Ponta da Caneta - Onde está o MP? Questionam comerciantes...

Ponta  da Caneta - Onde está  o MP?  Questionam comerciantes...


Na edição da semana passada, publicamos, na página 9, matéria sobre os problemas que envolveram a realização de “barraquinhas” na Praça Dr. Augusto Gonçalves ou Praça da Matriz, no período em que antecedeu o Natal, e também fizemos editorial neste espaço sobre o tema. Como já frisado na edição anterior, a instalação de uma minipraça de alimentação fez sucesso, a população gostou e as famílias que saíram para fazer compras e passear pela praça para ver a decoração natalina e a casa do Papai Noel adoraram, e tudo foi só elogios. Nós, da imprensa, também frequentamos o local por algumas vezes e aprovamos, inclusive, achamos que nosso próximo ano precisa ser incrementado com mais atrações musicais, mais food trucks e mais opções de gastronomia, além do chope...

Porém a instalação das tendas para abrigar os food trucks foi alvo de reclamações diversas e pelo menos algumas precisam ser levadas em conta pela própria administração municipal, representantes dos comerciantes, no caso a CDL, e também pelo Ministério Público. A primeira reclamação partiu da Igreja, da Paróquia de Sant’Ana, pois o barulho proveniente das barracas estava atrapalhando as missas, e as outras vieram de comerciantes ambulantes e da área de alimentos, principalmente de carrinhos instalados na Av. Jove Soares. 

A igreja chegou a encaminhar carta ao prefeito, o pároco destilou uma elegância no texto e deu um “puxão de orelha” com classe no prefeito, colocando sua posição e pedindo providências. Os comerciantes, indignados e até revoltados, questionaram e continuam querendo saber quais os critérios para a escolha dos food trucks, querem saber se as tendas foram locadas pela prefeitura ou pelos comerciantes e também se a energia elétrica usada foi pública ou de algum estabelecimento ou se foram os comerciantes “escolhidos” que pediram colocação de medidor à Cemig... 

Achamos que todos têm razão. A Igreja precisa ser respeitada e no mínimo tinha que ter sido comunicada sobre o evento, e com seus representantes, no caso o pároco, a festa tinha que ter sido alinhada, para se chegar num consenso de qual a melhor estrutura e horários para a realização do evento comercial em logradouro público e ao lado da Igreja Matriz. Quanto aos comerciantes, estes têm muito mais razão em reclamar e até mesmo em denunciar o verdadeiro absurdo. Afinal, a cidade é de todos e a isonomia é fundamental quando se trata de evento público. 

Bom, expostas as reclamações, vamos ao que interessa a todos. Chegou ao nosso conhecimento que, na reunião semanal do secretariado municipal com o prefeito, a publicação da FOLHA sobre o evento “natalino” em praça pública foi comentada e que se levantou o risco de o Ministério Público questionar a questão, abrindo uma denúncia para apurar os fatos. As informações chegadas à redação da FOLHA foram de que alguém lá na reunião (desconfiamos do secretário de Cultura, o senhor Ilimani Lopes, vulgo Joe) teria afirmado que “não precisa preocupar com isso, ninguém lê este jornal”. Pois muito bem. Não estamos preocupados com as colocações seja de quem for e muito menos se foi o senhor Ilimani, apenas queremos deixar registrado aqui algumas questões que envolvem um ente público e um órgão de comunicação. 

Primeiramente, gostaríamos de registrar que hoje temos cerca de 22 mil visualizações por semana no nosso site. Quem diz isso é o Google, através do seu mapa, o chamado Google Analytics. E além das visualizações oficializadas pelo Google, temos cerca de 6.000 seguidores no Facebook e mais alguns milhares no Instagram, sem contar os milhares de jornais enviados via WhastsApp. Além disso, temos os assinantes tradicionais da edição impressa e a tradicionalíssima venda em banca, fora os exemplares gratuitos que vão para os comércios nos bairros. Então não estamos preocupados com os comentários dos asseclas do prefeito ou do senhor Ilimani, vulgo Joe, até porque entendemos que ele sequer sabe o que é cultura, na acepção da palavra, ou o que é movimento cultural de raiz, ou o que sejam expressões culturais. Sabemos que ele é um ótimo cantor de barzinho, aliás, tem cantado muito nos fins de semana e com sucesso aos arredores de Itaúna e na capital mineira. Tem cantando e encantado nos barzinhos. Parabéns, show!!! Ele é bom, muito bom. Agora, gestor cultural? Um desastre. Não sabe onde pisa e muito menos conhece a nossa história cultural e nossas tradições.

A prova de que não conhece as nossas tradições culturais populares é a de que está anunciando o Carnaval 2023 na Avenida Boulevard, ao lado da prefeitura. Ora, ora, mais uma vez vai tentar tirar o povo da Av. Jove Soares. Aí, pergunto: e os comerciantes que estão esperando para faturar mais um pouquinho, como ficam? Vai tirar o bloco Pau de Gaiola da Lagoinha? Duvido! Acabar com uma tradição de 60 anos? Lá, tudo começou com o bloco Farrapos da Lagoinha e seguiu depois com o Pau de Gaiola, agora querem acabar com isso? Não entendem é nada mesmo de cultura popular... 

Senhor prefeito, sinceramente, não estamos entendendo... Ou estamos entendendo é até demais. Mais uma vez, a “turminha” da cultura e a que comanda os eventos vão fazer o que querem e como querem para privilegiar financeiramente um grupinho? Uns poucos, como fizeram na Praça Dr. Augusto Gonçalves antes do Natal? 

Pois bem, doutor... Se vão fazer do carnaval um evento oficial de “turma” na Av. Boulevard... que desde já seja feito o chamamento público obrigatório e como determina a lei, para que os comerciantes ambulantes e outros interessados possam participar, que não sejam colocadas tendas com palco e entradas controladas e que as ruas sejam do povo, como sempre foram. E vamos encerrar por aqui, com apenas mais uma pergunta: onde está o Ministério Público Estadual?   

Renilton  Gonçalves Pacheco