Para o próprio umbigo...

Para o  próprio  umbigo...


Por mais de uma vez o assunto Hospital já foi motivo de pauta neste espaço e muitas vezes na capa do jornal. E, por algumas vezes, já frisamos aqui nesta coluna que Itaúna é ímpar. E é certo que aqui, como em qualquer outro lugar do planeta, existem questiúnculas que, às vezes, não são bem explicadas, mas existem... como também posicionamentos que, na maioria das vezes, além de equivocados, não deixam margem a qualquer tipo de interpretação. As pessoas que visitam Itaúna, por exemplo, num primeiro instante, dizem que nossa cidade é fechada, é patriarcal e ainda tem ares de “coronelismo”, que se ressalta em vários setores da nossa sociedade. Discordamos totalmente da afirmativa “cidade fechada”, já que a comunidade itaunense recebe sempre de braços abertos os que aqui aportam, por um motivo ou outro. Muitos vêm para trabalhar, outros para estudar, outros por opção, outros por falta de opção, e a maioria vem e fica, porque a cidade oferece, como poucas, excelente qualidade de vida. E uma comunidade que recebe bem não pode ser considerada fechada. Porém o fato de receber bem e fazer questão de conviver bem com os que a escolheram tem custado muito caro: uns poucos acham que, pelo fato de estarem adaptados aos costumes da comunidade, podem palpitar nas questões que dizem respeito somente à sociedade itaunense, já que não ajudaram a construir nada e pouco sabem da luta dos itaunenses verdadeiros no início e na primeira metade do século passado para garantir o bem-estar da comunidade. Luta que teve continuidade garantida com as gerações que vieram e com as que fazem do presente uma trilha para um futuro cada vez melhor. Diante disso, como itaunense que somos, não podemos admitir que um ou outro cidadão que foi recebido de braços abertos pela cidade e que tira daqui seu sustento, que em alguns casos infringe a lei – agiotagem, jogos de azar, contrabando e outras atividades proibidas – enfie o bedelho nas fundações herdadas dos verdadeiros itaunenses, caso de Dona Cota e Manoel Gonçalves, dentre outros beneméritos. Antes de palpitar, de afirmar inverdades e de agir como “testa de ferro” daqueles que não têm coragem de colocar a cara a tapa, os cidadãos que não podem bater no peito e afirmar que ajudaram a construir algo por sua terra natal deveriam ajudar a construir algo sólido para a terra adotiva com trabalho, abnegação e principalmente coragem. E antes de sair dando tiro sem saber o alvo a ser atingido, uns poucos que não entendem o verdadeiro sentido da palavra “obrar”, deveriam, pelo menos, procurar entender os objetivos de uma sociedade que, apesar das dissidências normais verificadas, deixa evidente que, quando o homem torna públicas as suas intenções e se fecha para atingir os objetivos maiores, que são o de construir para o futuro sem destruir o passado, preservando, antes tudo, o respeito pelos que visam algo melhor, não só para o “eu”, mas sim para um todo, as coisas se tornam mais fáceis e os objetivos são para um todo. Poucos, muito poucos, têm a coragem de se expor perante uma sociedade. Essa é a verdade. Mas muitos têm a coragem de blasfemas constantes na companhia de paredes. E muitos gostam é de “exercitar o gogó” e, neste exercício insólito, acabam vomitando asneiras que só servem mesmo para massagear o ego inconsistente. 

Assim, como apreciadores da democracia e conhecedores da história e da realidade itaunense, defendemos o direito do cidadão de contestar e tomar posições, mas cobramos também o comprometimento de todos para com as causas comunitárias, pois todos dependemos de atendimento médico, por exemplo, seja de emergência ou programado, e em algum momento vamos bater na porta é do Hospital deixado pelo Manoelzinho... Então somos da opinião de que os grupelhos que estão preocupados em questionar o resultado de eleições, sem nenhum embasamento e que perdem tempo em portas de quarteis, deveriam é estar empenhados nas causas de interesse da comunidade num todo. Ou será que acham que não vão precisar do Hospital, por exemplo? Eles são, na maioria, classe média alta e alguns ricos, sabe-se lá como... Mas, como já frisamos inúmeras vezes, o primeiro socorro, a primeira internação, é aqui...  Apreciamos as posições políticas, e as respeitamos, mas é com base na democracia e na união de forças que se consegue atingir os objetivos maiores. E neste momento estamos precisando resolver a situação do único Hospital da cidade. É preciso unir forças.

Para deixar evidente e encerrar o assunto, fomos informados, mais uma vez,, esta semana, que alguns empresários andam armando entre quatro paredes um “boicote” ao jornal. Empresários e comerciantes que fazem parte de grupos políticos que lutam por uma causa direitista. E é direito deles lutar, estamos em uma democracia que consideramos cada vez mais amadurecida, e quiçá plena... Mas o que não podem é exigir de todo mundo postura idêntica a deles. Segundo as informações, o tal “boicote” começaria após as eleições e estaria centrado em dois fatos: no posicionamento editorial do jornal e do seu diretor, no caso eu. Não podemos afirmar se o tal “boicote” é fato, mas podemos afirmar categoricamente que não estamos nem um pouco preocupados e vamos expor aqui os motivos, que são simples: em primeiro lugar, não acreditamos em boicote algum. Se de fato vier a acontecer, vai partir de uns poucos que têm muita credibilidade em nossa sociedade como cidadãos comuns, mas que politicamente têm credibilidade zero. Aliás, não sabem nem o que é o exercício da política, sabem sim, e muito bem, é olhar para o próprio umbigo. E se olham é para o próprio umbigo, muito menos têm capacidade de mobilização, mesmo porque, se tivessem, o resultado da eleição seria outro. Vai um recado: se quisessem, poderiam também estar exercendo cargos importantes e atuando como fiscais operantes das coisas públicas, talvez assim a contribuição seria mais eficaz. Mas não estão fazendo nem uma coisa nem outra, já que a única capacidade que têm é a de apreciar o próprio umbigo. Achamos que podemos perguntar: Por que podemos publicar notícias dos cidadãos considerados comuns – pés-rapados – e não podemos publicar dos “almofadinhas”, na acepção da palavra? Publicamos, damos nomes aos “bois” e assinamos embaixo com muita tranquilidade. Quanto à questão do posicionamento, basta observar o slogan da FOLHA: JORNAL TEM QUE TER OPINIÃO. Temos. E daí? Goela ou gogó? Achamos que têm mesmo é muito “gogó”. 

Por: Renilton  Gonçalves Pacheco