Nada resolvido - Prefeitura repassa mais R$ 3,3 milhões ao Hospital

Médicos marcam nova paralisação para dia 20/12 se “exigências não forem atendidas”. Repasse da Prefeitura é adiantamento de janeiro e dezembro mais duodécimo da Câmara

Nada resolvido - Prefeitura repassa mais R$ 3,3 milhões ao Hospital


Prefeito reuniu imprensa em coletiva na tarde da quinta-feira, 1º de dezembro, para informar que foram feitos repasses aos Hospital de mais R$ 3,3 milhões. Este montante se refere ao adiantamento dos pagamentos do Plantão 24 Horas referentes aos meses de dezembro de 2022 e janeiro de 2023 e mais R$ 600 mil de duodécimo que a Câmara devolveu ao Município. Esse dinheiro foi repassado com o compromisso do Hospital de fazer o pagamento dos salários atrasados dos médicos plantonistas, num total de R$ 1,7 milhão, e quitação de outras despesas. Com isso, a paralisação dos atendimentos que havia sido anunciada para o dia 29 de novembro, está agora marcada para o dia 20 de dezembro, conforme ata dos médicos divulgadas nas redes sociais na tarde da mesma quinta-feira.

Conforme esta ata, divulgada em parte por médicos que participaram da reunião, “fica oficializada a paralisação dos atendimentos não urgentes no pronto-socorro a partir do dia 20/12/2022 frente ao não cumprimento das exigências”. Antes desta afirmativa a ata relata que “com o silêncio do Hospital e também com a falta de informações aos trabalhadores prejudicados” é que a decisão de paralisar os atendimentos não urgentes foi tomada. Com isso, a população itaunense poderá passar as festas de final de ano apenas com atendimentos de urgência e emergência no Hospital “Manoel Gonçalves”.

“Desvestir um santo para vestir o outro”

O dito popular serve bem à situação anunciada pelo prefeito na coletiva convocada com a imprensa. A Prefeitura fez o adiantamento dos pagamentos referentes aos meses de dezembro e janeiro para que os salários atrasados desde o mês de agosto sejam quitados. Assim vai faltar recursos para a quitação dos salários dos médicos referentes aos meses citados, pois eles foram antecipados para cobrir o rombo anterior.

Na entrevista o prefeito foi bastante claro de que a intenção do encontro era “separar as responsabilidades”, como esclareceu. “O Hospital não é público, é de uma fundação privada. A obrigação da Prefeitura é manter o atendimento primário da saúde e o pronto-atendimento. Existe uma desinformação muito grande na sociedade”, asseverou. Com o prefeito, participaram do encontro os secretários de Finanças, Valter Amaral, da Saúde, Fernando Meira, e a vice-prefeita, Gláucia Santiago.

O prefeito disse ainda que a Prefeitura tem feito “todo o possível para ajudar” o hospital e relatou que, se em 2016 foram feitos repasses de R$ 1,1 milhão de recursos próprios e mais R$ 11 milhões de recursos vinculados (repassados pelos governos estadual e federal), em 2021 esses valores foram de mais de R$ 15,9 milhões de recursos próprios e mais de R$ 30,8 milhões de recursos vinculados. E destacou o crescimento de cerca de 15 vezes do montante repassado ao Hospital pela Prefeitura, em recursos próprios do Município, no ano passado.

Gestão profissionalizada é a saída

Em vários momentos de sua fala e também em respostas aos questionamentos da imprensa, o prefeito apontou a contratação de uma empresa especializada para fazer a gestão do Hospital como a saída para a crise. Lembrou que o estatuto prevê um conselho de 46 pessoas que escolhem três delas para fazer a administração, de forma voluntária. Afirmou que esse sistema é de cerca de cem anos e que está ultrapassado, vendo a necessidade de contratação de uma administração especializada, com urgência.

Sobre essa questão, voltou a citar que no próximo dia 5, em reunião com o Conselho Comunitário da Fundação Casa de Caridade Manoel Gonçalves, vai pedir a autorização para fazer esta contratação. Citou que está em contato com empresas e nominou uma delas, a Fundação Francisco Xavier, que é ligada à Usiminas e que pode ter interesse em assumir a administração do Hospital de Itaúna, já que os funcionários da empresa em Itatiaiuçu são atendidos pelo Hospital Manoel Gonçalves.

Consórcios poderiam ajudar na manutenção do Hospital

Sobre o futuro, ele coloca o interesse da Prefeitura em bancar um programa de incentivo, com contratação de serviços por parte das prefeituras da região, através dos consórcios de saúde. “Existindo a contrapartida em serviços, estamos prontos a participar de um programa de incentivos que gere arrecadação para a manutenção do Hospital. Os consórcios de saúde (citou os dois aos quais a Prefeitura de Itaúna é associada) têm interesse em contratar serviços hospitalares, porém o Hospital tem que estar com as portas abertas a isso e uma administração profissional é o caminho indicado”, afirmou.

Secretário aponta questões a serem resolvidas com o MP

O secretário de Saúde, Fernando Meira, apontou questões que precisam ser solucionadas com mais agilidade por parte do Ministério Público. Ele citou, por exemplo, a questão da mudança necessária no estatuto que permita ao Hospital receber verbas a partir de destinações na declaração do IR das empresas, e que neste ano não é mais viável. “O MP precisa ser mais parceiro nestas questões”, disse ele.

Sobre a busca de ajuda junto aos governos federal e estadual, o prefeito Neider Moreira afirmou que, em relação ao âmbito federal, “temos um governo que acabou antes de acabar o mandato e precisamos esperar o governo eleito tomar posse para propor os diálogos. Em relação ao governo estadual, temos tido um bom retorno e, inclusive, informo, em primeira mão, que conseguimos uma UBS – Unidade Básica de Saúde para a comunidade das Peixotas. Serão mais R$ 1,3 milhão para instalarmos esta unidade”, concluiu.