Mudança de ponto na Praça “aviva memória” dos cidadãos

Pontos de embarque e desembarque complicam o trânsito e deixam população sem abrigo, sem segurança, sem conforto...

Mudança de ponto na Praça “aviva memória” dos cidadãos


O cidadão de boa memória deve lembrar das muitas vezes em que a promessa de construção de um terminal de ônibus urbanos foi prometida pelos políticos itaunenses. Mas, se a memória não ajudar, basta uma pesquisa rápida na internet para encontrar as várias matérias publicadas, inclusive, anunciando o “início da construção do terminal de ônibus”. Porém a realidade é a mesma de antes e a situação só se complica para os cidadãos que necessitam fazer uso do serviço de transporte coletivo em Itaúna. Se já não era um dos melhores serviços prestados na cidade, nos últimos anos, a situação piorou, e muito. Isso apesar dos anúncios espetaculosos feitos pela Prefeitura, inclusive, com o prefeito Neider Moreira afirmando, em uma destas oportunidades, que o cidadão poderia acompanhar, metro a metro, a locomoção dos ônibus pelas ruas da cidade, por meio de um aplicativo. A realidade é que os usuários ficam nos pontos rezando para que o horário anunciado seja cumprido pela empresa.

Os horários não são cumpridos, falta fiscalização por parte da Prefeitura, os veículos normalmente estão em péssimas condições de uso, sujos, com problemas mecânicos, motoristas estressados pela sobrecarga de trabalho, pontos de ônibus na área central sem opção de abrigo aos passageiros... E some-se a isso, conforme reclamações de usuários, intervenções por parte da Prefeitura que pioram a situação. A mudança do ponto de ônibus na Praça da Matriz, que ficava ao lado do “Boteco da Esquina”, para a frente da agência do Banco Mercantil, por exemplo, foi uma delas. No local antigo as pessoas não tinham abrigo, mas contavam com a segurança (e até informações) oferecida pelo funcionamento do referido bar e de uma lanchonete, desde as primeiras horas do dia até o anoitecer. Além disso, também conseguiam abrigo nos referidos comércios e até acesso ao sanitário, já que o banheiro público – construído mais recentemente, na Praça da Matriz – só funciona até 16 horas.

Mudaram o ponto para um local sem qualquer movimento nas primeiras horas do dia e após as 18 horas, causando além da insegurança para os passageiros, incômodo para comércios, vizinhos e até mesmo no acesso aos edifícios do local. Isso, com a alegação de que “facilitaria” o acesso a passageiros e veículos. Na verdade, conforme as pessoas que se utilizam do local, a situação piorou “em todos os sentidos, até mesmo com os riscos de acidentes, devido à posição de parada e saída dos ônibus, próximo a uma esquina, onde grande parcela dos veículos converge à direita e a maioria dos ônibus à esquerda”. 

Mudança do ponto do Morada Nova

Desde a segunda-feira, dia 8, nova mudança em relação aos pontos de ônibus na Praça da Matriz teve início. Desta feita, mudou o ponto final da linha do Morada Nova para o antigo ponto do ônibus do Bairro de Lourdes, em frente a um estacionamento que funciona ao lado do Edifício Maria Tereza. A alegação principal para a mudança é que “a medida levou em conta a segurança dos moradores do bairro Morada Nova, dos colaboradores da empresa e usuários do transporte público”. Isso porque ocorreu no início do ano um atentado com um ônibus sendo incendiado no ponto final do bairro, causando vários danos a moradores do local, inclusive físicos.

A mudança vem sendo contestada por motoristas que notaram piora no trânsito do local, com os ônibus parando de forma a complicar o fluxo. Também existem informações de que empresários e comerciantes da região estão preocupados com a situação. Além, é claro, da falta de um mínimo conforto aos usuários do transporte coletivo, o que, aliás, é notado, de forma geral, na grande maioria dos pontos de ônibus da área central da cidade. Sol, chuva, insegurança, ausência de serviços, como acesso a sanitários, dentre outros problemas, somados aos constantes atrasos de horários, compõem a realidade dos usuários do transporte coletivo de Itaúna. Isso sem tratar da questão do valor das passagens.

Terminal de ônibus anunciado várias vezes

Duas das últimas reportagens divulgadas na mídia local, com falas de pessoas ligadas ao poder público e à empresa concessionária do transporte público de Itaúna demonstram como a questão é tratada no município. Em uma publicação de 2021, o representante da empresa informou até o local onde seria construído o terminal. Em 2022, foi a vez de o prefeito dizer que “muito em breve a obra (de construção do terminal) será iniciada”. Nem uma fala, nem outra se tornaram realidade, apesar de um longo período.

No primeiro caso, em 19 de maio de 2021 – há dois anos –, o advogado representante da concessionária Viasul (responsável pelo transporte coletivo da cidade), Jardel Araújo, que ocupou o cargo de procurador-geral do Município no primeiro mandato de Neider e é marido da atual secretária de Desenvolvimento Social da Prefeitura, explicou uma “mudança de local” na construção do terminal. Arguído pelo vereador Tidinho, que quis saber sobre o andamento do projeto do terminal, ele disse que o estudo, que estaria a cargo do Cefet-MG, não tinha sido implementado devido à pandemia. Depois, informou que houve uma mudança no local de construção do terminal, previsto anteriormente para a Rua Zezé Lima, agora seria construído na Praça José Flávio de Carvalho. Dois anos depois, nada.

Já o prefeito, no dia 23 de abril de 2022 – há mais de um ano –, afirmou em jornal da cidade que esteve em Curitiba para conhecer o sistema de transporte público daquela cidade. E teria afirmado, conforme a publicação: “Estou convencido de que é preciso fazer mesmo a integração das linhas do transporte público, como é feito em Curitiba. Esse sistema poderá ajudar a racionalizar melhor o serviço e diminuir o valor da tarifa”. Confirmou o local de instalação do terminal na Praça José Flávio de Carvalho – que fica bem distante da Praça da Matriz e do chamado hipercentro de Itaúna – e anunciou que a construção aconteceria “muito em breve”. Treze meses depois, também nada. Resta saber qual o conceito de “muito em breve” do gestor.