Vereadores livram Gui Rocha e comprometem futuro

A partir de agora, os vereadores itaunenses podem agir como quiserem no exercício do mandato?

Vereadores livram Gui Rocha e comprometem futuro
Foto: Divulgação YOUTUBE

Na reunião da terça-feira, 23, com o voto de oito colegas e dele próprio, concluindo nove posições contrárias, o vereador Guilherme Rocha (Gui Rocha) se viu livre de uma denúncia que poderia, em caso extremo, levar até mesmo à sua cassação, por possível quebra de decoro. Como noticiado, durante reunião passada do Legislativo itaunense, o vereador fez uma fotografia de uma professora, idosa, em que apareciam suas partes íntimas, dada a posição do edil no plenário em plena reunião ordinária no momento do click, que foi feito de dentro para fora do plenário. Para encobrir a imagem das partes íntimas da retratada, o vereador usou um emoji de coração, que na linguagem digital seria a afirmação “amei”, e postou a foto para os demais edis, com brincadeiras em torno da imagem.

A professora não gostou da “brincadeira” do vereador, se sentiu ofendida e registrou uma ocorrência policial contra o edil. Mais que isso, buscou apoio no sindicato da categoria – Sind-Ute – e, dentre outras medidas anunciadas, apresentou queixa contra o vereador na Câmara de Itaúna. Na reunião da terça-feira, 23, porém, foi apresentado o pedido para que a denúncia fosse encaminhada à Comissão de Ética do Legislativo e, a partir de então, seguisse seu andamento, até um possível pedido de cassação. O problema é que, ao ser colocado o pedido à análise do plenário, nove vereadores votaram contra. São eles: Kaio Guimarães, Beto do Bandinho, Giordane, Léo da Rádio, Rosse Andrade, Gustavo Barbosa, Wenderson da Usina, Tidinho e o próprio Gui Rocha. Foram favoráveis ao andamento do pedido os edis Carol Faria, Lacimar (Três), Márcia Cristina, Israel Lúcio e Dalminho. Já os vereadores Alexandre Campos e Antônio Da Lua se abstiveram.

Bastidores da votação

O presidente da Mesa, Antônio de Miranda, não vota, mas, nos bastidores, as informações são de que ele atuou firmemente para convencer os colegas a “colocarem um pano quente” na situação, o que acabou ocorrendo, com a negativa ao pedido contra o vereador. Assim, a Câmara abre um terrível precedente, que garante aos edis que, a partir de agora, podem agir da maneira que quiserem, pois não mais existem argumentos para a aplicação das regras que caracterizam a quebra do decoro parlamentar estabelecidas e fundamentadas no Regimento Interno da Casa de Leis.   

O pior da situação é que informações obtidas pela reportagem são de que a professora Tânia Lucinda, 69 anos, vítima da ação do vereador Gui Rocha, teria mostrado a algumas pessoas mensagens que são atribuídas ao edil Tõezinho, com orientações a ela de como agir e se solidarizando com ela. Nessas mensagens, estaria a afirmação de que “esse vereador precisa ‘levar um susto’”. Caso seja realidade essa informação e a professora a torne pública, a situação da Câmara, e especialmente do vereador que a preside, pode se complicar muito.

A repercussão do fato

A atitude dos vereadores em “passar a mão na cabeça do Guilherme Rocha”, como afirmou à reportagem um político influente de Itaúna, teve repercussão bastante negativa junto à comunidade. Até porque, quando da ocorrência do fato, a professora se sentiu bastante agredida, tendo de ser levada ao hospital para receber atendimento médico, devido ao estado emocional em que se encontrava.

Também causou estranhamento na população a recusa dos vereadores em dar seguimento à denúncia, devido à farta documentação apresentada: prints das imagens, repercussão nas redes sociais, testemunho de cinco pessoas, comprovação de compartilhamento, inclusive, em grupo composto por 190 pessoas, além da argumentação jurídica bem embasada. Nas ruas, a imagem da Câmara foi ainda mais “arranhada” e as perguntas que se ouve nas rodas de conversa são: “Agora vereador de Itaúna pode fazer o que quiser?”; “Eles ficaram com inveja da PEC da bandidagem?”; e outras que a censura não permite a publicidade.