As artimanhas e a inteligência política

As artimanhas e a inteligência política

Com as eleições municipais agendadas para o segundo semestre, os partidos políticos começam a se organizar para estruturar a futura campanha, ao anunciarem os possíveis candidatos majoritários, que denominam pré-candidatos por causa da legislação eleitoral. Mas já há um forte movimento nos bastidores para a organização da campanha, tanto em nível de sustentação partidária como em estruturação interna e comercial, o que inclui propaganda, equipe, comitê, estrutura financeira, dentre outros. 

Mas o momento é mesmo o de observação em se tratando de ações internas, o que não quer dizer que as ações de bastidores continuem acontecendo de forma calculada e milimetricamente estudadas. Neste momento, muitas são as simulações de diálogos, conversas para garantir apoio futuro e ainda promessas, muitas promessas. Numa América Latina ainda muito atrasada em se tratando de educação, principalmente de formação política, pois ainda conta com ditadores nos países adjacentes e tendo uma América do Norte que tem o EUA como referência, mas países na mesma situação da nossa América, é impossível buscar uma democracia completa, aberta e estruturada, apesar de termos avançado muito nas últimas décadas. 

Portanto o momento pré-eleitoral, de pouco mais 4 meses, torna-se interessante para quem está no meio, pois ele é rico em observações de dentro das estruturas partidárias, do meio político num todo, para o jornalismo e, como tem que ser, para o cidadão, que precisa saber o que está acontecendo, pois é ele quem vai decidir lá na frente da urna e é quem vai acertar ou não na escolha, colhendo do não os frutos após a posse. A democracia é isso. 

Assim, busco no título deste editorial o momento nos bastidores quando os pré-candidatos, que necessitam de garantir os apoios e a sustentação básica para a futura campanha e o enfrentamento do pleito, começam um jogo que se equipara muito mesmo ao xadrez, em que a inteligência é primordial, mas, além dela, a eficácia em exercitar o cérebro na observação e na construção de objetivos acaba por produzir “artimanhas” para desviar a atenção dos adversários e buscar a atenção e o entendimento dos propensos aliados, dentre outras ações que são responsáveis pela construção de uma estrutura para a eficácia da disputa eleitoral que está começando a ser construída. Acho muito interessante como a construção acontece quase que naturalmente, pois a necessidade faz a força, mas o que sempre chama mesmo a atenção é como os pré-candidatos usam da mentira para tentar encaminhar as conversas conforme a conveniência. É de impressionar.

Como homens de imprensa e com a experiência de saber separar a verdade de mentira, achamos engraçado, mas, ao mesmo tempo, como já afirmado, interessante, pois o momento exige a “mentira construída”. Admitimos ser interessante a construção, não estamos afirmando que concordamos com mentiras e muito menos apoiamos, pois, após as etapas citadas, vem a campanha, e aí a verdade tem de ser o centro e o povo, o beneficiado com essa verdade, pois não se pode construir um governo baseado em falácias. 

E o momento aqui na terrinha é o de construir as candidaturas, os possíveis apoios e, mais que isso, de “aplicar as mentirinhas”, digamos, necessárias nos bastidores. Esta semana eu mesmo ouvi algumas por umas três ou quatro vezes, e depois fico rindo sozinho. Não sou político, mas sempre fui um observador próximo, que profissionalmente sempre precisou estar de dentro e por dentro de todos os acontecimentos pré-eleitorais a partir da estruturação, e é aí que começam as farsas, o jogo de xadrez, o engodo e as manipulações, e finalmente vêm as verdades, que se consolidam nas urnas com os resultados. 

E assim sendo, depois de passar por várias eleições municipais como observador profissional, e em algumas como partidário filiado e engajado, podemos afirmar que quem joga melhor, com inteligência, colocando os objetos como prioridade, em prol do povo, com um trabalho focado na melhoria da cidade, sendo visionário e probo, é quem vai ser escolhido. Não adianta tentar enganar o povo, este sabe o que quer, o que é preciso para o seu dia a dia e o de sua família, e mesmo aquele que não tem uma formação acadêmica e não sabe o que é política como formação humanística, mas cresceu sob o foco da honestidade, da família, da religião e do trabalho, sabe escolher, pois é sabedor que precisa sustentar a si e os seus e isso depende de ações diárias dos que estão no poder administrando as cidades em que vivem. 

A conclusão é a de que não existe mais o eleitor “burro” que vai à urna somente para cumprir uma obrigação eleitoral. Ele quer bons serviços básicos, quer seriedade, quer melhorias e principalmente respeito, que é o que mais falta por parte dos que estão aí exercendo a função pública de administradores das nossas cidades. Sem o respeito ao cidadão no todo, não se convence o eleitor, independente da faixa etária. Aí, aquela postura lá do título do editorial, que nomina duas palavras básicas que se transformam em ato contínuo utilizado pelos candidatos, precisa ser muito observada, pois deve-se tomar muito cuidado com as artimanhas da estruturação de candidatura e campanha e mais ainda saber como usar a inteligência em prol do bem, pois o eleitor que você pensa estar enganando já o entendeu. Cuidado, senhores candidatos.