É assustador! Parece cena de filme de terror

É assustador! Parece cena  de filme de terror

Nas últimas semanas, fiz o que há anos não precisei fazer: frequentar o Hospital Manoel Gonçalves todos os dias, pelo menos duas vezes, pela manhã e à tarde. Internada em ala de plano de Saúde, o tratamento foi adequado, bem prestado e eficiente em todos os sentidos. Mas como, por força da profissão, sempre temos um olhar diferente para um todo, as observações mais detalhadas não escaparam aos nossos olhos. 

Sabemos dos esforços dos que estão à frente da nossa Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa, pessoas que não ganham nada para estar ali e dedicam seu tempo em prol da população, pois, se não for assim, todos, sem exceção, ricos e pobres ficarão sem os primeiros socorros e também sem os tratamentos de longo, médio e curto prazo. O nosso Hospital funciona, posso afirmar isso com precisão, e funciona muito bem. Podem criticar, mas a eficiência médica, hospitalar e de atendimento é muito mais expressiva do que as deficiências.

Porém uma coisa me chamou a atenção e me deixou aterrorizado, e, sinceramente, acabei por ter uma noite mal dormida... Por duas noites, não consegui sair do Hospital antes da portaria principal fechar, às 20 horas, e fui obrigado a passar pelo Pronto Socorro ou Pronto Atendimento, e, confesso, ainda estou estarrecido pelo que assisti até vencer a porta de saída. Sei que o período é muito complicado, com uma superlotação por causa das doenças respiratórias, gripes, acidentes, fraturas e todos os tipos de enfermidades. Mas o que vi não pode continuar. É desumano. Já no início da última rampa, que dá acesso ao corredor principal e que está sendo usado para abrigar pessoas em observação com inúmeras macas, você assusta, pois a “mistura” é muito grande e você vê idosos no soro, senhoras e senhores com macas lado a lado, e jovens sentados em macas usando celular, ao mesmo tempo que enfermeiras transitam socorrendo um e outro. É muita gente quase que amontoadas. Ao ultrapassar esse corredor adaptado de forma grosseira, ou melhor, não há adaptação, apenas o encheram de macas, você visualiza os casos que acabaram de chegar e passaram pelo check-in e estão no aguardo do atendimento médico. É muita gente. E, ao passar pelo corredor, é possível observar as salas de atendimento com macas lado a lado, com as pessoas misturadas nos atendimentos. 

Sinceramente! É deprimente, mais que isso, é também constrangedor, pois sabemos que ninguém ali tem culpa da situação e todos estão se esforçando para dar o melhor de si para prestar o melhor atendimento possível e salvar vidas, pois chega gente com todo tipo de problemas a todo minuto. Mas uma coisa é certa, a situação não pode continuar como está, é preciso solução urgente e não importa como essa solução virá. Mesmo que algum órgão público tenha que se dedicar mais, é preciso resolver a questão. O cidadão, povo, não pode ser tratado como qualquer coisa... É isto mesmo, o que testemunhei por duas vezes na semana atrasada e na passada é uma verdadeira cena de filme de terror. Não vou usar uma palavra mais forte, porque não posso expor o cidadão itaunense a tal ponto. Mas a verdade é que o lugar parece um... Infelizmente.

E de quem é a culpa? Do poder público municipal? Das empresas milionárias que poderiam estar contribuindo mais, direcionando seus impostos para a filantropia? Dos nossos políticos, que, em sua grande maioria, querem apenas aparecer e, na hora de “pegar o boi pelos chifres”, fingem que não é com eles? Ou de todos, inclusive, da população, que não se posiciona com movimentos e protestos para pressionar em busca de uma solução, vai sobrevivendo do que lhe oferecem? Ou seja, o povo se contenta com pouco, acha que tudo está bom, inclusive, ser tratado sem dignidade nenhuma no atendimento à saúde. 

É revoltante assistir a uma situação de emergência como a do pronto-socorro do Hospital. Não tem como “tampar o sol com a peneira” e não vou fazer isso. Vou cobrar solução e ela terá que vir a qualquer custo. Não tenho tribuna para fazer discurso, não tenho mesa com câmeras para “dar tapa da mesa” e fazer bonito, mas sou cidadão itaunense, tenho minha voz e minha caneta para provocar e cobrar. O povo itaunense não pode continuar sendo tratado como qualquer um, é lamentável chegar a dizer isso, mas será que estão cientes de que estão lidando com seres humanos? Não parece. 

Peço desculpas aos dirigentes do Hospital, pessoas que conheço, honestas e comprometidas, mas do jeito que está não pode continuar. Não quero saber de onde virão os recursos, mas tem que aparecer, e a situação no pronto-socorro tem que ser observada, modificada e, mais que isso, tem que estar apta para receber gente. Não é estar preparada para receber “animais”, como parece estar, pois o lugar mais parece uma pocilga. A expressão é forte. Mas é a realidade, e não consigo passar por cima do que vi e principalmente penso. É lamentável, mas é a mais pura realidade. Infelizmente.