Especulações, suposições, definições e esperteza

A semana no meio político na cidade foi agitada, com muitas especulações, xingamentos, decepções, revolta e principalmente de muita, digamos, esperteza, mas é muita, muita mesmo, com as atitudes de conveniência e de oportunismo dos políticos, vamos dizer, de “cabeceira”, os denominados “caciques”, que conseguem enxergar o momento com mais clareza, mas que estão, na verdade, preocupados em traçar o futuro, num “jogo” que pode mantê-los, ou não, na política por mais alguns anos ou até décadas.

Com o término do prazo para a filiação partidária e as mudanças de partidos dos candidatos a vereador e a prefeito, principalmente, uma verdadeira “dança” é feita buscando as cadeiras da Câmara ou da Prefeitura. E isso acaba por fomentar uma correte de disse me disse, de opiniões dos “entendidos” e muitas posições de estudo dos que realmente sabem como funciona e como se pode “manobrar” as diversas situações para as conclusões futuras. Ou seja, os “caciques” ou, se quiserem outra nominação, os coronéis modernos, como sempre, continuam manobrando o jogo das urnas e isso ocorre em todos os níveis de eleição mundo afora. 

Além das manobras de filiações, o fato que marcou a semana foi a tentativa de um acordo amplo proposto pelo Senhor Neider Moreira, em reunião que ocorreu na sexta-feira, dia 5, quando foi feita pelo prefeito a proposta de que o empresário Maurício Nazaré fizesse sua filiação ao PL - Partido Liberal, que tem em Itaúna a liderança da vice-prefeita Gláucia Santiago. Além da proposta de filiação do empresário, foi também exposto pelo Senhor Prefeito que se fizesse uma pesquisa no momento oportuno para saber quem seria o candidato do grupo. Ouve-se por aí que a vice Gláucia teria concordado e que o acordo ficou firmado, inclusive, a FOLHA na sexta-feira, no apagar das luzes, publicou no site que Maurício Nazaré teria se filiado do PL. A notícia, porém, para surpresa nossa, caiu como uma bomba no meio político, e teve uma reação também explosiva da vice-prefeita, que fez publicar nas redes sociais uma nota oficial, reafirmando que é pré-candidata a prefeita e que não havia nenhum acordo. Com a situação, Maurício Nazaré, que havia feito sua filiação no PL em Belo Horizonte, teve que rever a situação, e acabou se filiando no PSD do Senhor Prefeito Neider Moreira.

A semana começou então com mais um jogo, de um lado, com a vice-prefeita Gláucia reafirmando a sua pré-candidatura ao cargo majoritário e, do outro, com o Senhor Neider, fazendo “jogo” e, dizem, declarando que “teria ficado livre da Gláucia”. Informações, inclusive de reuniões lá no prédio do Boulevard, são de que o “coronel” teria dito que preferiria ir para a casa fazer churrasco do que apoiar a Gláucia. Ou seja, o racha já existente veio a público e a semana termina com várias demissões de funcionários de confiança da vice-prefeita. E em meio a essa, digamos, confusão montada, ficou evidente que o prefeito tem seus nomes para concorrer ao cargo majoritário e acredita que tem chances no pleito, apesar de estar ciente também, conforme informações, de que o seu desgaste como político é muito grande. E, com os posicionamentos evidenciados com os episódios desta semana, o que ficou evidente é que o Senhor Neider, com a “jogada” da filiação de Maurício Nazaré e a proposta de pesquisa, queria mesmo era “passar a mão” no PL, então da Gláucia, e jogar para fora a vice-prefeita. Deu errado.

Em nosso entendimento, fazendo uma leitura mais aprofundada da situação no decorrer da semana, quem saiu vitoriosa foi a vice-prefeita Gláucia, que ficou livre do vínculo com o Senhor Prefeito, que já não tem o apoio da maioria da população, está muito desgastado e não tem mais como refazer o seu nome como administrador público em curto prazo. Em síntese, a Gláucia é quem ficou livre do rótulo de candidata Neidista ou vice do Senhor Neider. Agora ela pode trilhar o seu caminho de pré-candidata sem barreiras e com o bastão nas mãos, pois, encurralada na prefeitura, não tinha como brilhar em um governo extremamente desgastado e com deficiências por toda parte, pois seu nome estava vinculado. Agora, livre do Senhor Neider, cabe a ela saber administrar a pré-campanha e levar o seu nome até as convenções partidárias, pois a disputa e a campanha são outras etapas que vão entrar em cena somente depois de julho. 

Acho que podemos afirmar que, até que enfim, a Gláucia se livrou do Neider, no sentido de uma construção de candidatura ao cargo majoritário, pois, no momento, como já afirmamos, não é nada bom ter o nome vinculado ao do Senhor Prefeito. Então não entendi alguns posicionamentos de pessoas ligadas à Gláucia e de outros ligados ao Neider quando afirmaram que não era momento para brigas políticas. Ora, este é o momento, pois, quando “dois bicudos não se beijam”, o melhor é o distanciamento, num é mesmo, Senhor Neider? E mais: eleição é um jogo, o brasileiro gosta de jogar e conduz o jogo sem pensar na lógica, e sabe que, se “der zebra”, não pode reclamar. Nesta etapa do jogo que vai até o fim de setembro, repito, em nossa opinião, quem ganhou foi a pré-candidata Gláucia, que ficou livre do desgaste do “coronel” e pode olhar para frente com mais amplitude, direito de escolha e, mais que isso, deixando seu nome fora das bandalheiras. Enquanto isso, tem candidato assistindo de camarote e se deliciando... Quanto ao churrasco... Estamos aí!