Toinzinho vitimista e o colapso emocional da Presidência da Câmara

Toinzinho vitimista e o colapso  emocional da Presidência da Câmara

O Presidente da Câmara, Toinzinho, deixou de surpreender a cidade com sua dificuldade de lidar com a transparência. A cada nova rodada de debates sobre a CPI da Omissão, repete-se a mesma cena: o desconforto crescente, o semblante que se altera, a impaciência que escapa antes mesmo da primeira palavra. É um ciclo que se transformou em marca registrada. Deixou de ser acaso e passou a ser diagnóstico.

O que chama atenção não é apenas a irritação visível de Toinzinho sempre que a investigação toca sua gestão. O que incomoda a cidade é perceber que o Presidente se comporta como parte interessada, e não como servo do processo legislativo. Em vez de assumir a postura serena que o cargo exige, ele reage com impulsividade, como se qualquer pedido de apuração fosse ataque pessoal. A fronteira entre o público e o privado desaparece, e a Presidência, que deveria ser farol de equilíbrio, se converte em palco de tensão.

A pergunta que ecoa entre vereadores e cidadãos é simples: por que um Presidente seguro de suas ações reage com tanto incômodo a uma investigação que, em tese, não o atingiria? A resposta, embora ele evite admitir, se torna evidente em cada uma de suas atitudes. Quem não teme a verdade não teme o processo que a revela.

Basta recordar a sessão recente em que o tema foi mencionado: o tom descontrolado, a oscilação emocional, as interrupções intempestivas, o corte arbitrário de microfones, a irritação diante de vereadores que apenas solicitavam o cumprimento do Regimento Interno. A cena era reveladora. A Câmara deixou de parecer espaço de debate democrático e se tornou cenário em que o próprio Presidente travava uma batalha contra seus impulsos.

Essa postura compromete a imagem da instituição. Pior; produz desvio evidente de finalidade. Quando Toinzinho reage antes de ouvir, e ataca antes de compreender, ele instrumentaliza a estrutura da Câmara para fins pessoais. É esse tipo de atitude que levanta suspeitas legítimas na população. Não se trata de prejulgamento. Trata-se de constatação: a conduta do Presidente valida o receio de que há algo a esconder: justamente o oposto do que se espera de quem lidera um Poder.

Mais grave que isso: ao tentar demonstrar força, Toinzinho expõe sua maior fragilidade. Um Presidente que se desequilibra diante de simples questionamentos revela insegurança política e incapacidade institucional. Quem perde o controle diante da menção a uma CPI mostra que a transparência é ameaça, não princípio. Ameaça à transparência é democracia doente.

A cidade precisa de um Presidente que respeite o contraditório, que compreenda a natureza fiscalizatória do Legislativo e que consiga diferenciar crítica de ataque. Toinzinho, no entanto, tem demonstrado dificuldade até mesmo em cumprir o papel básico da Presidência: moderar o debate sem contaminação emocional. A cada vez que tenta impor silêncio, corta microfones ou altera o tom de voz, ele confirma não apenas que teme a CPI, mas que teme o que ela pode expor.

É preciso dizer com clareza: ninguém pediu que o Presidente da Câmara goste da CPI. Pede-se, apenas, que cumpra a lei. A CPI não existe para constrangê-lo; existe para apurar fatos. Se esses fatos lhe incomodam, o problema não está na CPI. Está naquilo que ela pode revelar.

A cidade observa e registra. E na próxima sessão, todos estarão atentos ao comportamento de Toinzinho: se ele repetirá o padrão de irritação, interferências indevidas, tumulto emocional e discursos inflamados. Ou se, finalmente, compreenderá que sua função exige serenidade. 

Se Toinzinho mais uma vez perder a linha, ficará evidente que o maior obstáculo à transparência não é a investigação em si. A reação do Presidente à simples existência dela que é. E a cidade começará a concluir, com desconforto, que a CPI da Omissão talvez nem precise revelar muito: Toinzinho já revelou quase tudo, pela maneira como se comporta.

Quando a verdade ameaça, o medo aparece. E no caso do Presidente da Câmara, esse medo já se tornou impossível de esconder.