Os moradores de rua. Ufa! Um tema sem fim?

Itaúna sempre foi uma cidade diferente da maioria do nosso estado e do país. Aqui as coisas que parecem difíceis tornam-se fáceis, e as fáceis tornam-se difíceis. Mas, em terra onde ainda o domínio é de grupos, o fato se explica. Não é mesmo? O interessante é que, quando chamada à responsabilidade, a comunidade é quem literalmente “pega o boi pelo chifre” e acaba desprezando o fator citado acima, que poderia prejudicar o avanço de determinados projetos. Exatamente o problema de grupos mandatários, que são os responsáveis pelo choque de opinião e o travamento dos projetos, inclusive, os sociais. Mas este ponto positivo da comunidade de se expressar, reunir e tomar frente das situações emergenciais que o poder público vai postergando por não achar uma saída imediata foi importante no passado, por exemplo, para as campanhas para a construção do asilo, Apac, centros de recuperação, dentre outros, nos setores da saúde, da religião, do lazer etc.
Acho que chegou a hora de mais uma mobilização dessa comunidade. O assunto desta vez é a situação que envolve toda a cidade com os denominados cidadãos em situação de rua. Em minha opinião, se a comunidade, por meio de suas representações, mais uma vez, não assumir a frente para impulsionar projetos para retirar os moradores de rua das nossas praças, monumentos e marquises, vamos, cada vez mais, ter que conviver com a sujeira, insegurança e sendo importunados com pedidos constantes em nossas portas e esquinas. Podem até achar que estou errado, sendo preconceituoso ou até mesmo exagerando, mas não há outra solução. Ou a comunidade assume ou a situação permanece. Não creio que o poder público vá conseguir êxito na retirada destes cidadãos dos espaços públicos, porque envolve muitos fatores, inclusive, de inclusão social, dentre muitas outras. Para mim, os argumentos usados pelos detentores do poder, como o Secretário de Segurança Pública, não são suficientes para acabar com a situação estabelecida por displicência das administrações passadas. Argumentar que não se pode obrigar o cidadão a sair da cidade, a aceitar uma internação para tratamento de dependência química, dentre outras alternativas, é, em minha opinião, empurrar o problema. É preciso ação imediata. Como? Com policiamento ostensivo 24 horas, diálogo todas as noites, com argumentos fortes e incisivos, e, mais que isso, a construção de um sistema que seja eficaz.
E há que se registrar também que o número de infrações tende a aumentar, e isso já é perceptível. É verdade que não chega a ser alarmante, mas pode acabar agravando-se num curto espaço de tempo se as devidas providências não forem tomadas. Pois bem, é momento das entidades representativas se unirem com os administradores da nossa cidade para juntos buscarem as soluções. E estas irão aparecer naturalmente diante do espírito de luta e da já demonstrada mente cooperadora do cidadão itaunense.
Começar por onde? Acho que o problema começou e persiste por não existir uma política pública específica para o social num todo, e o principal: um local adequado para alojar os nominados moradores de rua temporariamente, ou seja, uma casa de passagem. Então por onde começar? Acho que devemos começar envolvendo todas as classes e suas representações, todos os clubes de serviços, a maçonaria... Enfim, todos. É necessário construir uma base de pensamento, para depois partir para a ação. Se já deu certo outras vezes, vai dar de novo. E o interessante é que temos terrenos disponíveis, como o da Granja São José, por exemplo. Vão achar que estou louco, porque uma escola funciona no lugar. Mas uma construção na imensa área da instituição poderia abrigar essa casa de passagem, sim. Esta temeridade em misturar fruta sadia com fruta podre é pura bobagem! Ou, então, que se adeque o prédio do lactário e o transforme em um centro de reabilitação e acolhimento, e depois encaminhe os moradores de rua para as suas cidades ou outros destinos. Chegaremos à conclusão de que o caminho é por aí. O ônus existe e a sociedade bem como os órgãos públicos estão sufocados.
Os 12% do imposto de renda! Uma alternativa a ser trabalhada e a semente lançada. Para o próximo ano, é hora de arregaçar as mangas e envolver os setores importantes da sociedade, como a CDL, a ASCINDI, os sindicatos, as igrejas, a Justiça, o Executivo, o Legislativo e as ONGs, para alavancar uma ampla campanha para conscientizar o cidadão de que o imposto de renda que ele paga pode ficar diretamente aqui, sem passar pelas mãos do Governo Federal. Se isso for bem explorado, com certeza, teremos o problema do dos moradores de rua solucionado em pouco tempo. Se construímos uma casa de passagem e soubermos explorar os centros de reabilitação existentes na cidade, subsidiando-os para que trabalhem com os itaunenses que estão na situação de dependência química e, consequentemente, vão para as ruas, em pouco mais de um ano.
O movimento precisa ser aberto, apolítico e, principalmente, simples. Digo simples, porque o projeto do nosso Secretário de Segurança Pública é muito complicado para colocar em prática, pois demanda muito tempo e trabalha com conscientização com quem não sabe e não quer saber o que é isso, exatamente o morador de rua. Não se deve esquecer que o básico para deslanchar o “projeto moradores de rua” está na orquestração da campanha de se doar 12% do imposto de renda a ser recolhido pelas pessoas físicas. Como exemplo podemos citar: um contribuinte que recolhe anualmente R$ 10.000,00 poderá doar R$ 1.200,00 de uma só vez ou em parcelas. Esse valor será automaticamente descontado do valor devido. Mesmo o contribuinte que sempre tem restituição terá o valor a ser restituído acrescido do valor equivalente a 12% do importo de renda devido.
Seria muito dinheiro! Resolveríamos não só o problema dos moradores de rua, como também teríamos dinheiro para construir fábricas para menores infratores trabalharem, escolas-modelo, para dinamização da Granja Escola, para melhorias no orfanato e quem sabe até sobraria para o Hospital Manoel Gonçalves! Basta querer! E o cidadão itaunense tem esta vantagem, quando quer, consegue. Como brasileiro, sabe dar um jeitinho... E muito bem!