Boatos são de que o SAAE pode ser privatizado

Denúncia do ex-vereador na Câmara se baseia em comentários das redes sociais. Reportagem apurou e direitor da autarquia e prefeito negam e rechaçam a possibilidade

Boatos são de que o  SAAE pode ser privatizado

Na reunião da terça-feira, 4, o ex-vereador de Itaúna Geraldino de Souza Filho, o Mirinho, levantou uma questão que vem sendo comentada em grupos de WhatsApp e em outras redes sociais, além de bate-papos em esquinas: a possível privatização do SAAE. O tema, que foi bastante comentado na administração passada, mas que não se efetivou, volta à agenda dos grupos políticos itaunenses. O comentário mais forte é de que o atual diretor do SAAE, que é um profundo conhecedor da autarquia, seria alçado à condição de vereador, ocupando a vaga de Giordane Alberto, já que Nilzon é o primeiro suplente do PR. Procurado pela reportagem Nilzon disse que há muito trabalho a ser feito no SAAE e que não é momento de se discutir isso. Acrescentou que tem uma missão, que é a de melhorar e ampliar os serviços oferecidos à população, e quer cumpri-la.

A mudança não teria sentido uma vez que, primeiro, Nilzon não é favorável à privatização da autarquia. A FOLHA entrou também em contato com Mirinho, para saber dele qual a fonte da informação. Mirinho disse à reportagem que o tema vem sendo comentado em vários grupos de redes sociais que ele acompanha e, ainda, que ouviu falas de algumas pessoas sobre o assunto. “De oficial, de uma fonte exata, não tenho nada, mas resolvi apontar a questão, porque, nas últimas semanas, o assunto vem sendo muito comentado e, como diz o ditado que ‘onde há fumaça, há fogo’, resolvi levar o assunto para o debate”, disse Mirinho.

Outras fontes sobre o tema

A reportagem apurou que, nos vários grupos de políticos da cidade, o tema ganhou força nos últimos dias. Uma primeira análise é a de que, como o trabalho realizado pelo Governo de Minas, liderado por Romeu Zema, para privatizar a Copasa, ganha corpo, outros serviços de saneamento municipais podem seguir o mesmo rumo.

O SAAE foi bastante prejudicado nas administrações passadas, sofrendo o que se define como sucateamento, conforme apontam pessoas que conhecem a autarquia. Nos dez primeiros meses da atual administração, muita coisa já foi recuperada, mas se confirmarem os boatos e os olhares tiverem se voltando para a possibilidade de privatização do SAAE? É sabido que o faturamento da autarquia, com serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto, além da coleta e destinação dos resíduos sólidos, movimenta recursos da ordem de R$ 70 milhões ao ano.

“Sendo terceirizado, esse faturamento pode subir consideravelmente, visto que uma administração privada vai visar lucro”, comentou um político sem mandato ouvido pela reportagem sobre o assunto. E completou: “A estrutura está montada, o mercado tem a reserva de atuação... dificilmente uma empresa daria o lucro que o SAAE pode dar a investidores”.

Sendo real, ou apenas boatos, o problema é que o assunto volta à baila e, como disse Mirinho, “onde há fumaça, há fogo”. Portanto é importante que as lideranças da cidade estejam atentas à possibilidade. Principalmente após o encaminhamento da privatização da Copasa, que tem avançado na Assembleia de Minas.

Reportagem ouve o diretor do SAAE, Nilzon Borges

Procurado pela reportagem, Nilzon Borges, diretor da autarquia, disse que não acredita na possibilidade de privatização. Ele frisou que é totalmente contra a privatização e que ouviu do prefeito que isso não é verdade e que o SAAE não será privatizado. Além disso, afirmou que há investimentos da autarquia a serem feitos e que são importantes para a cidade. O diretor afirmou ainda que, nos últimos dez meses, a preocupação foi a restruturação da autarquia e a efetivação dos serviços essenciais com qualidade e presteza, e que, a partir do início do próximo ano, será momento de realizar as obras necessárias na área de saneamento, recuperando o que foi “destruído”, o que já está “vencido” com o tempo e, principalmente, ampliando a área de atuação. Nilzon foi enfático sobre a privatização: “Não acredito nisso”.