Na narrativa da Netflix, o “caldo entornou”
Olha, começo este editorial indignado. E tenho motivos para estar mesmo nesse estágio, nessa condição, pois sou cidadão itaunense. E basta isso. Começo afirmando que o que assisti na Câmara na terça-feira, 18, em uma reunião ordinária, é de um absurdo tão grande que não merecia sequer comentários, mas, além de cidadão que quer uma cidade próspera, organizada e principalmente decente para se viver, tenho que mostrar, como profissional do jornalismo, que hoje temos um bando. É isto mesmo, um bando de moleques eleitos por nós que fazem de uma reunião ordinária semanal, onde se deveria estar discutindo os problemas e os projetos importantes para a cidade, um circo grotesco e sem graça. É impressionante como alguns que estão ali conseguem, com frieza e gestos de que “Não me atingem. Sou o fodão”, transformar calculadamente os atos e os fatos na tentativa de criar uma narrativa controversa, atingindo todo mundo e tentando se safar para se tornar o “bonitão da bala Chita”. É uma vergonha. Não consigo encontrar outro adjetivo a não ser mau-caratismo de alguns. Uns dois ou três. Porque os outros, se também não estão trabalhando como deveriam, pelo menos não estão fazendo jogadas para prejudicar a imagem de pessoas, famílias e companheiros de plenário.
Faz meses que tenho chamado a atenção para o que vem ocorrendo no nosso Poder Legislativo, onde as “coisas não se encaixaram até o momento”. Já são onze meses de mandato e até agora não há produtividade em prol da população. Qual o projeto discutido com seriedade, e principalmente profundidade, de estudo pelos Senhores Vereadores? Nenhum. Qual lei discutida com seriedade pelos Ilustríssimos que teve destaque até aqui? Nenhuma. Estão preocupados em produzir cenas de cinema para jogarem nas suas redes sociais, que acham ser o caminho para suas pretensões. Ledo engano. O povo sabe quando está sendo enrolado e sabe separar o joio do trigo. Olha lá se já não separou. E olha que faltam mais três anos de mandato. E, entre um, dois ou três que têm intenção de se tornarem políticos de verdade, porque ser vereador não é ser político, é representar a comunidade e não passa disso, nenhum tem condições para tal. Pelo menos ainda.
Mas, independentemente disso, o que aconteceu na Câmara é inadmissível. Não pode ocorrer em hipótese alguma. E, já que aparentemente não temos um presidente em condições de comandar a Casa como deveria, com “rédeas curtas” e pulso firme, que renuncie... E se faça uma nova eleição, pois não é aconselhável que o vice assuma, pois, apesar de bom caráter e honesto, é, em minha opinião, um desmiolado, digo, instável, digo, doido, na acepção da palavra. Então estamos, como diriam os mais populares, “num mato e sem cachorro”... “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come...”. É, pois é...
E ainda no assunto Câmara Municipal, outro assunto precisa vir a público e ser explicado pela presidência. É a contratação oficial para prestar serviços de imprensa exclusivamente para vereador. Se existe, explicar e pronto. Mostre que está legal e vamos nos calar. Se não conseguir explicar, que tome as providências necessárias para estabelecer, primeiro, a legalidade e, depois, a situação política que levou a isso. Simples assim.
Vamos então para outro tema, já que os anteriores (pelo menos um) não têm solução até as próximas eleições municipais. E como as cenas de cinema não podiam ficar somente no Poder Legislativo, outros poderes também resolveram produzir cenas controversas, ou seja, na narrativa da Netflix. A Polícia Militar, como já citei no editorial passado, resolveu que a FOLHA não pode ter acesso aos Boletins de Ocorrências Policiais, os populares BOs, para publicação. O que ocorria há 21 anos. Segundo o novo comandante do destacamento da cidade vizinha, onde a FOLHA é o único jornal a circular regularmente, os resumos das ocorrências em destaque – observe a palavra destaque, um destaque deles – vão ser feitos pela P5 em Itaúna e serão colocados no grupo da imprensa. Ou seja, da imprensa que não circula lá, e então as notícias de lá vão circular aqui... Ou seja, nada a ver. Mas pior que isso é a censura escancarada imprimida pelo comando da Companhia Independente à imprensa itaunense. Toda ela, que é obrigada a participar de um grupo se quiser ter acesso às “informações” diárias dos BOs. Os em destaque. Entendeu? Uma censura ilegal e que infringe artigos constitucionais. Os documentos são públicos e está claro na Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD, em seu artigo 4º, item II, letra “a”, que “notícia não se enquadra nas proibições da citada lei”: “Art. 4º: Esta Lei (LGPD) não se aplica ao tratamento de dados pessoais: (...); II - realizado para fins exclusivamente: a) jornalístico e artísticos”. É preciso deixar bem claro: ESTA LEI – a Lei Geral de Proteção de Dados – NÃO SE APLICA ao tratamento de dados pessoais REALIZADO PARA FINS EXCLUSIVAMENTE JORNALÍSTICOS!
Assim, como se pode constatar, mesmo com a lei em nosso favor, estamos tendo que literalmente aturar uma censura em pleno 2025, e praticada por uma instituição séria, que é Polícia Militar de Minas Gerais. E, como se não bastasse tudo isso, a imprensa itaunense – que, somada, deve compor-se de cerca de 12 órgãos, entre jornais, rádios, TV e portais, legalmente constituídos, com documentação registrada de jornalistas e nos órgãos competentes e sindicatos de classe – decidiu, no início da semana, redigir um editorial e publicar em conjunto para demonstrar o descontentamento com a situação vivenciada na Cidade Educativa do Mundo, inclusive, na Câmara, onde desconfia-se que estão produzindo conteúdo de forma ilegal, com a aquiescência da presidência da Casa, que pode estar mancomunada com algum vereador predileto por força maior. Resultado: o editorial está publicado na página 03, mas, infelizmente, assinado por três órgãos de comunicação: A FOLHA, o Portal VIU e a Rádio SOL. O restante, não teve a dignidade de mostrar a cara, só rosna às escondidas e em grupelhos de fofocas, mas, na hora do vamos ver, viram cordeirinhos. Não vou dar nomes aos bois, porque não há necessidade. É lamentável. É a nossa Itaúna dos Zé Goelas e dos Coroné! Isso vai acabar não?





