Amigo é “coisa” pra se guardar...

Amigo é “coisa”  pra se guardar...

Algumas pessoas passam, como se fossem coisas. Outras ficam “coisificadas” na nossa memória, que quase dá para pegar, tão presente se mostram ao longo de nossa vida. Isso porque representam para nós algo de bom.

Assim posso descrever a minha relação de amizade com o jornalista José Waldemar Teixeira de Melo, que conheci por volta de 1983/84, por meio do jornalista Renilton Gonçalves Pacheco e do seu primo Cássio Murilo Araújo. Aliás, foi este último que me apresentou “oficialmente” o Zé, como o chamávamos.

Trabalhei com ele na “Folha do Oeste”. No “Plus”, na “Folha de Pará de Minas”, quando ele estendeu o título até aquela cidade, e também na “Folha de Oliveira”, comandada pelo Renilton Pacheco. Na “A Semana” de Divinópolis. Depois, fui mais longe, quando ele me levou para a Pirapora, atuando na “Folha de Pirapora”, depois ampliada à “Folha do Vale do São Francisco”. E, nesse meio tempo, em Brasília, na editoração de publicações do entorno da Capital Federal. 

Fui coordenador da sua campanha de deputado, na segunda metade da década de 1990, se me recordo bem, quando conheci um político diferente da maioria. Lembro dos ensinamentos desse período, em que ele afirmava que preferia perder o voto a prometer algo que não poderia cumprir. Tempos de muito aprendizado.

E também foi de ensinamento da parte dele, e de aprendizado de minha parte, as lições de jornalismo, sempre aos domingos pela manhã. Tive muitas aulas de jornalismo nos bancos da Praça da Matriz, quando ele e o professor Aniz Leão recortavam artigos, notícias e me explicavam o porquê de se abordar um tema de uma forma diferente do que estava na maioria daquelas publicações. Cheguei à faculdade, em 2001, certamente mais bem preparado do que estaria.

Me deu aulas de geografia e história, nas viagens a Pirapora. Lembro de um dia, em Brasília, indo à agrovila de São Sebastião, eu entretido na leitura de jornais e ele dirigindo. De repente, parou o carro e perguntou: “Você conhece bem Brasília?”. Ante a resposta negativa, ele, então, pegou os jornais, jogou no banco de trás do carro e falou para eu prestar atenção em cada detalhe, em cada informação que ele me dava, pois o jornal eu poderia ler mais tarde. Ele era assim. Professor na prática cotidiana. Um detalhe qualquer podia gerar uma aula inteira, de redação, de gramática, de geografia, de história, de sociologia...

Aprendi diagramação com ele. Aquela diagramação antiga, de quando se “desenhava” as páginas do jornal, antes de as matérias estarem digitadas, usando de cálculos matemáticos. Escrever uma notícia de forma objetiva... tantos ensinamentos repassados, por amizade e crença de que estava formando um bom profissional.

E esta relação com o professor, jornalista, advogado, amigo, José Waldemar Teixeira de Melo também me faz compreender o que o poeta disse na canção: “Amigo é coisa pra se guardar/Debaixo de sete chaves/Dentro do coração”.

Tenha um bom descanso, lá em cima, onde sabemos que continuará repassando lições. Até um dia, Zé!