HOMICÍDIO? - Dono de clube de tiro é encontrado morto
Muito mistério e poucas informações cercam o caso. Além da morte, estabelecimento foi roubado e autores afirmam que “tudo não passou de um acordo”
Na madrugada da quarta-feira, 3, a Polícia Militar foi acionada para comparecer a um local, nas margens da MG-050, (o local não foi especificado pela PM em momento algum) onde fora encontrado o corpo de um homem, já sem vida. No local, os policiais apuraram que se tratava de Migiber Filipe Fernandes, proprietário de um clube de tiros e de um estabelecimento de comercialização de armamentos em Itaúna. Conforme os registros policiais, o homem estaria com uma arma na mão. Não foram encontradas perfurações no seu corpo e apenas uma marca na sua cabeça que poderia indicar a ação de um golpe, o que poderia ter causado sua morte. No local onde o corpo foi encontrado, foi apreendida uma pistola calibre .38 TPC Taurus, intacta, além de R$ 1.599,00 em dinheiro, e o veículo da vítima, uma Toyota Hilux preta.
Em seguida ao encontro do corpo, policiais foram até a loja de armamentos da vítima, localizada na Avenida Jove Soares, onde foi constatado o que foi tratado inicialmente como furto de dezenas de armas e munições. Porém foi constatado que não houve arrombamento e que as câmeras de monitoramento do local teriam sido desativadas. A polícia então conseguiu informações de que um veículo Chevrolet Ônix ficou parado em frente à loja durante várias horas, durante a noite e madrugada.
Com esse indício e a atuação de várias equipes policiais, o veículo foi localizado no município de Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Ônix estava estacionado próximo da residência de um suspeito, que foi abordado, quando saía da casa, em uma caminhonete. No interior dessa caminhonete, foram encontradas munições de calibre .380, 9mm e .40.
A prisão dos suspeitos na cidade de Ibirité
Com esse homem preso, os policiais foram até um imóvel no Bairro Durval de Barros, em Ibirité, onde funcionaria uma empresa. No local, uma mulher autorizou a entrada da polícia. Com um funcionário do local, em um dos cômodos do imóvel, foi encontrada uma pistola 9mm sobre uma mesa. Em seguida, os policiais encontraram um depósito, onde foi localizado em um armário, um fuzil 5,56, espingarda 12, carabina .38, revólveres .38 e .357, pistolas .380 e 9 mm, além de centenas de munições de diversos calibres.
No quarto do casal, no mesmo imóvel, foram encontradas mais armas, dentre elas pistolas 9 mm e .40, além de R$ 6 mil em dinheiro. Mais uma pistola .380 foi localizada dentro de um sofá. Em outro armário, foram localizados uma pistola calibre .22, seis caixas de munição calibre 12 e uma caixa contendo R$ 47.076,00 em dinheiro.
Mais armas e uma versão nova
Ainda durante as buscas, aos policiais, um outro homem informou que recebeu duas bolsas com armas para guardar na sua casa, no Bairro Bela Vista, na mesma cidade. No local indicado, os policiais apreenderam 41 armas que teriam sido furtadas em Itaúna, escondidas embaixo da cama. Esse homem disse que as armas seriam usadas para abrir um clube de tiro em Ibirité, segundo seu patrão. E que ele esteve em Itaúna, na noite anterior, para transportar o material. O veículo teria sido alugado, a pedido do homem que seria o chefe da operação, por um terceiro, e que não foi informado da finalidade do uso do veículo.
Após todos esses indícios, o homem que é apontado como líder da operação, admitiu o furto, mas contou a seguinte história: o empresário Migiber Filipe Fernandes teria com ele uma dívida de cerca de R$ 200 mil. Então combinaram a retirada das armas, que seriam vendidas, e, com o dinheiro apurado, a dívida seria paga. Assim, eles foram juntos à loja de armamentos e pegaram as armas, com o empresário itaunense fornecendo a senha do cofre e desligando os equipamentos de vigilância. O trio também não assume a autoria do homicídio de Migiber Filipe Fernandes, negando veementemente que tenham contribuído para a morte do empresário.
Apreensão de quase 60 armas
O trabalho conjunto da PM, envolvendo diversas Agências de Inteligência, equipes ROTAM, equipe Tático Móvel do 48º BPM e militares da 9ª Cia. PM Ind., prendeu os três suspeitos, de 34, 30 e 29 anos, na cidade de Ibirité. E apreenderam as armas que foram levadas da loja de armamentos de Itaúna, que são: 17 pistolas G2C calibre .38; 8 pistolas GX4SC calibre .38; 1 pistola 58HCP 380; 1 pistola 59S 380; 1 pistola TH380 380; 4 revólveres RT889 .38; 1 revólver RT45SA .45; 1 revólver RT838 .38; 1 pistola CZ3035 6,35; 4 pistolas GLOCK G25 380; 1 pistola GLOCK G17 9mm; e 1 pistola GLOCK G19 9mm.
Também foram apreendidas mais 15 armas que, aparentemente, não estão dentre as furtadas em Itaúna: 1 fuzil cal 5,56; 1 carabina PUMA; 01 espingarda calibre 12; 3 revólveres não especificados; e 9 pistolas, também não especificadas. Além das armas, foram apreendidas munições de calibres diversos: 380, .38, .40, 9mm, 5.56, cal 12; diversos carregadores; R$53.076,00 em dinheiro; cinco aparelhos de telefone celular; um par de algemas; e dois veículos, sendo a Hillux Prata e Chevrolet Onix azul.
Linhas de investigação
A reportagem teve acesso a informações que apontam várias linhas de investigação para o caso. Além da versão apontada pelos suspeitos, de que as armas seriam retiradas por meio de um furto “armado” e negociadas para quitar a dívida do empresário, outros caminhos estão sendo observados. Um deles seria o envolvimento de grupos criminosos para o desvio das armas, com simulação de furto. Também é necessário que a causa da morte de Migiber Filipe Fernandes seja definida, como homicídio ou morte por outra motivação. Caso se constate homicídio, é preciso definir a autoria, visto que os envolvidos presos negam um assassinato.
A versão de envolvimento de grupos criminosos para o desvio de armas fica mais forte quando se analisa os antecedentes do empresário itaunense. Fontes informaram que, em 2023, Migiber foi preso em flagrante em uma operação que interceptou a negociação de um arsenal com grupo criminoso, conforme apontado à época. A prisão aconteceu no dia 2 de fevereiro de 2023, quando o empresário, segundo as informações, foi preso com as armas que seriam entregues a um traficante da região do Alto do Rosário.
Na ocasião, uma mulher, então com 26 anos, se apresentou espontaneamente à polícia e disse que as armas eram dela. Eles foram presos, levados para a Delegacia de Polícia, quando pagaram fiança e responderam ao processo em liberdade. Naquele dia, foram apreendidas as seguintes armas e munições: uma pistola Glock calibre 380; uma pistola Taurus Tx22; duas pistolas G2C calibre 9mm; um revólver Taurus calibre 38; um revólver Taurus calibre 357; um TS9 Taurus calibre 9mm; uma pistola Taurus G3C calibre 9mm; uma carabina Rossi calibre 357; uma carabina Taurus CTT .40; um rifle Cbc calibre .22; um rifle Cbc calibre .22 com Red Dot, Bipé e Luneta; uma espingarda CBC calibre 12; 99 cartuchos intactos calibre 12; 291 munições intactas calibre .357; 737 munições intactas calibre 9mm; 550 munições intactas calibre .22; 200 munições intactas calibre .380; 300 munições intactas calibre .40; e 300 munições intactas calibre .38.







