Uma Itaúna para os itaunenses – 2

Uma Itaúna para  os itaunenses – 2

Na semana passada, levantamos a questão comercial envolvendo o município em todos os seus polos comerciais e as transações comerciais, sejam elas governamentais, em funda-ções ou prestadores de serviços, dentre outras instituições que atuam no município. O te-ma foi levantado devido a questionamentos feitos por comerciantes a este articulista, re-clamando da atuação, principalmente, dos órgãos governamentais, que estão privilegiando empresas de outros centros em detrimento das empresas itaunenses. 

As reclamações ou críticas são principalmente porque os convites para as compras não são anunciados amplamente e, na maioria das vezes, passam desapercebidas e os recur-sos dos itaunenses acabam indo para outros centros e não circulam em nossa cidade, em prol do povo. Essas reclamações fazem sentido, mas é preciso observar que há também uma acomodação dos comerciantes locais, que não buscam compreender as normas de aquisição pública e muito menos estão preparados para a concorrência no mesmo nível que as empresas que vêm para competir com o nosso mercado.

Como afirmei no editorial anterior, sempre fui favorável à livre iniciativa, à livre concorrên-cia, pois a competitividade cria oportunidades que são benéficas para o consumidor final, que, no caso em questão, é o povo, que vai ter benfeitorias com as economias feitas e com os recursos ficando na cidade a partir do momento em que o mercado interno for privilegia-do de forma legal. É evidente.

Estou voltando ao assunto porque quero entender o porquê de uma empresa produtora de eventos de outro centro ter vindo fazer o nosso primeiro Festival Gastronômico. Até o mo-mento, não entendi. Temos produtores sérios, vários aptos a trabalhar com as leis de incen-tivo, e a opção foi por uma empresa de fora. Ou seja, os nossos recursos, mesmo que sejam via lei de incentivo, foram para outros centros, pois palcos, gradeamento, banheiros quími-cos, iluminação, som, dentre outros, como barracas de alimentação... Vão dizer que foram prestigiados os melhores chefs da cidade, com suas opções de pratos, e nossas bebidas, como os chopps artesanais produzidos aqui, mas a verdade é que havia comerciantes de fora, e aí nosso dinheiro, mais uma vez, foi-se...

Ao terminar o parágrafo anterior, tentei falar com o secretário de Cultura, Marcinho Hakuna, mas não fui atendido, queria confirmar os motivos por que optaram por uma produtora de outra cidade. Sei que os recursos de lei de incentivo são definidos pelo doador, no caso, as empresas, e isso está correto, e, no caso de Itaúna, mais que correto, pois a doação foi da nossa Minerita, uma empresa mais que itaunense, fundada pelo saudoso e incansável Dil-son Fonseca e agora administrada pelo seu filho Kássio Fonseca com o mesmo pulso e olhar para Itaúna. 

A resposta que acho que ouviria do nosso secretário de Cultura é que a empresa foi escolhi-da por competência técnica na produção de eventos culturais e temáticos. E aí vou discor-dar, pois tenho motivos para isso. E esses motivos não são pessoais e profissionais somen-te, são de itaunenses, que, mais uma vez, estão reclamando de não terem se preocupado em fazer um evento para o povo, o povão, como dizem, e sim para a classe média-alta, que foi o foco e estava presente. Aliás, como está em nosso título na página 4: “Praça Lotada”. Mas o povão mesmo não teve espaço. E, se teve, ficou olhando, pois não conseguiu acom-panhar a classe privilegiada, pois o preço dos pratos estava caro e para poucos. 

Concordo com o sonho do prefeito Mitre discorrido em release oficial e também que a cida-de estava precisando de uma festa gastronômica no seu calendário, mas espero que as próximas, como anunciou Marcinho, que vão ter, sejam feitas por itaunense e que sejam estruturadas para receber a população num todo, e não seja seletivo em plena praça públi-ca. Foi legal, mas apenas isso. 

Como já repetimos, muitos erros e queixas, em relação a estacionamento, de cercamento do espaço público, critérios de exposição de barracas e escolhas de restaurantes e chefs e, mais que isso, de produtora. E em relação à produção, sinceramente, espero que seja a úl-tima vez, os mesmos erros não podem ser cometidos e os nossos recursos, como argumen-tado no início, devem e precisam ficar aqui, e não ir para churrasqueiro de Divinópolis, den-tre outros comerciantes presentes no evento. 

E espero mais, que os nossos produtores da área da gastronomia, aqueles que, para fazer algum evento que envolva bares e restaurantes, têm que ficar com uma “pastinha” de bar em bar pedindo penico, sejam, da próxima vez, chamados e consultados se estão aptos a participar por meio das leis de incentivo ou mesmo se produzido e estruturado através do Município. 

O secretário de Cultura, pessoa que confio e gosto, me prometeu que as edições seguintes serão diferentes, com um festival nosso de verdade e para o povo, digo, povão, ou seja, para todas as classes. Ele também afirmou que todos os equipamentos para a estrutura foram contratados de empresas de Itaúna, que o dinheiro ficou aqui. Pode ser, mas não foi todo o recurso, a maior parte foi embora. Mas é como ele bem disse, pelo menos foi bom e o prin-cipal, aprendemos. 

Mas volto a repetir, porque não custa nada: juízo e caldo de galinha não fazem mal a nin-guém... Principalmente quando envolve despesas governamentais em todos os níveis.