“Tudo como dantes no quartel de Abrantes”
E o nosso carnaval começou oficialmente ontem, quinta-feira, dia 8 de fevereiro, no “circuito do Joe”, e terá hoje à noite a apresentação da bateria da grande Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis, multicampeã no Rio de Janeiro, e amanhã teremos a apresentação dos Blocos atrás do trio elétrico na Av. Boulevard e depois shows. Ou seja, já está tudo OK na Avenida Boulevard, e também como antes. Ou seja, as mesmas empresas estão trabalhando para a realização da festa num belo circuito montado, onde estão entradas e saídas, palcos, praça de alimentação e fechamento total da área do circuito. Em meu entendimento, é o título: “tudo como dantes no quartel de Abrantes”. Ou seja, o carnaval do ano passado se repete, porém sem artistas de renome nacional, mas com uma estrutura pensada e estruturada para concentrar muita gente e com isso faturar. É um carnaval extremamente comercial e que favorece a um pequeno grupo de “amigos” do rei. Mas é Brasil, Minas e a Itaúna Barranqueira de sempre.
E é de impressionar como os organizadores e responsáveis pela estruturação da festa, que deveria ser popular e nas ruas, não têm o mínimo receio de ser cobrados pelas “artimanhas” e pelo favorecimento de um “grupelho” que não dá abertura nem para que o povão possa, além de curtir a festa de forma simples, escolher suas bebidas e comidas e/ou até mesmo levá-las para o circuito... E que, além disso, exige que os blocos carnavalescos façam suas apresentações conforme os mesmos pensaram e querem, pois o principal é faturar e não oferecer divertimento popular para o povão. Essa é a realidade: uma festa organizada para um pequeno grupo e que tem o povão como coadjuvante, figurante...
Mas o que mais impressiona é que arquitetam tudo dando um ar legalidade, mas que, se analisados em detalhes, as contratações, as divisões de trabalho e o “modus operandi” para a realização da festa deixam transparecer é uma arquitetura para o favorecimento de um grupo. E é isso, em minha opinião, que ocorre mesmo. E, além desta desconfiança, entendemos que a festa mais popular do Brasil deveria ser realizada de forma mais simples e aberta possível em se tratando de estrutura e oferecimento de alimentação e bebida, ou seja, como já afirmado no editorial da semana passada, entendemos que a festa momesca com os desfiles dos blocos deveria ser feita na Avenida Jove Soares, próxima dos bares, restaurantes e trailers de comidas, lanches e bebidas diversos, e que o público deveria ficar como sempre ficou, atrás de uma corda esticada dos dois lados das pistas de desfiles para assistir. E pronto, sem mais e nem menos. E os shows deveriam acontecer na área externa do Espaço Cultural, sem muita mexida de estrutura, pois palco já tem no lugar. Ficaria mais barato, mais fácil para o povo em todos os sentidos e, mais que isso, não teria muito como armar esquemas e ninguém teria a facilidade de enfiar coisas goela abaixo do povão.
Mas vamos encerrar o assunto estrutura do carnaval e passar para outro assunto mais sério e que também mexe com o povão: o transporte coletivo urbano. Depois do verdadeiro “carnaval” de empurra-empurra e vai e vem que se tornou a destinação de recursos da ordem de 26 milhões de reais para a empresa de transportes ViaSul, com os vereadores recusando a proposta e com os representantes da empresa e do poder público indo ao plenário tentando explicar e convencer os edis e até mesmo “brigando” com alguns deles, tudo acabou como deveria: na Justiça, para análise e decisão. Esta semana foi protocolada petição da empresa pedindo providências no sentido de que os prejuízos do período da Covid sejam repostos pelo Município, conforme contrato.
O assunto já foi muito discutido e publicado pelo jornal, inclusive, já exposto aqui neste espaço, com a nossa opinião no sentido de que a empresa precisa mesmo ter a reposição do que perdeu no período da pandemia, até para que possa investir na melhoria dos serviços com a aquisição de novos ônibus, construção de guaritas, dentre muitas outras... Mas é aquela história, será que haveria mesmo investimentos caso os recursos fossem direcionados pelo Município com a autorização legislativa?
Em se tratando de uma decisão judicial, entendo que a coisa muda e a segurança de que os investimentos de parte dos recursos seriam investidos torna-se mais segura, pois da decisão judicial, caso favorável, o que em nossa opinião deve ser, precisa e provavelmente vai constar que os investimentos necessários para a melhor qualidade dos serviços devem ocorrer em um prazo específico e que devem ter certa porcentagem sob o montante recebido e feitos num prazo descrito. Assim todos saem ganhando, a população terá mais conforto e facilidade com o transporte público que necessita diariamente e os empresários cobrem os seus prejuízos ocasionados pela pandemia da Covid.
Quanto à questão tarifa zero no transporte coletivo, plataforma defendida e pretendida pelos militantes petistas itaunenses, não concordamos no momento, pois, antes disso acontecer, é preciso uma estruturação total do atual transporte coletivo urbano e, mais que isso, é necessário um estudo aprofundado da questão, inclusive, com um plano de estudo da expansão urbana do município com os novos bairros e estudos do crescimento da população que vai depender do transporte coletivo nas próximas décadas. Então gratuidade é assunto para depois, pois ainda há muito que fazer em se tratando da melhoria do transporte coletivo urbano atual. Quanto à judicialização da ação pela empresa ViaSul, entendemos ser legítima e a discussão jurídica me parece mais apropriada, pois as decisões políticas seriam mais perigosas, e, mais que isso, tendenciosas e poderiam ocasionar “jeitinhos” não muito convenientes. Voltaremos ao assunto.
Por: Renilton Gonçalves Pacheco