Hora da organização política para impulsionar os serviços

Hora da organização política para  impulsionar  os serviços

Como observador dos poderes municipais, entendo que, passados os 10 primeiros meses de mandato dos poderes Executivo e Legislativo, chegou o momento de organizar as Casas. No Legislativo, se não for tomada uma atitude ampla de condução política pelo presidente, a Casa de Leis vai entrar em estado de descrédito perante a população. Isso já vem ocorrendo de forma gradativa e, nos últimos meses, piorou com as ações intempestivas de vereadores que ainda não aprenderam o que significa ser um vereador, e muito menos o que é legislar. Estão preocupados em ocupar espaço nas redes sociais fazendo propagandas, em minha opinião, enganosas, pois o trabalho no vereador não é pedir o prefeito para tampar buracos e/ou aumentar atendimento na saúde, ou ainda resolver questões subliminares de demanda menor. O trabalho do vereador, como bem frisado: é Legislar, ou seja, fazer leis que possam melhorar as condições de vida na cidade e, consecutivamente, a do cidadão que nela vive com sua família. 

Mas o que tenho assistido até o momento é um Poder Legislativo apático e, pior que isso, sem rumo, batendo cabeça, sem saber por onde começar. É a consequência das amarras políticas, as conhecidas “costuras” feitas nos bastidores e que interferem nas decisões necessárias e acabam por não deixar o trabalho fluir naturalmente o que seria o correto. Como já expus em outras oportunidades, essa, até aqui, é uma das piores Câmaras que já cobri da década de 70 até hoje. É muito ruim mesmo. Não estou exagerando. E é ruim em se tratando de conhecimento das leis municipais, do regimento interno, de conhecimento político e de conhecimento da cidade, suas necessidades e os pontos positivos que precisam ser impulsionados. Ou seja, não sabem é nada. E, pelo que parece, até aqui, não querem aprender, preferem ficar disputando o mesmo espaço, perdendo tempo com acusações e ciúmes, e o pior, fingem trabalhar, pois, como não conhecem o verdadeiro labor do vereador, não fazem como deveriam e ainda são orgulhosos, não aceitam palpites e aulas dos que sabem. Tenho informações que tem vereador que “se acha” e não precisa de assessoria, prefere formar uma assessoria com puxa-sacos do que colocar profissional de alto nível e com conhecimento jurídico, para que ele possa exercer o mandato com segurança. Assim, com esse quadro, é somente o cidadão quem perde, pois não há serviço. Quando digo que não há serviço, quero dizer que estão “trabalhando somente para eles”, e o povo que se dane. 

Do outro lado da Avenida, lá no Boulevard Lago Sul, o prefeito, ao entrar no décimo mês de administração, se ainda não tem grandes problemas no aspecto político, por até aqui estar conseguindo conduzir de forma igualitária e agradando a todos, começa a ver a Câmara se definir aos poucos, e os moços começando a mostrar os “dentes”. Já, já, vai ter que articular para barrar isso. Acredito que não vai encontrar dificuldades, pois conta com popularidade junto ao eleitor, principalmente o popular, aquele que está satisfeito com os serviços funcionando. Ou seja, as ruas limpas no seu bairro, serviço de coleta satisfatório, arrumação de ruas eficiente, com o tapa-buraco, dentre outros serviços considerados do dia a dia. Mas vai ter desgaste capitaneado pela oposição, que já se prepara para agir para não perder terreno, ou seja, o “lobo mau” ainda não saiu da toca, mas está com fome. 

Se, em se tratando de serviços, as coisas até que estão funcionando, diríamos, dando para o gasto, no relacionamento com os vereadores, no que diz respeito à demanda diária, a coisa está feia, eles reclamam sem parar, pois não conseguem acesso aos secretários e não há desfecho em quase nada. É agilizar os serviços para obter nota boa...

Creio que a primeira prova de fogo do Gustavo Mitre será a partir do ano que vem, mas essa votação do orçamento para o próximo exercício, ou seja, para 2026, apresentado na Câmara na reunião desta semana, é que vai mostrar até onde os vereadores estão comprometidos em se tratando de gastos para obras, serviços, saúde e educação. Vamos ver... E vai ser aí que vamos poder avaliar o bom senso dos nossos excelentíssimos vereadores, pois orçamento é coisa séria e tem que ser avaliado muito bem e com responsabilidade, para não travar o município.

Tenho afirmado, quando questionado sobre o que estou achando do governo do Mitre, que o primeiro ano de um governo é sempre muito complicado para todos os eleitos. E a explicação é lógica: o prefeito assume uma prefeitura que era administrada em outro estilo, com outra visão; o orçamento também foi construído pela administração anterior e votado por outra Câmara; e, mais que isso, assumiu também com as contas a pagar. Então, além de ter que colocar a casa do seu jeito para administrar com segurança, ainda tem que “engolir” um caixa e um orçamento que não é seu. É natural, então, que se efetue a prestação dos serviços essenciais e só, para que no segundo ano empregue o seu jeito de governar, sabendo quais são as prioridades da cidade, do cidadão, nos seus bairros. O que é bom para uma comunidade pode não ser para outra... Os serviços essenciais têm é que ser melhorados, e para isso é necessário recursos e visão administrativa. Então acredito que as coisas serão diferentes no próximo ano. Itaúna é uma excelente cidade, com uma infraestrutura invejável, então é manter e corrigir, sem inventar. Temos algumas necessidades urgentes, que são poucas, dentre elas enumero um terminal de transporte coletivo no centrão; a questão das enchentes na Jove Soares, obra já anunciada com a construção dos ditos poções; iluminação dos trevos da MG-050; melhoria com recapeamento asfáltico ainda em muitas ruas; continuidade da Avenida João sentido Santanense e nos trechos do bairro Sion; solução para a travessia da MG-431, na Vila Tavares, com viaduto e consecutiva abertura da Avenida Dr. Walter Mendes Nogueira; Abertura da Avenida dos Capotos; a efetivação da Guarda Municipal, pra valer; e a Construção de uma UPA, para liberar o Hospital Manoel Gonçalves para a prestação de serviços de saúde prioritários. 

Esses são os que estou lembrando, mas acredito que o nosso Gustavo Mitre, que tem um olhar tranquilo, mas atento, vai saber priorizar e atender tudo até o final. Mas uma coisa é certa: se não agilizar a questão política com ações rápidas, o que era bom pode melhorar, mas pode também se transformar em empecilho para um bom governo. E, no tabuleiro do xadrez, é agora que as peças têm que ser mexidas. Seria bom não perder o time.