A Blindagem Tupiniquim das Barrancas do São João

A Blindagem  Tupiniquim das  Barrancas do São João

O nosso Legislativo é uma piada. Tenho a tranquilidade e, mais que isso, a certeza, mais que absoluta, que esta é a pior composição de Câmara Municipal de Itaúna dos últimos 45 anos. É uma vergonha! E não é por causa da diversidade das pessoas que formam essa composição – uma vez que o objetivo das Câmaras Municipais é a representação do povo, e assim é preciso que seja mesmo diversificada a representatividade, para que esse povo se veja no plenário exercendo o Poder que vai trabalhar em prol da sua cidade e, consecutivamente, das suas comunidades –, mas, até aqui, o que estamos vendo é uma atuação pífia e de péssima qualidade em se tratando do exercício do cargo.

Os nossos excelentíssimos vereadores, até aqui, não conseguiram mostrar a que vieram, não conseguem mostrar um trabalho consistente conforme os objetivos do Legislativo, optando por uma atuação unilateral, politicamente falando. Só conseguem enxergar o trabalho político atrelado ao poder Executivo e não há, até aqui, um ato que se possa afirmar ser de ação exclusiva do Poder Legislativo. Individualmente, a atuação é abaixo da média e o que observamos é que não há vontade, estudo das leis básicas e muito menos da Legislação Municipal.

A maioria do Plenário está preocupada com picuinhas e com “trocadilhos”, e não conseguiu entender que é preciso fiscalizar sem propósitos políticos, atuar sem dependência partidária e buscar as demandas para cobrar do Executivo sem as amarras que são inerentes ao modo brasileiro de legislar, ou seja, do “toma lá dá cá”. A verdade é que o eleitor itaunense votou mal, talvez até mesmo por falta de opção ao chegar à frente das urnas.

Na reunião da terça-feira, 23, quando, pela primeira vez, precisou de uma ação do plenário e do posicionamento individual dos 17 membros, o espetáculo oferecido foi de uma “coalisão muito bem administrada” pelo excelentíssimo senhor presidente da Casa de Leis, que se tornou mestre nisso, sabendo como ninguém “escorregar entre os problemas e não resolver nenhum, mas acabar com todos eles em um passe de mágica”. Ou seja, consegue enrolar todo mundo... E mais uma vez enrolou, e bem, decidindo nos bastidores, no gabinete, e usando a sua Procuradoria politicamente, para encerrar um pedido de cassação bem fundamentado no Regimento Interno, mas que foi derrubado, porque as articulações de gabinete suplantaram a postura necessária a cada parlamentar como representante da comunidade no plenário. Ou seja, blindaram um colega, passaram as mãos na cabecinha do Excelentíssimo Senhor Guilherme Rocha, digníssimo representante do povo. 

Tudo bem que não seja ainda a hora de cassar o mandato de qualquer vereador por atos considerados menores até aqui. É evidente que, se ultrapassados os limites, não vai haver articulação política ou blindagem que supere, pois há a ação do Ministério Público e da Justiça. Mas, mesmo que o momento ainda não seja para cassar, a postura dos Excelentíssimos Senhores Vereadores deveria ser de legisladores, e não de bando, de grupelho, aglomerado e/ou... de legisladores, porque o pedido estava fundamentado e não tinha como ser contestado em se tratando de lei. É verdade que é direito desses mesmos vereadores agir politicamente, mas aí pergunto: vão agir assim em todas as ações impetradas? Ou vão agir conforme os interesses políticos de dois ou três? Ou vão continuar agindo porque não podem contrariar o par, porque tiveram que fazer negociata com ele e agora estão amarrados até o pescoço e não podem exercer o que exige o cargo, e ainda têm que convencer a maioria dos pares, “fazendo curvas e atropelando” a legislação vigente? 

É de assustar como estamos representados. Como já frisei, acho que ainda não é o momento de cassar o tal Guilherme Rocha, representante legal do povo, pois foi escolhido, votado... Mas acho que ele deveria ter uma lição, e essa lição seria a aprovação do pedido de Cassação, o trabalho da Comissão de Ética e consecutiva criação da Comissão Processante, para que ele tivesse de provar que não agiu de má fé e que é, na verdade, um fanfarrão sem noção, que não sabe o que está fazendo na cadeira que ocupa, agindo como age nas ruas, mesmo sendo um representante legal do povo. O vereador em tela precisa de um “puxão de orelha” e, na oportunidade que os seus pares tinham de fazer isso, para mostrar que o Legislativo itaunense é formado por pessoas sérias, escorregaram, não tiveram postura e muito menos se importaram com a repercussão. Apenas quiseram proteger o “coleguinha de legislatura”, com medo de que, individualmente, o mesmo pudesse acontecer com eles no futuro. 

Cheguei a ouvir de vereador que afirmou que votou contra porque já sabia que a decisão tinha sido “costurada” no gabinete da presidência. Ora, e daí? Isso não muda postura ética e muito menos vergonha na cara. Outro literalmente escorregou, alegando que tinha processo contra o acusado, ora, em minha opinião, isso é um motivo a mais para ter votado favorável. Enfim, mais uma vez, afirmo, acho que não é momento e ainda não há motivos suficientes para cassar o mandato do pimpolho, mas é fato que ele tinha que responder pelos seus atos, sendo condenado de alguma forma, seja com uma reprimenda, com um afastamento temporário... 

Quanto à maioria que votou contra, sei o porquê, e eles também sabem. É o velho ditado popular, que cabe bem na situação da semana, que, no meu olhar, foi uma blindagem bem ao estilo tupiniquim, pois, daqui pra frente, quero ver como o Senhor Antônio de Miranda, vulgo Toinzinho do Seu João, (o nosso Hugo Mota Tupiniquim) vai agir se um vereador tirar a roupa nos corredores da Câmara ou no Plenário, aliás, isso está quase acontecendo, pois de calção já vão pra lá. Se um vereador arrombar a porta do gabinete de outro, porque até “bosta” já passaram em fechadura, se quebrarem as vidraças das portas ou se quebrarem o decoro parlamentar novamente... Mas, como tenho dito: Virou uma Casa de mãe Joana. É como dizem popularmente: uma zona, onde tudo pode. Mas isso é porque, na beirada do chiqueiro... culê, culê, tudo é porco. Vergonha!