Eles ainda não perceberam que são públicos

Eles ainda não perceberam que são  públicos


Nas últimas semanas, fui questionado algumas vezes por cidadãos comuns e por pelo menos dois políticos com mandato sobre publicações no jornal. Todos me interpelaram, de forma incisiva e até grosseira, sobre o porquê de expor a postura, atos e imbróglios de alguns vereadores na última edição da FOLHA. Ouvi, mas, no caso de um vereador, também acabei por literalmente perder a paciência, mandando-o à PQP. E justifico o ato, pois a figura, que sempre foi paparicada e se acha o “bonitão da bala Chita”, entende que pode fazer o que quiser, falar, gritar, puxar o saco de ex-deputado estadual, deputado federal e de prefeito e, até mesmo, tentar controlar a imprensa. E o pior, se acha no direito de ligar para jornalista às 5h45 da manhã, no sábado, para questionar, reclamar e até mesmo agredir verbalmente. Então, imagine, a reação não poderia ser outra a não ser a já citada. 

Esta semana, ouvi do meu advogado que o advogado do prefeito teria dito dentro do juizado especial que “ficou impressionado com a minha ficha judicial”, ou seja, minha lista de processos. Bom, e ouviu como resposta que, por incrível que pareça, entre mais de 30 demandas, a maioria já baixadas, não há nenhuma condenação. Ou seja, todos são inerentes à minha profissão. Tenho a consciência tranquila e a certeza de que faço meu papel, profissionalmente tentando cumprir minha responsabilidade para com a comunidade, na defesa da minha cidade, onde nasci, cresci, vivi e estou envelhecendo. Tenho a consciência de que estou profissionalmente certo ao noticiar o dia a dia dos políticos, suas ações públicas e seus “devaneios”, desde que estes estejam diretamente ligados à coisa pública e aos seus cargos. Assim como tenho a plena consciência de que não tenho nada com a vida particular deles. Sei até onde posso ir.

Tanto acredito que os vereadores envolvidos nas matérias do jornal na edição impressa da semana passada, todos, sabem que deram motivos para a imprensa publicar seus devaneios e suas ações, desde o presidente da Casa Legislativa até os ditos “oposicionistas” de plantão. Agora, não sou obrigado a ouvir lamúrias de vereador, preocupado com a família. Ora, não sou eu o culpado por a sua família e seus eleitores ficarem sabendo das suas ações. Eu não tenho nada a esconder de ninguém, minha vida é e sempre foi um livro aberto, portanto... Meus processos, minhas posições, sejam particulares, políticas e/ou profissionais, sempre foram de conhecimento de todos. Quando escrevo, assino e assumo. O mesmo deveria acontecer com os políticos de plantão, principalmente os de “primeira viagem”. 

Uma coisa é certa: não sou obrigado a atender político às 5 horas da manhã de sábado para choramingar matéria publicada. A resposta foi clara e direta: O Fórum fica na Praça. E continuo com a mesma opinião. Assim como tenho o direito de publicar sobre a vida pública do vereador, do prefeito, do deputado, dentre outros políticos com mandato e/ou cargos de primeiro escalão e de outros de confiança, tenho o dever de responder pelo que escrevo e edito, mesmo não sendo eu o autor. Sou o diretor responsável pelo jornal. Assim, mais uma vez, quero deixar claro que não vou deixar de publicar o que é de interesse da população. E a vida pública do político com mandato é do interesse de todos. E isso não tem nada a ver com amizade, tem a ver com profissionalismo. Assim como a postura do político com mandato tem a ver com caráter, postura pública e respeito ao eleitor. 

Assim como faço críticas, também reconheço as ações importantes para a população. Na edição da semana passada mesmo, se havia matéria falando sobre uso indevido da coisa pública, também havia outra anunciando o trabalho de um dos citados na cobrança de solução de problemas levantados pela população. Ou seja, este vereador – metido a certinho, que não erra, e se erra, a imprensa e ninguém pode falar, e que foi criado com chupeta, fralda descartável e mamadeira de Toddynho – não observa quando o jornal faz elogios ou publica suas ações positivas. Ou seja, quer só o “venha a nós”. E outra: ele nunca erra. Mas um dia ele ainda aprende. 

O que entendo é que, ao se candidatar a cargos públicos, o cidadão deve ter a ciência de que sua vida passa também a ser pública. Suas ações enquanto político são da conta de todo cidadão, pois ele é um representante do povo e, assim, deve ter postura também pública. E assim sendo, entendo que tenho o direito de divulgar a postura pública desse político. Nunca deixei de fazer isso, e não vou deixar enquanto tiver forças para trabalhar. Não quero saber se esse político é meu amigo ou se seus familiares são pessoas que gosto e respeito. Vou fazer meu papel como sempre fiz nesses 45 anos de profissão. Não tenho nada a esconder de ninguém e muito menos tenho medo de cara feia de político de primeira viagem e metido a besta. Repito: O Fórum fica na Praça Dr. Augusto Gonçalves. E gostaria de deixar bem claro aqui que o jornal está aberto para todos, inclusive para os políticos que se sentirem injustiçados. Se acha, ou acham, que o jornal errou ao publicar matéria envolvendo atos seus, busque o direito de resposta, amigável ou judicialmente. Nunca deixei de cumprir o que as leis determinam. Mas também nunca “passei a mão na cabeça de político algum”, seja ele meu amigo ou não. 

Enquanto eu tiver forças e o jornal for editado por mim, ele vai cumprir o seu papel de informar, cobrar e questionar e/ou elogiar os homens públicos dessa nossa terra barranqueira do Rio São João Acima. E isso vale não só para os homens públicos, mas para todos os cidadãos, pois, na maioria do tempo, somos pessoas públicas, basta colocarmos os pés para fora do portão de casa. Então, ilustres vereadores, prefeito, vice-prefeito, funcionários públicos, pensem antes de agir por impulso ou mesmo conscientes, pois estão expostos ao conversar ou ao se posicionar sobre assuntos que envolvem toda a comunidade. 

Profissionalmente, vou continuar cumprindo o meu papel de informar e/ou questionar o homem público sobre a sua postura, o seu pensamento em prol do cidadão e de toda a comunidade. Tenho o direito de opinar como cidadão e como jornalista. E não sou obrigado a ouvir choramingo de vereador de primeira viagem e que se acha o bam-bam-bam... Tem muito o que aprender. Amigo, vai trabalhar para a reeleição... O caminho é longo...

Por: Renilton Pacheco