ALMG discute impactos da mineração sobre a vida das mulheres negras
Comissão recebeu ativistas e pesquisadoras em debate interseccional preparatório para a Marcha das Mulheres e COP 30

Os impactos específicos enfrentados pelas mulheres negras expostas às consequências da atividade minerária foram debatidos durante audiência pública realizada na terça-feira, 23, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Conforme divulgado, a audiência abordou uma perspectiva interseccional, e desenvolveu reflexões que serão ampliadas em novembro, na Marcha das Mulheres Negras, em Brasília, e na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém. Também foi um momento de repercutir as denúncias de corrupção demonstradas pela Polícia Federal na Operação Rejeito.
Entre as principais pautas, a autora do requerimento e presidenta da comissão, a deputada Ana Paula Siqueira (Rede), destacou que as mineradoras causam diferentes tipos de violações nos territórios, em especial, a destruição das formas de vida de quilombolas e outros povos tradicionais. “As emergências climáticas ampliam as desigualdades e elas têm raça, gênero e território”, observou.
Engenheira ambiental e doutora em geografia, Angela Maria Gomes explicou que antes, durante e depois dos desastres ambientais, mulheres negras sofrem problemas como falta de saneamento e precarização da moradia e enfrentam o agravamento dessas condições de vulnerabilidade nas tragédias. Após as tragédias, costumam ser forçadas a migrar com crianças e sem rede de apoio.
Conforme pesquisa apresentada pela coordenadora do Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras, Benilda Regina Brito, existem 300 barragens em risco de derramamento e 67% das pessoas nas áreas de perigo ambiental são negras. Além disso, 80% dos indivíduos deslocados devido às mudanças climáticas globais são mulheres negras.
Durante a Marcha das Mulheres Negras e COP 30 será apresentada uma carta de compromissos, com demandas para ações de governança climática colaborativa e combate ao racismo socioambiental, com planos de mitigação e fundos para o financiamento de medidas de reparação. O documento também cobra programa de saúde mental, promoção da economia solidária, participação nos lucros das atividades minerárias, criação de escolas técnicas de mineração sustentável, oferta de bolsas de estudos e instalação de sistemas de alertas comunitários. O documento vai ser assinado pela deputada Ana Paula Siqueira.