Êta Brasil velho...

Êta Brasil velho...


Item 1: Zema

O governador de Minas, Romeu Zema, um caipirão ignorante que do sábio caipira mineiro só tem o sotaque, deitou falação e como o esperado vomitou seus preconceitos racistas. Ele propôs a união do Sul e Sudeste contra possíveis pretensões e privilégios do Norte e Nordeste. Sua fala estimulou os neofascistas e neonazistas de acedência europeia do Sul, que sempre pregaram a separação da região.

O governador, na sua desastrada fala, demonstrou sua infinita ignorância sobre o Estado que governa a quase cinco anos. Ele não sabe que aqui existe o Polígono da Seca, o semiárido do Norte de Minas que goza dos mesmos incentivos do Nordeste. Claudicando na gramática, não conhece as quatro operações da aritmética, e pior, não conhece Adélia Prado, uma das maiores poetisas do Brasil que vive em sua genial modéstia, alheia, em Divinópolis.

Esse cidadão, que parece ser um empresário vencedor na atividade comercial (certamente obtendo vantagens fiscais) e que demonstrou seus “conhecimentos” matemáticos ao vivo e a cores na televisão, deve ter um bom contador para administrá-las. Parece que Zema tem pretensões presidenciais. Num país que gestou um Bolsonaro, seu ídolo e mestre, terá um futuro promissor. Vá em frente, governador.

Item 2: militares

A cada dia as mazelas do governo do capitão vêm sendo divulgadas em toda a sua dantesca dimensão. Bolsonaro, com seus militares de farda e pijama, conseguiu jogar o respeito das forças armadas no pântano pegajoso que constituiu seu governo. A cada dia um escândalo! Dizem por aí que os militares estão “sensíveis” com os acontecimentos. Não sei que tipo de sensibilidade! Será por causa do fato de o poder institucional os estarem chamando as falas ou pelos maus feitos de oficiais estrelados? É realmente preocupante ter um almirante e ministro de Estado fazendo papel de mula do capitão-presidente no tráfico de muambas (joias) da Arábia Saudita! E ter um general de quatro estrelas, Mauro Loureni Cid, pai do notório Mauro Cid, como camelô de joias desviadas do patrimônio nacional vendidas nos EUA pego com o dinheiro depositado na sua conta em banco norte-americano?! Nesses casos é até compreensível um reles sargento da aeronáutica traficar cocaína num avião da presidência da República em viagem oficial à Europa.

Nessa crise monumental em que o país está metido temos a oportunidade de passá-lo, definitivamente, a limpo. Não podemos tolerar eternamente a presença de militares golpistas, estimulados por empresários de mau caráter, a colocar o país sempre à beira do caos.

O governo legitimamente eleito dentro das regras civilizatórias deve ter a coragem de enfrentar esta questão. Na minha modesta opinião sugiro ao presidente o seguinte: convocar uma reunião com ministros, comandantes militares, presidentes da Câmara e do Senado, todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, PGR, AGU, o presidente da OAB, governadores e comandantes das Polícias Militares dos Estados para discutir o problema Brasil de maneira clara, sem medo e intimidações. Como os militares são muito “sensíveis” e não entenderam até hoje seu papel constitucional, a primeira pergunta do presidente deve ser dirigida a eles: “Qual a opinião de vocês sobre seu papel”? Se os militares acharem que são uma corporação sem defeitos, se estão felizes com seu envolvimento na política e as consequências desse fato, como os escândalos citados acima, não há solução diferente de uma ampla limpeza dentro dos quartéis.

A história do capitão-presidente deve ser bem conhecida pelos comandantes militares, mas não custa lembrar que ele sempre foi um insubordinado. Com sua folha corrida e a ação da Lava-Jato chegou à presidência da República. Seu governo nefasto e genocida estimulou milhões de brasileiros a saírem do armário e apoiarem suas ações desumanas. Pregou o golpe desde o primeiro dia de sua posse, jamais soube o papel de um presidente em um regime democrático, nomeou milhares de militares para ministérios civis, forçou, na reforma da previdência, concessão de privilégios aos militares e traiu o Brasil na reunião com embaixadores de 50 países, desancando nosso sistema eleitoral. Como consequência foi devidamente punido pelo STF, que o tornou inelegível.

Os militares, diga-se de passagem, respeitaram a vontade popular na eleição do capitão, mas não podem embarcar na canoa furada do golpismo pensando que se manterão no poder. É necessário deixar bem claro nesta suposta reunião o respeito à Constituição. Não estamos em 1964, em plena Guerra Fria, por isso eles não terão apoio no mundo civilizado para um novo golpe de Estado, com cenas de tortura, assassinatos e barbárie. Se com os fatos atuais não aprenderam nada, certamente terão que ser enquadrados como qualquer cidadão.

Venho batendo na tecla da profunda reforma que deve ser feita no currículo de nossas academias militares! Vejam o tipo de oficiais produzidos na Academia Militar de Agulhas Negras: Villas Boas (protetor de Bolsonaro), Braga Neto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio, Hamilton Mourão, Garnier etc. e etc, golpistas de primeira água se submetendo a um capitão mastodôntico.

A hora é agora, os militares estão em baixa e não serão capazes de intimidar o poder civil. Terão, forçosamente, de entender o seu papel, que o general Tomás Paiva, comandante do exército, definiu claramente: as forças armadas são fundamentais na defesa de nosso país. Queremos manter o respeito por eles, mas exigimos que ajam dentro da lei. Não podemos aceitar privilégios de membros estrelados que cometem crimes.

Esta reunião deve ser entendida como a lavagem de roupa suja de nossas forças armadas, sem ofensa e sem revides. Com isto deveremos reescrever a história do Brasil, onde todos enxergarão o início de uma nova era dentro dos marcos civilizatórios.