Nos falta representatividade. Isso é fato

Nossa história política mostra que, pelos idos de 1765, chamado povoado de Sant’Ana do Rio São João Acima até 1901, quando da emancipação, nossa hoje Itaúna sempre teve importância política, levando-se em conta a sua representatividade na chamada Assembleia Provincial, hoje Assembleia Legislativa. Nossos historiadores narram que, em meados de 1877, já tínhamos representatividade na Assembleia Provincial e que, em 1901, Senocrit Nogueira, presidente do nosso então Conselho Distrital, equivalente hoje à Câmara Municipal, assinou um apelo da população, dirigido à Assembleia, pedindo a emancipação do distrito de Sant’Ana do Rio São João Acima, separando-o de Pará de Minas. O apelo foi transformado na Lei 319, que emancipou o município em 16 de setembro de 1901. Graças também aos esforços do deputado itaunense Dr. José Gonçalves de Sousa, que foi quem lhe deu o nome de Itaúna. A partir daí, Dr. Augusto Gonçalves de Sousa assumiu o cargo de presidente da Câmara e então a Vila de Itaúna foi elevada à categoria de cidade pela Lei 663, de 18 de agosto de 1915, e a Comarca, em 24 de janeiro de 1925.
A introdução, com dados do livro Centro Oeste Mineiro, do historiador e itaunense ilustre Dr. Guaracy de Castro Nogueira, mostra muito bem o prestígio e a representatividade de Itaúna no final do século XIX e início do século XX, se estendendo por todo o século passado. Tivemos pelo menos 32 deputados, alguns secretários de Estado, ministro e nomes importantes que defenderam os interesses do município no Estado e na União. Mas, com o tempo, o espaço ocupado por Itaúna no cenário político mineiro e brasileiro foi reduzindo aos poucos e passamos a depender dos “deputados de aluguel”, dos representantes dos municípios vizinhos, como Divinópolis e Pará de Minas, dentre outros. E é evidente que um deputado, seja ele federal ou estadual, de outra cidade vai defender primeiro os interesses dela, e somente depois é que vai levar os interesses das outras até os governos maiores. Com isso, Itaúna começou a ver seus anseios nas áreas da indústria, educação, saúde e infraestrutura serem relegados em segundo plano, e outras cidades da região serem beneficiadas, pois seus representantes pleiteiam, estão presentes nos gabinetes oficiais, negociam com os governadores e ministros e brigam por melhorias e verbas para os serviços essenciais.
E isso é fato, e tanto o é que estamos aí, com pleitos sendo relegados a segundo plano, por mais uma vez não termos representantes nas duas casas de leis, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. Aí está o ponto da questão. Entendemos que nenhum deputado vai trabalhar para dividir o “bolo” de sua cidade base. Então nos “enrolam” e o motivo é só um: os deputados de outras regiões e que têm colégio eleitoral majoritário em outros centros não vão trabalhar por Itaúna porque ela é bem administrada, porque o prefeito é seu amigo e muito menos porque tem um colégio eleitoral expressivo, pois sabe que o voto será dividido. Assim, também não vão investir com verbas expressivas, vão direcionar as migalhas para manter os “votinhos”.
Posso até concordar com um político nosso, experiente e hoje administrador público, que me afirmou que melhor a opção de apoiar nomes fortes em nível federal, porque o montante de recursos pode ser proporcional ao número de votos destinados a ele. E também comungo da sua opinião, que é a de que não vamos, mais uma vez, eleger ninguém nos dois níveis.
O que temos que levar em consideração é que a nossa Itaúna está acéfala de representatividade em nível estadual e federal. Não temos políticos nos lugares certos e temos uns poucos que acham que têm alguma importância no cenário mineiro e brasileiro. Doce ilusão, o prestígio deles não passa da curva do “Morro Grande”. Não temos representatividade e temos de ficar literalmente de “pires na mão” pedindo favores e sendo “enrolados”, porque os interesses políticos dos deputados que buscam votos aqui são conflitantes com os nossos. Essa é a nossa realidade. E são por essas e outras é que temos que pensar muito ao votar nas próximas eleições. Precisamos pensar coletivamente, para que Itaúna possa voltar a ter a pujança política de outrora e, assim, conseguir viabilizar seus pleitos maiores para o bem-estar da população. É preciso responsabilidade com o voto, para que possamos cobrar dos nossos políticos eleitos compromisso com a cidade e seu povo, e, para isso, é necessário que tenhamos representatividade em Brasília e Minas Gerais. Temos nomes viáveis disponibilizados, mas precisamos votar certo. Votar pensando em Itaúna num todo, para que tenhamos a capacidade de resolver nossas demandas. Não podemos continuar dependentes de políticos de Divinópolis, Pará de Minas e Belo Horizonte. Em outubro, é preciso que seja de itaunense para itaunense. Mas é preciso saber escolher, temos pretensos candidatos que já mostraram para que e por que vieram em outras ocasiões. Estes não podem continuar na política, pois pensam somente no umbigo. Assim, que tenhamos bom senso no ano que vem.