Dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Nacional do Idoso
Redação Folha do Povo 
Uma carta escrita em 1973 por uma idosa e direcionada à toda a família, como, filhos, netos e bisnetos, irmãs, irmãos e sobrinhos, demais parentes e aos amigos, no dia em que completou 90 anos é a homenagem da advogada e professora Drª Maria de Lourdes Spinola, ao Dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Nacional do Idoso, comemorado no último domingo, dia 1º de outubro.
Aos meus filhos, netos e bisnetos
Aos meus irmãos e sobrinhos
Aos demais parentes
Aos amigos, sempre amigos.
Completo hoje 90 anos.
Uma vida. Uma vida longa!
Que é a vida? Um desfilar de anos, meses, dias e horas? Um deslizar contínuo de acontecimentos históricos, políticos, ricos e pobres, alegres e tristes?
Não. A vida é o sopro divino que Deus nos oferece ao nascermos e pelo qual devemos zelar carinhosa e corajosamente.
Com carinho, porque tudo que vem do Alto o merece. Com coragem, porque esse “sopro” exige de nós muito mais do que imaginamos.
A vida é sempre bela quando sabemos vivê-la.
E viver a vida é compreendê-la, é amá-la. Com alegria, com lágrimas, com dores físicas ou morais, amamos a vida; mas, o alicerce de tudo isso consiste no trabalho, na firmeza de caráter, no saber, no cumprir com severidade perfeita o dever que impomos a nós mesmos.
A vida não é a guerra; a vida não são as armas; a vida não é o rancor, o vício, o ódio, a inveja, o ciúme, a acomodação, a vida não é o desejo das alturas, na conquista do ouro, do poder...
A vida é o amor, a simplicidade, a decência; a vida é o saber aceitar; a vida é, principalmente, perdoar, perdoar sempre e procurar ajudar aquele que sofre e nos pede um gesto de amor, uma palavra de esperança.
Aí está a vida – esse sopro divino que eu procurei sempre aceitar. Depois dela, o silêncio, a paz, para os que souberam compreendê-la e vivê-la rigorosamente.
A vocês - filhos, netos e bisnetos, o meu beijo deste dia.
A vocês – irmãos e sobrinhos e demais parentes queridos – o meu abraço afetuoso.
A vocês – amigos de todas as horas, meu “muito obrigado” cheio de afeição.
Aos que partiram, minha prece e minha imensa saudade.
São Paulo, 24/10/73
A velha
Dinorah Chacoão de Freitas (Vovó Dinorah)
