Prefeito apresenta projeto da Jove Soares, “de novo”

Políticos veem na solenidade criação de uma oportunidade para Neider encaminhar mais um pedido de empréstimos à Câmara

Prefeito apresenta projeto da Jove Soares, “de novo”
Foto: Divulgação/PMI


O projeto para a realização de obras na Avenida Jove Soares visando o enfrentamento às enchentes, foi apresentado em solenidade realizada na Prefeitura, na quarta-feira, dia 17. Com a presença dos vereadores Léo da Rádio, que é líder do prefeito, e Alexandre Campos, vice-presidente da Mesa, além de assessores e convidados, o prefeito falou sobre o projeto. “Quando tivemos aquela chuva descomunal no fim do ano passado, o projeto já estava quase pronto. A verdade é que é uma mudança de paradigma. Agora temos um norte para sabermos as mudanças que precisam ser realizadas. Temos agora um projeto extremamente avalizado, robusto e estudado para que a gente resolva definitivamente o problema da Av. Jove Soares. Um grande legado que deixamos para a cidade, para que o próximo prefeito possa realizar. Então fico muito feliz de entregar isso”, disse um entusiasmado prefeito. 

O problema apontado pelos críticos é que ele não vai dar início às obras, como esperavam alguns cidadãos e comerciantes da Avenida, além do fato de o projeto ter custado R$ 779.256,26, “e pode até nem ser usado”, como disse um político ao jornal, ao saber das “pompas e circunstâncias” do lançamento oficial do projeto. Lembrou ainda que todos os detalhes técnicos apresentados na ocasião oficial já tinham sido revelados em reunião na Câmara, no final do ano passado, quando técnicos da Prefeitura e da empresa contratada foram ao local fazer uma explanação. Os recursos para a elaboração do projeto foram bancados a partir de um empréstimo tomado pela Prefeitura, junto ao FINISA – Programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento, no valor de R$ 1 milhão. Conforme anunciado na solenidade, o restante do recurso – R$ 220.743,74 – mais os juros obtidos com a aplicação do dinheiro, serão usados para amortização do valor tomado. Segundo a prestação de contas do mês de dezembro de 2023, o saldo deste financiamento (valor a ser pago) era de R$ 979.166,67, no encerramento do exercício passado, lembrando que incidem juros sobre este total. 

Prefeito deve pedir 

empréstimo para outra 

administração fazer a obra? 

Porém o maior problema apontado não está na divulgação da Prefeitura, mas foi falado na ocasião: a obra custará algo em torno de R$ 90 milhões, conforme os cálculos dos técnicos. E existe a possibilidade de o atual prefeito solicitar um empréstimo neste valor para “adiantar as coisas para a próxima administração”, conforme comentado nos bastidores da solenidade. Isso mesmo, a proposta é deixar o projeto e um empréstimo tomado, no valor de R$ 90 milhões, que se somaria ao valor já obtido, de R$ 83 milhões – líquidos, isto é, sem somar os juros –, elevando a dívida municipal, só com dinheiro emprestado, a quase R$ 200 milhões para os próximos administradores. Ou seja, quase metade de um orçamento anual do Município. 

Também foi muito questionado o fato de se fazer “apresentação de projeto” sem que nenhuma medida efetiva tenha sido tomada em dois mandatos do atual prefeito, ou seja, oito anos de administração para combater as enchentes na região da Avenida Jove Soares. E mais absurda ainda foi a citação de que no ano passado teve uma “chuva descomunal”, além de afirmarem que “até em Dubai teve enchente”, para justificar a falta de ações da atual equipe administrativa. Como resposta, um cidadão do meio político lembrou que, “quando ocorreu a enchente no Rio São João, na região da Rodoviária, o ex-prefeito Osmando não só apresentou o projeto, que foi feito pelo Dinarte, sem custo, como realizou a obra dos gabiões, a custo baixo, solucionando o problema”, afirmou. 

Também foi questionado o fato de o projeto trazer a informação de que a obra demanda um prazo médio de três anos para ser executada e não terem sido apresentadas quaisquer informações sobre como se dará a relação com os moradores e comerciantes nesse prazo, durante a realização das obras. “É claro que haverá interdição, queda no faturamento do pessoal que está instalado ao longo da avenida e muitos outros problemas. Não falaram nada sobre um planejamento para lidar com isso e apresentaram um projeto de obra que custará muito caro, como se fosse a única solução para o problema das enchentes. Não têm um plano alternativo, uma opção a esse projeto?”, questionam. 

Um cidadão que atua no setor de engenharia foi mais enfático ao afirmar que “certamente existem outras maneiras de se fazer a obra. Essa solução de ‘preciso de 90 milhões’ é muito fácil, mas é também comprovação de incompetência. Demoraram oito anos para fazer isso? Um projeto, apenas? E essa história de pedir mais um empréstimo? É achar que em Itaúna só tem bobo”, concluiu.