Venceu o diálogo e o bom senso. Teremos uma nova realidade no P. S.

Na edição número 1640, do dia 21 de junho passado, meu editorial abordou o verdadeiro “filme de terror” visto por mim ao atravessar o pronto-socorro do Hospital Manoel Gonçalves. Fiquei tão assustado que não tive como relatar o que vi e ainda chamei à responsabilidade o poder público e até mesmo a administração do Hospital, que sempre defendi. A situação tinha que ser resolvida de forma urgente, independentemente de como. Ou o poder público cumpria com as suas obrigações, pois o pronto-socorro é de sua responsabilidade, ou a Provedoria buscaria formas de o Ministério Público intervir na questão, para que a situação, que considero caso humanitário, se resolvesse e o cidadão, que precisa dos serviços no pronto atendimento, tivesse um mínimo de conforto e a certeza de que seria atendido como gente, como cidadão que paga impostos ao Município, mesmo que seja pouco, mas todos pagam IPTU, água e esgoto e mais alguns...
Nos últimos 15 dias, além da situação caótica no pronto-socorro, outro problema começou a atormentar a Provedoria da Casa de Caridade, pois o contrato do pronto-socorro com o Município terminava e o secretário de Saúde já havia anunciado que proporia um contrato emergencial, de seis meses e sem nenhum reajuste. Sem alternativas, pois os serviços prestados pelo Hospital já estavam dando prejuízo, o provedor afirmou que não assinaria a renovação nas condições propostas, pois não poderia assumir R$ 3 milhões de prejuízo no final do contrato, e procurou o Ministério Público para expor a situação. Discussão pra lá e pra cá, com o tempo jogando contra, pois o contrato expiraria na quinta-feira, dia 10 de julho, acabou que o bom senso prevaleceu e a atuação política de um vereador tornou-se fundamental para que as partes entrassem em um acordo, buscando cada uma, principalmente o poder público municipal, enxergar que o povo necessita do atendimento do pronto-socorro e que a saúde no município é de sua total responsabilidade.
Independentemente de o Hospital ser mantido por uma instituição de cunho filantrópico, mas “particular”, se, amanhã, a situação chegar a um estado de insolvência, quem vai arcar com a sequência dos serviços é o Município. Então esta coisa de “o Hospital é um saco sem fundo”, “é preciso baixar custo”, “é necessário rever o fluxo de caixa”, “é preciso rever a administração”... é uma bobagem. O que todos nós precisamos fazer é trabalhar em prol de uma prestação de serviços de qualidade na saúde, e isso só será possível se todos se unirem. É importantíssimo que todos estejam de um lado só. Neste momento, não pode haver oportunismo político, e muito menos aquela postura de “fui eu” ou “ele não fez e não faz nada”...
Repito, e vou repetir quantas vezes for preciso: de quem é a culpa então? Do poder público municipal? Das empresas milionárias, que poderiam estar contribuindo mais, direcionando seus impostos para a filantropia? Dos nossos políticos, que, em sua grande maioria, querem é apenas aparecer e, na hora de “pegar o boi pelos chifres”, fingem que não é com eles? Ou de todos, inclusive, da população, que não se posiciona com movimentos e protestos para pressionar em busca de uma solução, e vai sobrevivendo do que lhes oferecem? Ou seja, o povo se contenta com pouco, acha que tudo está bom, inclusive, ser tratado sem dignidade nenhuma no atendimento à saúde.
É revoltante assistir a uma situação de emergência como a do pronto-socorro do Hospital. Não tem como “tapar o sol com a peneira” e não vou fazer isso. Vou cobrar solução e ela terá que vir a qualquer custo. Não tenho tribuna para fazer discurso, não tenho mesa com câmeras para “dar tapa” e fazer bonito, mas sou cidadão itaunense, tenho minha voz e minha caneta para provocar e cobrar. O povo itaunense não pode continuar sendo tratado como qualquer um, é lamentável chegar a dizer isso, mas será que estão cientes de que estão lidando com seres humanos? Não parece.
Se pedi desculpas aos dirigentes do Hospital no editorial que levantei a situação, agora vou bater palmas mais uma vez, primeiro por ter terem conseguido, através do diálogo, resolverem a questão. As pessoas que estão à frente da instituição são ilibadas, as conheço, honestas e comprometidas, mas do jeito que está não pode continuar. Não quero saber de onde virão os recursos, mas tem que aparecer, e a situação no pronto-socorro tem que ser observada, modificada e, mais que isso, tem que estar apta para receber gente. Não é estar preparada para receber “animais”, como parece estar, pois, mais uma vez, reafirmo que o lugar mais parece uma pocilga. A expressão é forte. Mas é a realidade, e não consigo passar por cima do que vi e principalmente penso. É lamentável, mas é a mais pura realidade. Infelizmente.
Mas, se as afirmativas da Provedoria são verdadeiras, acredito que sim, teremos um novo pronto-socorro. Um lugar para atender gente. Com mais conforto, higiene e, mais importante que isso, calor humano. Até agora não tem.
O que sei é que uma situação como a que vi na segunda quinzena do mês passado não pode continuar: o pronto-socorro municipal não pode lembrar uma “pocilga” e nós não podemos ser confundidos. Posso afirmar, sem nenhum medo de errar, que o que vi é pior que cena de filme de terror. É preciso ação rápida para melhorar as condições precaríssimas. E ontem tive a notícia de que isso vai acontecer. O provedor do Hospital, Antônio Guerra, me afirmou que está dependendo somente da liberação de um projeto arquitetônico pela Prefeitura, para que o pronto-socorro seja ampliado, para que, então, a ocupação dos corredores e a “mistura” de enfermos no P. S. termine. E disse ainda que o P. S. vai dobrar de tamanho e que a situação a que eu assisti vai ter um fim em breve. Amém!