Carnaval: tudo igual ao que passou...

Carnaval: tudo igual ao que passou...


Ainda bem que é o último ano de mandato do prefeito e, com certeza, quase que absoluta, que é o último carnaval no Boulevard Lago Sul. 

É incrível como a equipe do nosso ilustre prefeito, Dr. Neider Moreira de Faria, não se importa com a população num todo e só se preocupa mesmo é com ela mesma e seus apaniguados. É a máxima: “Eu, nós e o resto que se...”. O carnaval do ano passado, realizado lá na Av. Boulevard, em frente à prefeitura – e, diga-se de passagem, com uma estrutura muito bem montada, mas que não agradou quase ninguém, principalmente o povão, e na sequência, os foliões, os organizadores dos blocos e os vendedores ambulantes, além dos comerciantes da Avenida Jove Soares –, vai se repetir. A verdade é que todos que participaram de alguma forma reclamaram de alguma coisa, e com muita razão. Pois veja bem: o povão que foi para assistir aos desfiles e ou participar dos blocos teve que se locomover de ônibus até o local, que é distante da área central, e os que tem carro tiveram problemas de estacionamento na região, inclusive, com roubos de e nos veículos estacionados em ruas paralelas nos bairros adjacentes; os organizadores dos blocos, literalmente, “engoliram” a decisão oficial da secretaria de Cultura, que praticamente impôs os desfiles na estrutura montada e não admitiu sequer discutir alternativas, e ainda ameaçou cortar a verba oficial dos blocos; os vendedores ambulantes também ficaram possessos, pois não puderam comercializar os seus produtos e ficaram sem a féria dos quatro dias de farra, quando faturariam algum dinheiro extra; e os comerciantes da Prainha, todos odiaram a decisão, pois a oportunidade de futurar mais nos quatro dias de folia, literalmente, foi por água abaixo. 

Este ano, no decorrer dos últimos meses, chegamos a ouvir dos organizadores dos principais blocos que eles não concordariam em desfilar no Boulevard e que queriam o carnaval na Prainha, como antigamente. Inclusive, chegamos a fazer a cobertura de uma das primeiras reuniões para discutir a questão na Secretaria de Cultura, entre o secretário e os “donos” de blocos, mas o que assistimos foi um posicionamento de subserviência dos organizadores dos blocos, que, “amarrados” pela verba de ajuda para o desfile, concordaram com tudo e sequer chegaram a impor e/ou solicitar uma discussão sobre o tema. Apenas concordaram. 

E agora, 20 dias antes do carnaval, tudo ficará como antes, ou seja, fizeram muito barulho e, no momento de impor postura, viraram “cordeirinhos”, e a folia será como no ano passado, ou seja, quem quiser participar, seja como folião ou como espectador, terá que se locomover até o Boulevard, seja a pé, de carro, por aplicativo ou ônibus, e terá que correr todos os riscos em se tratando de “perigo” e o pior, terá de levar dinheiro no bolso, pois não poderá levar sua cerveja e/ou o seu lanche e sequer os refrigerantes. Será obrigado a comprar na estrutura montada com carros de lanches e barracas de vendas de bebidas, que têm os “donos” escolhidos a dedo e um gerente maior que controla tudo, ou seja, é o “dono do pedaço”. Dizem! E o pior, ao que parece, tem mais gente que fatura com a coisa... Dizem!

E, numa leitura simplificada, ao que parece, é tudo muito bem montado nos dois sentidos. Na questão estrutura, tudo fica muito bom, na verdade, fica um espetáculo... pois tem palco com sonorização de primeira, praça de alimentação com alternativas de bebidas e comidas e uma pista para shows e outra para os desfiles dos blocos. As catracas na entrada para a estrutura do carnaval fechado, monitoradas pelos seguranças, dão mais tranquilidade para quem vai participar, pois entrar com armas é quase impossível, mas também não pode entrar com bebidas e muito menos comida. Enfim, tudo pensado para dar lucro para uns poucos que são apaniguados dos dirigentes públicos municipais. Infelizmente o resumo é esse. 

E a festa de carnaval, a mais popular do país e que em nossa Itaúna sempre foi muito gostosa – com os blocos e escolas de samba subindo a Rua Silva Jardim e adentrando a nossa Praça da Matriz, com as arquibancadas montadas do lado direito de ponta a ponta, ou seja, de frente da Matriz até a esquina da Quinota, ou até o sobrado do Zé Herculano, onde está hoje o hotel Ponto Chique, até a década de 90 –, ficou mesmo só na lembrança. Depois veio a Av. Jove Soares, a nossa popular Prainha, onde uma estrutura de arquibancada era montada atrás do muro do Orfanato, e os blocos desfilavam pra valer até a esquina da Rua Antônio Corradi, onde era montado o palanque das “autoridades”. Em seguida ao desfile, a noite continuava com muita música, no espaço externo do Espaço Cultural, no denominado Carnaval Popular. E assim funcionou até 2022, quando resolveram transformar a folia popular numa festa controlada em todos os sentidos, inclusive na direção dos desfiles dos blocos atrás do trio elétrico, e até o que o povo vai comer e beber pagando caro. O dinheiro? Este vai para o bolso de poucos.

E, assim, o nosso carnaval não é mais o mesmo de outrora, quando todos participavam e se misturavam na avenida... Não havia divisão de classes e muito menos de cor... Todos escutavam e assistiam as baterias e muitos corriam e pulavam atrás do trio elétrico. Hoje? Algumas centenas de pessoas tentam descer pulando alguns metros pela Avenida Boulevard, cercada e comandada por poucos. É a máxima popular: “Tudo como dantes no Quartel de Abrantes”.