A insistência pelos 26 milhões

A insistência pelos  26 milhões


As informações de bastidores indicam que o prefeito já decidiu e vai mesmo tentar “emplacar” o subsídio no valor de 26 milhões de reais para a empresa de transporte coletivo ViaSul, encaminhando o projeto novamente para a Câmara Municipal. O assunto vem rendendo faz mais de 90 dias e, ao que parece, ainda não é consenso entre os vereadores, mas, conforme as informações de bastidores, o prefeito está decidido a reenviar o projeto e teria afirmado que quer ver quem é quem entre os vereadores. Ainda segundo as informações, ele tem conversado com os edis nas últimas duas semanas e pedido o voto. 

Segundo os cálculos que são feitos entre os vereadores da base e até entre os oposicionistas declarados, o projeto passa. Os cálculos vindos do gabinete do alcaide indicam que inicialmente haveria um empate e o presidente Nesval Júnior daria o voto favorável aos interesses da empresa e do gabinete do prefeito. Ao que parece, já estaria tudo “acertado” e evita-se, inclusive, conversar muito sobre o assunto.

Pois muito bem, mesmo que esteja mesmo “tudo acertado”, ainda tenho lá minhas dúvidas se o projeto passa (seja aprovado) mesmo nas próximas semanas. Os cálculos são de que sete votos vão vir do plenário, mais dois votos virão da Mesa Diretora (o do presidente Nesval e o do vice-presidente Alexandre Campos). Bom, acredito no voto de desempate do presidente, e no outro voto vindo da Mesa, mas no plenário, por mais que eu faça as contas, não acredito em pelo menos dois votos que julgam favoráveis, o do vereador Antônio Da Lua e o da vereadora Edênia, sem contar o do Joselito, que é uma incógnita, e depende das negociações de bastidores, é o tal de toma lá, dá cá. Se estes votarem favoráveis, será uma grande surpresa. Mas tudo é possível. E, conforme as sondagens de corredores, ainda há dúvidas mesmo nos votos dos vereadores Joselito e Carol. Ou seja, o Neider, na minha opinião, está jogando para a plateia (a empresa) e fazendo o que sempre fez na política: pagando para ver e “tirando o seu da reta”. Ou seja, está blefando e correndo o risco. 

Como afirmado no editorial da semana anterior, continuo com a opinião de que é preciso analisar o que está por trás da destinação deste recurso para a Via Sul, pois desconfio que há mais interesse de quem não está na empresa do que dela própria, pois, fazendo as contas do volume de passageiros e o valor atual da passagem, chega-se à conclusão de que o negócio é altamente lucrativo e os supostos prejuízos do período da Covid, que podem mesmo ter ocorrido, já foram superados. Além disso, somente diminuíram os lucros nos meses reclamados. Continuo com a mesma opinião já expressada no editorial da semana anterior e que repito nesta semana.      

Vamos então para a segunda dose do “para inglês ver”: as conversas nos bastidores do gabinete do prefeito e nos corredores e gabinetes dos vereadores, como já afirmei acima, se intensificaram nesta semana e tudo indica que o projeto que destina para a empresa de transportes coletivos ViaSul o montante de 26 milhões de reais, com a justificativa de que é para cobrir prejuízos do período da pandemia da Covid, deve mesmo voltar a plenário ainda este ano. Pelo que percebemos, o prefeito vem trabalhando nos bastidores e, ao que parece, já “ajeitou” a situação com alguns vereadores. 

Sinceramente, acho que essa situação deve mesmo ser resolvida de uma vez por todas, desde que os recursos, em sua totalidade, sejam revertidos em prol dos usuários. Basta os vereadores negociarem com o chefe do Executivo, para que o dinheiro seja em prol de melhorias no serviço de transporte coletivo, com a aquisição de ônibus novos com ar-condicionado, guaritas decentes e modernas e com indicativos eletrônicos de horários e itinerários, dentre outros. E, além disso, os nossos representantes no Legislativo precisam exigir do chefe do Executivo um compromisso a curto prazo para que um terminal para coletivos, mesmo que provisório, mas com um mínimo de conforto, seja feito na nossa principal praça, na Dr. Augusto. É possível construir um terminal coberto, com capacidade para receber os ônibus e onde o usuário possa esperar sem estar exposto ao sol ou chuva. Basta querer fazer, pois há alternativas possíveis de serem executadas com poucos recursos. 

Então é essa minha opinião sobre a questão recursos para a ViaSul. E, sinceramente, como afirmado na semana passada, acredito que o projeto voltará mesmo à Câmara a qualquer momento e a qualquer custo, independente de ser ou não aprovado. O prefeito, que deve estar em situação difícil com a empresa, quer “lavar as mãos”. Muito provavelmente, está jogando ou está muito seguro de que está tudo negociado e passa pelo plenário sem problemas. E caso esse assunto não seja resolvido da melhor forma, nas próximas semanas, teremos mais um aumento de passagem como presente de ano novo. Então o povo tem é que exigir melhorias no transporte em todos os sentidos. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos e ouvir as conversas e posicionamentos “para inglês ver”, porque a insistência em aprovar os milhões é grande e nos leva a refletir, tentar entender e concluir que há mais poeira por debaixo do tapete do que imaginamos... Coisas da nossa Itaúna Barranqueira!