Como ter políticos melhores?

Como ter políticos  melhores?

Acompanhei nesta semana, via online, uma audiência pública na Assembleia Legislativa, que tratava de questões da MG-050 e os muitos problemas no entorno desta rodovia, que precisam de uma ação efetiva do Governo. O problema da falta de obras, de ações do governo estadual que possam diminuir um pouco dos gargalos não se restringe a esse trecho que circulamos cotidianamente, de Belo Horizonte até Divinópolis. Esses problemas se estendem desde aqui, e vão até a divisa com São Paulo, um pouco depois de São Sebastião do Paraíso. E se estendem pelas vias que a cortam, ao longo de toda sua extensão. Prefeitos, vereadores e lideranças da região Sudoeste do Estado, que motivaram o encontro, desfilaram por muito tempo os vários problemas existentes. E não são diferentes dos que aqui enfrentamos, como a necessidade de alargamento da pista e construção de acessos a Santanense, ao Distrito Industrial e ao aterro sanitário. Muitos os problemas e nenhuma solução, pelo que se vê. Técnicos enviados a esses encontros, com conhecimento profissional, mas sem nenhuma condição de decisão, explicam, esclarecem, mas mantém-se os gargalos.

No debate ouvi do vereador itaunense, Rosse Andrade, aliás o único político da região que compareceu ao encontro, que “as pessoas precisam parar de ver só o que é bom para elas, e olhar mais o que é necessário para a população”. Falou isso no sentido de que “pessoas”, são os políticos com mandato e, por conseguinte, com poder de decisão, como governadores, prefeitos, deputados, senadores e até vereadores, e nada fazem. Há muito não ouvia tamanha verdade, especialmente vinda de um membro do grupo que estava sendo criticado. Rosse simplesmente colocou às claras que a maioria dos políticos age conforme seu interesse pessoal. O prefeito daquela cidade não questiona o govenador, cobrando uma obra, porque faz parte do grupo político daquele governante e vai precisar dele mais adiante em uma eleição futura. O deputado não cobra a obra, porque o governador é do grupo político dele e, se cobrar, estará “fortalecendo o inimigo”. O vereador não questiona o prefeito, porque senão pode perder o emprego que arrumou para aquele cabo eleitoral e, consequentemente, perder os votos.

Vi, nesta fala do Rosse, uma oportunidade para que os políticos detentores de mandato repensem suas atitudes. Não é porque nas eleições estavam no mesmo grupo, enfrentando os mesmos adversários, que tudo que for feito pelo prefeito, o vereador deve concordar, e vice-versa. O mesmo deve acontecer na relação de prefeitos e governadores, deputados, senadores... Afinal cada um deles, independente do cargo que ocupam, foram eleitos com os votos do povo e prometendo atuar em consonância com as demandas colocadas por este povo. “As pessoas precisam parar de ver só o que é bom para elas!” Esta frase deve ser traduzida para: “os políticos precisam parar de agir apenas nos seus interesses”. Eles têm a obrigação de, em primeiro lugar, defender os interesses da população, na sua maioria. Só depois é que podem abrir exceções para fazer defesa de grupos definidos, talvez. A ajuda que o empresário deu na campanha não é maior do que o voto que o cidadão destinou ao político. É hora de o político entender isso e, mais que isso, de o cidadão tomar conhecimento de que o seu voto representa muito e passar a cobrar a representatividade que ele tem, para a sobrevivência dos políticos.

Porque, uma certeza deve-se ter: antes do dinheiro, do poder, político vive é de voto. E se ele não estiver correspondendo, tirem-lhe os votos. Quando passarmos a fazer isto, teremos políticos melhores. 

* Jornalista profissional, especialista em 

comunicação pública e membro da Academia 

Itaunense de Letras – AILE, sendo titular da cadeira 26.