Outro gargalo

Outro  gargalo


Sabemos que o assunto em pauta é a questão do transporte coletivo, a retirada de veículos de circulação e o lenga-lenga em torno dos R$ 26 milhões de subsídios para a empresa concessionária. Mas já é perceptível que as coisas não vão se encaixar, este projeto não deve voltar ao plenário da Câmara nas próximas duas semanas, muito provavelmente vai ser descartado e no próximo ano uma nova investida deve ser estudada, pois é ano eleitoral. Apesar de já ter pedidos de esclarecimentos do Ministério Público, tanto ao Poder Legislativo como à empresa concessionária, achamos que muita coisa ainda vai acontecer, mas isso é outro capítulo... 

A questão Avenida Jove Soares é outro problemão, e que envolve toda a população, mas especialmente os proprietários de imóveis e os comerciantes que estão estabelecidos nela. É preciso solução urgente, pois as chuvas estão aí, e vão causar muitos estragos. Mas do jeito que o Senhor Prefeito apresentou a proposta para subsidiar as obras para impedir as enchentes, é mais um entrave colocado à mesa com mais discussão na Câmara. E, da maneira que foi colocado, o projeto que autoriza empréstimo de mais 70 milhões de reais não vai ser aprovado. É criar mais dívida para os próximos gestores e para a população pagar e uma obra que vai durar anos. No momento, é preciso buscar uma solução paliativa e que seja rápida. 

Mas, ao que parece, o Senhor Prefeito quer é complicar ou está é fazendo jogo ou disputando “queda de braço” com os representantes do Legislativo. E aí, diante da “brincadeira”, o povo literalmente “paga o pato”. Então é preciso resolver rápido as duas questões. Itaúna necessita solucionar os dois problemas em prol de um todo. A maioria da população depende do transporte público e a população precisa circular pela Avenida Jove Soares. E uma parte dessa população vive nela e/ou depende dela comercialmente. Então não dá para ficar brincando com coisa séria. É preciso resolver.

E falando em resolver, hoje vamos para outro grande problema que existe dentro da prefeitura e que não tem solução, porque o Senhor Prefeito, mais uma vez, não quer resolvê-lo. Mas a coisa está ficando insustentável e cada vez mais envolve mais gente e setores da economia local. Estamos falando do grande gargalo que se tornou o setor de engenharia da prefeitura, ligado à Secretaria de Regulação Urbana. Fui procurado mais uma vez por um grupo de comerciantes, engenheiros, arquitetos, proprietários de imóveis (loteamentos) e construtores que já não mais suportam os problemas enfrentados na prefeitura e estão a ponto de, literalmente, “jogar a toalha” e partir para buscar alternativas para trabalhar. E aí é que a situação vai se complicando, pois, devido à situação nos setores da prefeitura que englobam a engenharia e a regulação urbana, muitos investimentos estão deixando de ser feitos em nossa cidade. 

Os proprietários de terrenos e que tinham a intenção de fazer loteamentos estão recuando e olhando para frente, optaram por esperar este governo acabar. Os outros empresários e profissionais da construção civil já estão migrando para cidades vizinhas, e lá iniciando seus empreendimentos, construindo prédios, pois conseguem agilidade na aprovação de suas plantas e não têm que estar travando verdadeiras batalhas para aprová-las, com exigências, muitas vezes, incompreensíveis e até infundadas, que são criadas para dificultar o andamento dos empreendimentos. Esta semana ouvimos de um secretário municipal, um dos pilares da administração, que, ao ver citado o serviço de engenharia, afirmou: “A turma lá tá osso”. Mas o interessante é que, mesmo recebendo as críticas, ouvindo os problemas constantemente, o Senhor Prefeito não toma atitudes e não troca a sua turminha, o secretário e os seus assessores no setor, que é um dos mais importantes da administração, pois lida com processos que geram o desenvolvimento da cidade, com setores onde dinheiro gira muito e gera dividendos para o município, pois as casas de materiais de construção vendem muito e assim pagam impostos; as construtoras empregam mão de obra e depois vendem os apartamentos prontos, que vão gerar pagamento de taxas e impostos, como o IPTU, dentre outros; ou seja, a cidade aquece a sua economia em todos os sentidos. 

Mas, infelizmente, segundo os envolvidos nos vários setores que englobam os empreendimentos imobiliários, em Itaúna está impossível trabalhar, pois não há interesse do poder público em expandir a cidade e propiciar o crescimento da veia produtiva. Os setores responsáveis na prefeitura não colaboram para que a engrenagem funcione e não estão preocupados com a cidade, com o crescimento da sua economia. Não há sequer um empresário do ramo da construção civil que não tenha reclamações contra os serviços da prefeitura. É de impressionar ouvir as queixas, as colocações e os casos envolvendo os funcionários da engenharia e da regulação urbana, começando pelo secretário e seus auxiliares diretos. É muita reclamação mesmo e, pelo que entendemos e percebemos, parece não haver interesse da administração municipal (leia-se Senhor Prefeito Neider Moreira de Faria) em contribuir para que os serviços possam fluir, pelo contrário, parece querer é travar o andamento e, consecutivamente, o crescimento da economia do município. 

Enquanto isso, as cidades vizinhas como Pará de Minas, Bom Despacho, Mateus Leme, Oliveira, Carmópolis de Minas, Itaguara, dentre outras, recebem de braços abertos os nossos empresários e vão crescendo, gerando mais impostos, empregos e renda. Isso sem desrespeitar os seus planos diretores e suas leis de ocupação do solo, dentre outras. Enfim, são mesmo de impressionar as narrativas dos empresários com quem conversamos e que estão, além de revoltados, já cansados com a situação, com o desinteresse do poder público e chocados com os posicionamentos do alcaide. E, assim, aquela frase de um dos nossos escritores do século passado, “Itaúna, humana e pitoresca”, já não cabe mais. Hoje, nossa Itaúna não tem nada de humana, mas, cada vez mais, torna-se pitoresca, pois cabe aquela velha máxima: “Se colocar lona, vira circo; e se cercar, vira hospício”. Simples assim. Infelizmente.

Por: Renilton Gonçalves Pacheco