Tropeçando na beleza...

Tropeçando na beleza...

Início de tarde de sexta-feira, a primeira de julho. Muito fria. O sol não quis sair por completo e os termômetros parece que ficaram com preguiça de marcar temperaturas mais elevadas. Eu, subindo a Rua Antônio de Matos, para chegar à Praça e ir à Vitamina do Alexandre tomar um cafezinho e prosear um pouco. Até porque a gente sai de Itaúna, mas Itaúna não sai da gente e é sempre bom saber o que acontece e não acontece por estes lados. Logo que a vista alcançou a Praça, tropecei na beleza de um Ipê rosa, florido majestosamente, apesar do descaso com a Praça, a poluição dos veículos que passam ao lado e nem notam a sua presença.

Eu, por minha vez, parei e fiquei ali, embasbacado, com tamanha beleza. A nossa Praça, nossa, porque é do povo e, mesmo que já nem moremos mais aqui, apesar da falta de cuidados, sempre nos demonstra que é possível ter beleza. As flores, despencando do alto do Ipê, formando aquele tapete rosa no passeio, no gramado, nos caminhos, demonstra que bastaria um pouco de cuidado. As pedras, o asfalto, podem ganhar contornos de beleza, basta plantar o Ipê rosa, ou amarelo, ou branco, ou uma árvore outra, por perto.

Quanto bem nos faz à alma o contato com uma imagem dessas... Deu vontade de ficar ali, a tarde toda, olhando e até conversando com o Ipê, costume, aliás, que preciso cultivar mais vezes, pois é bom para o espírito, pois a natureza é mais sábia que o homem. Sem o Ipê, suas flores, aquela “esquina da Praça” seria apenas mais uma. E a Praça continuaria feia, aliás, como tem ficado nos últimos anos, após administrações passadas e que ainda não apresenta melhor expectativa com a atual. 

Tomara que eu esteja enganado e que a Praça da Matriz de Itaúna seja reformada, volte a ser linda como já foi. Mas que nenhuma árvore seja cortada, mesmo a despeito de estudos técnicos. E que aquele Ipê permaneça ali, florindo todo ano, para nos embelezar a vida, como aconteceu comigo na tarde desta sexta-feira, 4 de julho. Deu vontade de ser poeta, como os confrades Lysias, Phonteboa, Mikael, Roma, Celina e tantos outros que agora não me vêm à mente, para compor um poema para aquele Ipê. Valeria muito a pena!

* Jornalista profissional, especialista em 

comunicação pública e membro da Academia 

Itaunense de Letras – AILE, sendo titular da cadeira 26.