MAU CHEIRO - Moradores do entorno da Patense reclamam de poluição da empresa

Gases malcheirosos na produção de ração incomodam vizinhança há muito tempo

MAU CHEIRO - Moradores do entorno da Patense reclamam de poluição da empresa
Foto: Divulgação/FOLHA


O problema não é novo, mas a solução não acontece, mesmo após várias afirmativas por parte da empresa de que estaria buscando um final para a questão. Trata-se da poluição provocada pela fabricação de rações na Patense, instalada na região da comunidade de Mato Grosso, às margens da MG 431, sentido Pará de Minas. O mau cheiro provocado pelo processo de produção da empresa incomoda, muito, tornando a vida de moradores e sitiantes das proximidades e até mesmo de áreas urbanas de Itaúna uma tormenta. Em 2017 uma proposta de lei das vereadoras de então, Otacília Barbosa e Márcia Cristina, trouxe legislação exigindo medidas de mitigação do problema. Porém, seis anos depois, o mau cheiro continua a gerar desconforto nas pessoas. A reportagem da FOLHA voltou a ser acionada pelos moradores da região, nesta semana, para reforçar a denúncia e a busca de solução para o problema.

O odor é tamanho que gera até mesmo imagens. Pode parecer estranho, mas é real, pois o mau cheiro é tanto que pode ser “visto” em imagens captadas quando os gases são expelidos pelas chaminés da indústria. E ouvidos, como se pode observar em vídeo feito quando o processo parece ser queima de algum produto no interior da fábrica. E, como não bastasse o mau cheiro, o som emitido pelo processo causa desconforto também aos animais. A situação não é nova, o desconforto é imenso, e a necessidade de que os empresários e as autoridades busquem uma solução que só tem prejudicado os moradores do entorno é urgente.

Empresa admite o problema

A reportagem da FOLHA teve acesso a prints de conversas de moradores com pessoas responsáveis pelo setor de meio ambiente da Patense e pôde constatar que a empresa tem conhecimento da situação, e até promete soluções. Em uma das conversas, a funcionária de nome Adriane informa que “a obra será concluída em 29/9 (não está registrado o ano)” e, em seguida, diz que “recebemos os lavadores e os biofiltros. Vamos terminar a instalação dos tubos para começar a fase do tratamento (dos gases)”. 

O interlocutor da conversa afirma que “os cães e os pássaros também estão sentindo muito o problema”. Mais adiante, a funcionária da Patense recebe um convite: “Manda alguém para tentar se alimentar aqui em casa, quando vocês fazem a emissão dos gases”, em mais uma tentativa desafiadora de demonstrar o problema. A funcionária responde que sim, que a empresa pode fazer isso. Em outra conversa, no grupo de nome S.O.S. Bem-Estar da Comunidade do Mato Grosso, os apelos são religiosos. Deus é invocado para ajudar. Uma pessoa fala que “moradores de perto do Poliesportivo JK” – bairro Cerqueira Lima, área urbana de Itaúna – estariam reclamando do mau cheiro (o que é um exagero). Uma outra pessoa “comemora” afirmando que “talvez assim as autoridades vão olhar, se as pessoas da cidade reclamarem”.

O problema persiste. Solução anunciada no Paraná

Passados todos esses anos, o problema persiste. A cada emissão de gases na atmosfera, o odor fétido invade casas, narinas, das pessoas que moram ou trabalham nas proximidades da fábrica. Até afirmativas de que existem ameaças de demissão se pessoas ligadas a funcionários reclamarem, já foram registradas. A empresa nega. Em rápida pesquisa da reportagem,  foi encontrada matéria anunciando que projeto desenvolvido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná “é responsável pela criação de um filtro inédito desenvolvido para diminuir a emissão de gases industrias que causam mau cheiro”. E acrescenta que “o projeto está entre as oito patentes aprovadas pelo Prime, numa parceria do Sebrae, Governo do Paraná e a Fundação Araucária. O novo filtro pode dar uma solução mais acessível às empresas que devem seguir as normativas de gestão de poluentes, além de acabar com inúmeros conflitos entre moradores que residem nas proximidades das áreas industriais”.

Foram menos de 5 minutos de pesquisa na internet para saber que o problema não é só da Patense e sim de Itaúna, mas que existem soluções sendo buscadas. Resta agora às autoridades, especialmente da área ambiental de Itaúna, e aos empresários atuarem com efetividade na resolução do problema, para que o sofrimento não seja eterno, afetando somente os moradores e o ambiente do entorno da fábrica, clamam os moradores da região.