Vereadores e advogado quase saem no tapa em plenário

Envolvidos deixaram os argumentos civilizados de lado e baixaram o nível na Câmara

Vereadores e advogado quase saem no tapa em plenário


O nível parece mesmo não estar dos melhores no meio político, nos últimos dias. Se em Brasília os deputados chegaram às vias de fato, com tapa na cara e muitas ofensas, em Itaúna só não chegamos aos tapas, mas as ofensas não faltaram. O problema aconteceu na reunião ordinária do Legislativo, na terça-feira, 19, quando servidores da Prefeitura e o advogado da Viasul, Jardel Araújo, foram convidados a falar aos edis sobre o pedido de subsídio. O projeto não estava em votação, devido à falta de pareceres e à entrada de emendas apresentadas pela vereadora Márcia Cristina. Mas a fala dos convidados foi mantida. Durante as falas de representantes da Prefeitura, foi tentado o convencimento aos vereadores de que “a única saída é conceder o subsídio”, mas parece que os argumentos não foram, adiante.

A palavra foi passada para o advogado Jardel Araújo, que é o representante da Viasul atualmente, depois de ter sido procurador-geral do Município. Sobre o advogado, políticos alegam existir “conflito de interesses”, pelo fato de ele ter ocupado o cargo de procurador, além de ser marido da atual secretária de Desenvolvimento Social e ter um irmão contratado em cargo de confiança, na Prefeitura. Talvez por estas afirmações que circulam nos corredores, a fala do advogado não foi pautada na tranquilidade. Ele afirmou, na sua fala, após várias críticas a posições de vereadores que “o MPMG é favorável ao subsídio” e, em seguida fez algumas críticas a vereadores, devido ao que alegou, de “falta de compreensão por parte daqueles que se dispuseram a tratar o tema (com ele)”. 

Mai adiante ele deu uma ‘cutucada’ nos vereadores Kaio Guimarães e Ener Batista. Disse o advogado, depois de afirmar que existia (na Câmara) a prática de se “fazer política barata e totalmente desprovida de embasamento”, completou dizendo que “na verdade, utiliza-se de veículo da própria Câmara, para fazer viagens particulares... enfim, isso aí está noticiado, está no MP, está pra todo lado, inclusive pode até ser objeto de cassação, não sei...”. Neste momento o vereador Kaio, que teve denúncia contra ele de usar veículo da Câmara para participar de encontro político de campanha de reeleição do ex-presidente Bolsonaro, pediu “palavra de ordem”. O presidente da Mesa, Nesval Júnior, informou que não tinha sido citado o nome dele (Kaio) na fala, que permanecia com Jardel Araújo. A partir daí teve início uma discussão e acabou a reunião.

O vereador falava de um lado, com ofensas ao advogado afirmando que Jardel estava “nervosinho” porque não ia ter o subsídio e o advogado respondia. Inclusive ironizando, aplaudindo o vereador. Jardel chegou a dizer que “quem quiser carro, é só falar (com Kaio)”. E o clima foi esquentando, até que Nesval não teve outra saída que não fosse encerrar a reunião. Mas as ofensas continuaram. Ao se levantar para sair, Jardel foi cercado por Kaio e Ener. Outros vereadores e pessoas presentes interviram, segurando as partes. Por pouco não chegaram às vias de fato.

E como fica a questão?

Alguns vereadores, como a edil Márcia Cristina, afirmam que não há mais chances de aprovação do subsídio. A vereadora chegou a gravar vídeo com informações de que “neste ano não dá mais para votar” e que “no ano que vem esse projeto não pode ser votado”, com a alegação de se tratar de ano eleitoral, em 2024. Foi lembrado por outros edis, por exemplo, que o ano legislativo se encerrou naquela data e que os vereadores só voltam à ativa em fevereiro de 2024.

Porém, informações de bastidores são de que o prefeito quer que o projeto seja colocado em votação, ainda nesta última semana de 2023, mesmo sabendo que não consegue os votos necessários para aprová-lo. Porém, existe o problema de faltarem pareceres e o complicador das emendas que foram apresentadas.

Uma fonte afirmou que a saída seria a retirada do projeto, com as emendas, e apresentação de um outro, com o pedido de reunião extraordinária. Seriam dados os pareceres e a matéria ainda seria votada neste ano. Mas é certo, ainda, que deve ser apresentada emenda de plenário para não permitir que o projeto seja votado neste ano e, assim, no próximo ano ele não poderia ser apresentado.

Outra informação é de que os vereadores da oposição, se unindo aos edis que não querem votar o projeto, não compareceriam à reunião extraordinária, se convocada. Com isso, não haveria quórum e não poderia ocorrer análise e votação da matéria. O fato é que restam, de terça a sexta-feira de 2023 para se tentar a aprovação do subsídio.

Analistas comentam a “necessidade imperiosa”, que o prefeito teria em ver votado e aprovado o subsídio para a Viasul. Por quais motivos ele emprega tanto esforço nesta questão?, perguntam. O fato é que, mesmo que ocorra uma votação ainda em 2023, e, havendo aprovação, a questão será judicializada. E a novela do subsídio permanece...