É preciso ação. Não importa de quem...

É preciso ação. Não importa  de quem...


Mais uma vez a reunião do Conselho Comunitário, na segunda-feira, dia 05, foi inócua. Falaram, discutiram, mas objetividade que possa ser transformada em ação direta não houve. Decidiram, sim, rolar a dívida, com mais um empréstimo, para pagar outro, e assim vai... O prefeito, pelo que ouvi da sua fala, devidamente gravada por um presente a nosso pedido, falou e exagerou nas mentiras. É verdade que adiantou recursos, em valor substancial, mas isso não é destinar. O secretário de finanças, na terça-feira, 06, na Câmara, de forma indireta, confirmou os adiantamentos. Mas destinação, doação? Nenhuma. 

Às vezes, aqui com os meus botões, penso que o assunto já está massacrante, mas por outro lado acho que é preciso expressar nosso pensamento, devido à necessidade de um envolvimento maior de toda a comunidade. É nosso único hospital. E é preciso mostrar que os atores diretamente envolvidos nas questões que envolvem a nossa Casa de Caridade precisam se posicionar de forma mais aberta, sincera e se envolverem de fato. Não é ir para reunião do Conselho falar, falar e depois literalmente “tirar o corpo fora” ou ficar “verborrizando” que fez isso ou aquilo, que propôs isso ou aquilo. Não vou cansar de repetir que é preciso criar mecanismos que possibilitem a participação de todos, empresários, comerciantes, trabalhador, enfim, da comunidade num todo.

Por outro lado, há a alegação de que, para se resolver questões de dinâmica de arrecadação de recursos, é preciso a adequação e a reforma do Estatuto, que é da primeira metade do século passado. Conforme informações chegadas a este jornalista, a promotora quer uma reforma estatutária mais ampla, pois entende que se faz necessária uma administração mais profissional do Hospital e que isso vem sendo postergado, pois o Conselho Comunitário não toma as atitudes para tal reforma com presteza. Aí caímos na velha discussão, será por que estão literalmente “enrolando” a reforma do Estatuto? Será porque vão perder, diríamos, o controle da entidade, principalmente não que tange à administração da área médica? Onde fazem como querem e como convém a um grupinho? Os tempos são outros e é preciso dinâmica, amplitude e principalmente profissionalismo. É mesmo momento de se proceder uma reforma estatutária que possibilite profissionalizar a gestão e é momento propício para acabar com a “panelinha” que insiste em permanecer dentro da caserna. E, independente disso, a população, que é a verdadeira proprietária da Casa de Caridade, e precisa dela, é a única que não sabe o que acontece, tem apenas notícias via imprensa e fica na iminência de perder o atendimento à saúde, aliás, o único que tem. 

A situação, que tem origem no sistema de governo em nível nacional, não será resolvida por quem tem a responsabilidade, que é o governo federal. O SUS está falido e vai continuar nessa situação, pois não existe milagre, então é buscar alternativas e sem politicagem e jogo de interesses de grupos e/ou grupelhos interessados no espaço pessoal. Todos sabemos que o povo não pode ficar sem atendimento emergencial à saúde, que é de responsabilidade da prefeitura, e muito menos sem acesso a internações emergenciais e para cirurgias. Os que têm a responsabilidade de buscar soluções, que são os membros do Conselho de Curadores, representantes das entidades de classes, entidades da sociedade civil, o Judiciário, o Ministério Público e os poderes Executivo e Legislativo, têm o dever social e moral de buscar e resolver a situação sem delongas e com esforço mútuo. 

O envolvimento de outros munícipes com a participação direta nos problemas é uma alternativa que está sendo buscada e precisa acontecer. É muito tranquilo para os prefeitos ter seus moradores sendo atendidos em Itaúna e não terem a responsabilidade necessária para com a entidade. A alegação de atendimento obrigatório pelo SUS é argumento válido, mas é preciso um sistema de cooperação que seja viável para todos. A iniciativa da prefeitura de Itaúna, por intermédio do secretário de Saúde e do chefe de Gabinete, em procurar os prefeitos das cidades que compõe a microrregião de saúde e argumentar sobre a melhoria dos serviços de atendimento e hospitalares com maior comprometimento dos seus municípios é muito boa, mas é um processo de longo prazo. A curto prazo o que é preciso é a participação financeira das prefeituras de forma mais efetiva e com valores que cubram parte dos serviços prestados. 

Em reunião com vereadores itaunenses, o vice-prefeito de Itatiaiuçu foi receptivo e se mostrou aberto a ajudar de forma mais efetiva financeiramente. Alegou querer maior participação dos municípios da microrregião nos destinos da instituição e chegou a dizer que um assento no Conselho de Curadores seria interessante. Não concordo. A instituição é do itaunense, doada por um itaunense e outros municípios não têm que participar de gestão. Se o povo da região é atendido aqui é porque não há opções em suas cidades e o sistema único impõe isso, mas “palpitar” em sistema administrativo não concordo. Mas é um caso a ser estudado. O posicionamento da representante do Ministério Público em não querer impor posições é, em minha opinião, equivocado. É momento do MP se posicionar, de determinar prazos e de possibilitar alternativas, como no caso da reforma estatutária. Que se faça a reforma aos poucos e possibilite alternativas.

E, para finalizar, acho que seria interessante a união de todos, autoridades e população, num trabalho de captação de recursos de forma mais constante. E uma das alternativas seria a doação de toda a população itaunense de recursos por meio da conta de água do SAAE. Não sei ao certo o número de hidrômetros no município, mas está entre 20 e 26 mil, com certeza. Se cada proprietário de residência, cada família, contribuísse com R$ 20,00, R$ 15,00 ou R$ 10,00, teríamos montante mensal suficiente para manter as contas do nosso único Hospital em dia e teríamos o atendimento à saúde em todos os níveis melhorado. A discussão está em aberto e é preciso solução imediata. A responsabilidade é de todos.