UPA não é única necessidade para a saúde dos itaunenses

UPA não é única  necessidade para a  saúde dos itaunenses




Recentemente acompanhamos o debate nas campanhas eleitorais sobre a necessidade de implantação de uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento. Do debate veio a confirmação de que o serviço virá para Itaúna, independente de quem seja o eleito. Pelo lado do candidato que está à frente nas pesquisas, por exemplo, ele já até protocolou o pedido da unidade para acelerar os trâmites, com a garantia de um senador e deputados federais de que a UPA vem para Itaúna. Porém, é preciso ir um pouco além nesta questão e discutir sobre as demais necessidades dos itaunenses na área da saúde. Realmente a UPA é uma necessidade, visto que Itaúna carece de iniciativas de ampliação do atendimento médico que não pode se concentrar apenas no Hospital Manoel Gonçalves.  A cidade já conta com mais de 100 mil habitantes e está afunilada em relação ao atendimento na saúde, ao Hospital que assumiu a operação do Plantão 24 Horas, criado em 1990 pelo então prefeito Osmando Pereira, e que foi levado para as dependências do Hospital), além da Policlínica “Dr. Ovídio”. Ainda no século e milênio passados, o então prefeito Francisco Ramalho detectou que a cidade precisava de um novo hospital, dando início ao sonho do “Dr. Ovídio”. Aí veio o Osmando, criou o Plantão 24 Horas, que atendia no prédio do INPS (hoje INSS) e começou a erguer o hospital, que o Ramalho deixou na obra de fundação (alicerces). Vieram depois os PSFs, a ampliação dos postos de saúde e de atendimentos no então “Hospital Dr. Ovídio”. Depois, levaram o Plantão 24 Horas para o Hospital “Manoel Gonçalves”, que passou a funcionar como pronto-socorro, até para ampliar a capacidade de arrecadação da Casa de Caridade, mantenedora do Hospital. Depois, deu-se início a uma verdadeira centralização dos serviços de saúde, lá no local que foi rebaixado de “hospital”, para “policlínica”, mantendo apenas a homenagem ao “Dr. Ovídio”. Até os gabinetes dentários nas escolas e os trailers odontológicos foram sendo eliminados e o atendimento da área também passou lá para a “Policlínica”, hoje denominado Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas (CEMO). Na verdade, o que aconteceu foi um retrocesso no atendimento médico dos itaunenses. Para se conseguir um atendimento nos PSFs, conforme reclamações, “e um deus-nos-acuda”. É preciso muita paciência e, por vezes, interferência de políticos que fazem carreira como “marcador-de-consulta-médica”. Obter um atendimento médico em Itaúna, hoje, é coisa para quem tem “amigo no poder” ou muita paciência para entrar na fila de espera. Uma saída é ir ao Plantão 24 Horas, ou acionar o SAMU, isso nos casos de emergência, porque se for direto ao Plantão 24 Horas – que deveria ser acionado só nestas ocasiões – vai ter que aguardar na fila. Assim, o Plantão passou a ser buscado para as consultas antes realizadas nos postos de saúde e PSFs e o SAMU, para socorrer às emergências e urgências. Na Policlínica está centralizada toda a operação que deveria ser feita de maneira mais descentralizada. Quem está gripado, com uma dor de barriga, tossindo, se esperar atendimento no PSF ou posto de saúde, vai demorar semanas ou até meses. Aí, corre para o Plantão 24 Horas. Com isso, o Plantão fica congestionado. Aí, nos casos de urgência ou emergência, o jeito é apelar para o SAMU. O problema é que, quem está doente, acha que o seu caso é mais urgente do que o do outro, até com uma certa razão. Com isso, o SAMU também é sobrecarregado. Vindo a UPA, é preciso desconstruir esse sistema, senão a UPA, o Plantão e o SAMU vão ficar congestionados e o problema continuará existindo. É preciso que os PSFs e postos de saúde passem a atender os casos não urgentes, sem a necessidade de acionar a Policlínica. Aquela pessoa que está gripada, com uma indisposição estomacal, com uma dor leve, deve ser atendida no posto de saúde, no PSF... A Policlínica, como o atual nome já define, ficaria com o atendimento nas especialidades. Por exemplo, com a gripe curada, o paciente pode esperar uma consulta por algumas semanas para fazer uns exames mais aprofundados e saber o motivo de adoecimento constante. Era assim, há alguns anos. Centralizar todos os atendimentos na Policlínica e no Plantão 24 Horas acaba ocasionando sobrecarga até para o SAMU e fará o mesmo com uma UPA. Dores leves, mal-estar, gripe, o atendimento pode feito nos postos de saúde. Consultas com especialistas, aí seria na Policlínica. Urgência e Emergência, aí deve-se buscar o Plantão 24 Horas, o SAMU e, no caso futuro, a UPA. Com certeza, isso melhoria o fluxo de atendimento na área da saúde e diminuiria a insatisfação com o serviço, como vemos hoje. E neste atendimento primeiro, nos postos, poderia entrar a nossa Faculdade de Medicina, em parceria com a Prefeitura, dando assim a oportunidade de a universidade assumir a sua porção “de Itaúna”, que tanto orgulho traz aos itaunenses. Ouvi do candidato a prefeito, Gustavo Mitre, em conversa com o pessoal da área da cultura, na semana passada, que ele quer ouvir as pessoas e que vai escolher secretários que possam criar soluções, buscar alternativas para solucionar os problemas. Esse pode ser o caminho. Alguém que busque o simples para solucionar o complicado. Fica a dica. Senão, a UPA vai ficar sobrecarregada, assim como estão o Plantão 24 Horas e o SAMU. Se duvidam, perguntem a quem trabalha nestes locais, ou acompanhe o dia a dia no atendimento da saúde itaunense.

* Jornalista profissional, especialista em 

comunicação pública e membro da Academia 

Itaunense de Letras – AILE, sendo titular da cadeira 26.