Campanha eleitoral tem que ter “cheiro de povo”

Campanha  eleitoral  tem que ter  “cheiro de povo”




A eleição municipal está programada para o dia 6 de outubro e estamos a exatamente 44 dias de sua realização, porém ainda não vimos até aqui o início de fato da campanha de rua, visando mostrar o candidato e suas propostas. Já as redes sociais estão repletas de santinhos, dentre outras formas de fazer propaganda eleitoral conforme a lei. E o interessante é que as formas tradicionais de campanha estão e serão tímidas, pois, ao que parece, os políticos e seus marqueteiros já entendem que o eleitor já não necessita de ver e ouvir toda a “parafernália” usada nas campanhas até o início dos anos 2000, quando os abusos chegavam a ser intoleráveis nas ruas. Um dos exemplos desses abusos eram os “carros de som”, que percorriam as ruas 10, 11, 12 horas por dia, levando o nome e o número do candidato; os cartazes também eram usados até nos postes, onde eram colados, e os postes ficavam com um visual horroroso. Esses mesmos cartazes eram também pregados nos estabelecimentos comerciais. E os tradicionais “santinhos”, que ainda são muito usados para lembrar o eleitor, eram literalmente jogados e espalhados nas vias públicas de propósito, para que o cidadão-eleitor lembrasse de forma forçada dos candidatos. Isso acabou. E tinha que acabar mesmo.

O fato é que, com o passar do tempo, os candidatos observaram que o excesso e as consequências da publicidade forçada e desproporcional geravam uma propaganda negativa, e seus marqueteiros, então, buscaram formas, digamos, mais inteligentes de comunicação com o eleitor. E, assim, chegamos ao que estamos vivenciando, pelo menos até aqui. É evidente que vamos ter uma campanha de rua, com adesivos nos carros - o denominado adesivo citru - e vamos ter outras formas de propaganda visual, mas, em nossa opinião, o mais interessante e o que ainda faz o melhor efeito é mesmo a comunicação corpo a corpo, quando os candidatos vão até o eleitor em seus bairros e percorrem as ruas cumprimentando os moradores e explanando, via microfone, seus planos e compromissos. Essa é a melhor propaganda. É antiga, mas é ainda a mais eficaz, podem ter certeza. E, ao que parece, essa será usada somente na reta final.

E como tudo mudou mesmo na nossa Itaúna até o momento, não fossem as redes sociais e o corpo a corpo que os candidatos a vereador estão fazendo nas casas dos “conhecidos”, principalmente nas comunidades rurais e nos bairros, não saberíamos que já estávamos no período permitido para a propaganda eleitoral. Para se ter uma ideia, neste sábado é que está sendo definido, com os partidos e candidatos, a programação da campanha eleitoral no rádio e na TV. Ou seja, tudo mudou mesmo. 

Mas, por outro lado, se com as redes sociais você chega rápido ao eleitor, não se sabe ainda se a eficiência da velocidade é tudo. O fato de você ter ou chegar a milhares de seguidores com a sua propaganda ou ter outros milhares de acessos em suas postagens, não significa que seu recado está sendo acatado ou que ele teve o sim do eleitor. Fica o dito pelo não dito... pois abrimos nossas redes sociais e fazemos nossa opção por ler, ouvir e/ou assistir ou não, e ainda temos também a opção de avaliar ou não. É um risco. Mas, mesmo assim, é o que os candidatos jovens acreditam ser a nova e única comunicação eficiente hoje. Isso vamos ver após o dia 6 de outubro. E tem muitos candidatos a vereador por aí que estão trabalhando somente pelas redes sociais, e que já têm a certeza de que já ganharam, que serão mesmo vereadores, isso pelos números de acesso em suas contas. Será?

O que temos observado também é que, até o momento, em nossa cidade, vivenciamos uma campanha para prefeito que não teve início pelos motivos já citados, mas também por outros, como problemas pessoais e familiares vivenciados e também pela frieza com que o nome foi recebido pelo eleitor, que não o conhece e está estranhando a candidatura. E o candidato, estamos interpretando, já percebeu isso e parece ainda indeciso quanto à sua decisão, pois “foi longe para retroagir”. Ou então está consciente dos números e das possibilidades e sabe que vai é “jogar” seu nome na rua para o futuro. É a leitura que fazemos, pelo menos até aqui. Já escutamos de tudo, que o candidato, digamos, “desconhecido” do eleitor e que transita bem nas altas rodas pode até vir a ser um representante de Itaúna na esfera estadual ou federal, mas como prefeito, muito provavelmente, não será desta vez. É uma excelente pessoa, de boa família e que pode servir o município, sim, mas não tem ainda cheiro de povo e não sabe transitar por bairros como Morada Nova, Cidade Nova, Irmãos Auller, dentre muitos outros, onde está de fato o eleitor, aquele que decide e que é o que precisa dos serviços essenciais mais que a classe média/alta. 

Achamos que teremos uma campanha moderna e centrada nas redes sociais de um dos candidatos e outra também explorando as redes, mas priorizando o eleitor, pois esse candidato é que tem dados pesquisados e já passou por outras campanhas e sabe o que é política, administração pública e, mais que isso, sabe o que o povo quer e precisa, pois esse povo, além de uma cidade que funciona e presta serviços com qualidade, precisa de presença, carinho e, mais que isso tudo, necessita saber que o seu candidato tem o “cheiro do povo”. E podem falar o que quiserem, pois um deles, o que é político de fato, é jeitoso nesse aspecto, sabe falar, conversar ao pé do ouvido e, mais que isso, até aqui, cumpre o que promete. Não estou avalizando ou ainda assinando embaixo, mas acho que o povo pode mesmo confiar.