Esgoto continua sendo jogado no Rio São João na área urbana

Em vários pontos dos ribeirões dos Capotos e Joanica e também no Rio São João, é possível encontrar descargas de esgoto

Esgoto continua sendo jogado no Rio São João na área urbana
Foto: Reprodução/Rádio Sol


Pouco mais de seis meses após a inauguração da ETE – Estação de Tratamento de Esgotos de Itaúna, os cursos d´água que cortam a área urbana do município continuam recebendo descargas de esgoto in natura (sem tratamento). Como mostra a imagem postada pela rádio digital Sol, de Itaúna, mais um ponto de descarga de esgoto foi denunciado pela população nos últimos dias. A imagem mostra o esgoto caindo no Rio São João, próximo a uma ponte que dá acesso ao Bairro Sion. 

Na região de Garcias e Santanense, cortada pelo Ribeirão dos Capotos, a denúncia de descarga de esgoto é diária. Na semana passada, a FOLHA publicou em sua primeira página as imagens da espuma que, segundo denúncias, é provocada pelo volume de esgoto que tem sido despejado no São João em Santanense. A imagem foi feita próximo da ponte da rodovia MG-050, no trevo do Bairro. Além da espuma mostrada, o mau cheiro é grande naquela região. 

Já na região da Várzea da Olaria até a Vila Tavares, por onde corre o Ribeirão Joanica, as reclamações são as mesmas, de muito esgoto que é despejado no rio. Outro ponto com constantes reclamações fica próximo da rodoviária e do “canteiro de obras” da Prefeitura. Naquele trecho são diversas as denúncias de descarga de esgoto, assim como ao longo do Rio São João em seu trecho de área urbana.

Discurso difere da prática 

Quando da inauguração da ETE, em setembro de 2023, o prefeito afirmou que “(...) isso aqui tem uma importância fundamental do ponto de vista ambiental e de saúde pública, do ponto de vista social… porque isso aqui transforma a vida das pessoas… isso aqui é transformador”. Se o funcionamento da ETE realmente é um fato transformador, os benefícios ficaram no discurso. Isso porque informações são de que a Estação de Tratamento de Esgoto ainda não consegue funcionar como deveria. E é recorrente a informação de que mais da metade do esgoto produzido em Itaúna não chega à ETE, e mesmo assim o volume que chega não estaria sendo tratado, porque o sistema não estaria funcionando para o efetivo tratamento. 

Em relação aos problemas de descarga de esgoto no rio, o SAAE, que é a autarquia municipal responsável pelo saneamento, informa que está “atenta aos problemas”, mas alega sempre que “faltam recursos”. A diretora do SAAE, em participação na Câmara, ainda no ano passado, afirmou que “restaurar pontos é mais rápido, mas demanda recursos”. E apontou a necessidade de aportes de algo em torno de R$ 7 milhões para as obras. Ainda no ano passado, o SAAE tentou obter os recursos junto à Agência peixe Vivo, órgão de fomento do saneamento básico, que investe o dinheiro arrecadado com a cobrança pelo uso da água na Bacia do São Francisco. Porém, conforme informações tornadas públicas, a proposta de Itaúna, apesar de ter boas perspectivas de aprovação, não foi municiada com as informações pertinentes. Nem mesmo a informação de que o Município contava com a ETE em vias de ser inaugurada teria sido juntada ao pedido de recursos. Mais recentemente a informação era de que o Município se inscreveu junto ao PAC, programa do Governo Federal para obter o dinheiro necessário às obras. E, enquanto a solução não chega – e os comentários são de que não chegarão neste mandato –, o esgoto continua a ser despejado no Rio São João, aos olhares complacentes da administração e de outras instâncias, mesmo podendo caracterizar crime ambiental, passível de punição. E a ETE? “Dizem que vai funcionar”, como afirmou um político com mandato à reportagem.