidas, e a prefeitura ficaria somente com os serviços oferecidos nos postos de saúde, hoje ESFs. O tempo passou, os reajustes foram ficando menores e, a cada administração da Prefeitura e do Hospital, o pensamento mudava, mas o povo continuava e continua precisando dos dois atendimentos, o do Hospital e o do Pronto-Socorro. E aí os problemas continuam. Não há fim. 

Desta vez, há meses se discute uma defasagem nos repasses do município para o Hospital para a prestação dos serviços no Pronto-Socorro. Não se chega a um acordo. A prefeitura afirma que o Hospital é um saco sem fundo. O Hospital afirma que o Pronto-Socorro tem custo muito maior do que o que o Município quer pagar. E, em meio à discussão, há a insegurança da população, que precisa dos dois serviços, e, assim, se a prefeitura não repassar recursos que dê para cobrir os custos do Pronto-Socorro e sobrar para cobrir também a manutenção dos outros serviços que estão defasados por causa da tabela SUS, não há alternativa: o Hospital vai fechar. E não estou blefando. Vai fechar.

Então o momento é de sensatez, de reflexão de ambos os lados, pois está em jogo o atendimento à saúde do cidadão itaunense, nos dois aspectos básicos, o de urgência e o de internação. Repito, o povo precisa do Hospital e, assim, quem tem que resolver o problema é a prefeitura. Agora ou depois. Essa é minha opinião. Ou seja, não adianta postergar. É encarar de frente, porque, se a prefeitura sair das dependências do Hospital, vai ter que custear uma UPA e isso vai custar mais de 3,5 milhões de reais/mês. Pergunto: Se ficar, por que não pode pagar esse valor? A alegação do secretário de Saúde é de que o MP e a legislação vigente não comportam mais que se “misture as coisas”, ou seja, que os recursos sejam compartilhados entre Hospital e Pronto-Socorro, e isso é real e tem fundamento. O Município tem razão na questão contratual. Mas pode-se buscar alternativas que sejam viáveis e legais para resolver de uma vez por todas a situação que vem sendo postergada desde o início do ano, praticamente desde a posse da administração municipal. 

É uma bobagem os dois entes quererem buscar alternativas em “caminhada solo”, pois é obrigação do Município manter o funcionamento da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira, mesmo que ela seja uma fundação privada, é filantrópica, pois ela foi doada ao povo, e, se é preciso recursos para que continue a prestar serviços, o dinheiro do povo, arrecadado com os impostos municipais, estaduais e federais, deve ser revertido na manutenção com Pronto-Socorro, ou não?

A verdade é que, se o Conselho Curador e a Provedoria decidirem pela entrega do Pronto-Socorro ao Município, não conseguirão manter os serviços à população e o Hospital vai, a médio prazo, acabar fechando. E se o Município continuar com o posicionamento de não buscar formas de subsidiá-lo, será o fim de 100 anos de serviços prestados à população itaunense, lamentavelmente. Repito, o momento é de reflexão e principalmente bom senso. Entendo que é obrigação do Município subsidiar os serviços do Hospital em quaisquer circunstâncias. É claro que dentro da legalidade, porque, dentro das possibilidades financeiras, tenho a certeza de que não será o problema. O Hospital é do povo e precisa funcionar bem para esse povo. 

Na quinta-feira, 23, na reunião do Conselho de Curadores, com a presença do secretário municipal de Saúde, Alan, ficou evidente que não há resistência do prefeito em resolver a situação e se manter parceiro. A questão é jurídica, tão somente. Quanto à questão financeira da entidade mostrada, é preocupante e não pode demorar a solução. 

E, para encerrar esse embate grave, preocupante e importante para o cidadão itaunense, mas já enfadonho: o Manoelzinho, em minha opinião, continua revirando no túmulo. 

Só rezando!