ATAQUE CIBERNÉTICO - Prefeitura foi atacada por crackers na segunda-feira
Início do problema foi registrado às 11h45 e a rede de internet foi tirada do ar por cerca de 48 horas
No final da manhã da segunda-feira, 13, foi detectado um ataque cibernético na Prefeitura de Itaúna, pelo setor de Tecnologia da Informação. Conforme o setor de informática da Prefeitura, foi um ataque tipo “ransonware”. Esse tipo de ataque é feito por criminosos (denominados crackers) que invadem as redes de internet das pessoas, empresas e/ou órgãos públicos, que capturam e criptografam os dados, impossibilitando o acesso a eles, e exigem, normalmente, pagamento para que possam liberar o acesso. Com isso, caso não seja feito o pagamento, os dados podem ser destruídos, causando prejuízos incalculáveis. Para se livrar desse tipo de ataque, conforme especialistas em segurança cibernética, o melhor caminho é manter um arquivo de cópia dos dados fora da rede, isto é, uma cópia “física” dos arquivos em um hard disk (hd).
Conforme a reportagem da FOLHA apurou junto a fontes da Prefeitura, não foi feito pedido de resgate para a liberação dos dados. Também obtivemos a informação de que os técnicos do setor de informática do Município conseguiram barrar o ataque antes que causasse mais danos. Assim, somente o corte no acesso à internet e a retirada da rede do ar foi o impacto mais notado do ataque. Conforme um comunicado do incidente, divulgado internamente pela Gerência de Tecnologia da Informação: “O ataque foi detectado em tempo pelo time de profissionais da GTI, que atuou juntamente com a equipe de suporte da MGData, responsável pelo Data Center em Nuvem da PMI, provocando a interrupção das ações do ‘malware’” (arquivo malicioso projetado para prejudicar, danificar e explorar aparelhos como celulares, computadores e tablets). E completa que “as tecnologias de segurança, proteção e combate a ataques cibernéticos contratadas pela PMI para a rede corporativa não permitiram que houvesse perdas de dados aos repositórios de backup da instituição. Todos os arquivos que foram atingidos foram recuperados!”.
Câmara teve conta atacada em 2022
A Câmara de Itaúna sofreu um ataque de bandidos em fevereiro de 2022, quando foram tentados saques no montante de cerca de R$ 200 mil. Conforme as informações da época, no momento do ataque, R$ 100 mil foram interceptados imediatamente. Outros R$ 49 mil foram interceptados na execução do crime. Não há informação se houve prejuízo financeiro para a Câmara posteriormente, ou se todo o dinheiro foi recuperado. O ataque à Câmara, porém, foi feito a partir dos sites de instituições bancárias, conforme as informações repassadas à imprensa à época.
No caso atual da Prefeitura, o ataque teria ocorrido de maneira diferente, para capturar dados e exigir indenização para “devolver” as informações, o que não foi efetivado, conforme divulgou a Prefeitura. Resta saber se os dados estão protegidos contra novos ataques, visto que, segundo especialistas consultados pela reportagem, esse tipo de ataque pode ser repetido, com mais força e causando danos maiores. E isso é possível porque, ao entrar na rede, o arquivo malicioso se espalha e é preciso um trabalho exaustivo de “limpeza” que alcance a totalidade dos arquivos, o que demanda tempo. E neste período o cracker pode se utilizar de uma “porta” aberta com algum arquivo que ainda não tenha sido identificado.
Brasil é o terceiro país em volume de ataques no mundo
Conforme pesquisa realizada pela reportagem, os ataques cibernéticos no Brasil colocam o país como terceiro alvo em volume de ataques no mundo, com 9,8% da totalidade de ameaças detectadas. Esses dados foram apurados pela Symantec. Ainda segundo a pesquisa, “estudo recente publicado pela Fortinet, empresa especializada em segurança digital, registrou mais de 9,7 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos na América Latina, entre os quais 1,6 bilhão somente no Brasil”. Ainda de acordo com dados divulgados pela Symantec, “a cada minuto, 54 pessoas são vítimas de ataques cibernéticos no país”.