Criança de Itatiaiuçu morre esperando leito de UTI pediátrico
Menina de três anos foi atendida na policlínica da cidade vizinha e encaminhada para o Hospital de Itaúna, onde foi entubada e ficou à espera da liberação
A morte de uma criança de três anos de idade, moradora da vizinha Itatiaiuçu, expõe uma situação crítica de cidades da região, devido à falta de leitos de UTI pediátrica, como aponta a situação descrita. Conforme os pais da menina Thayla Heloisa Roberto Gomes da Silva, ela apresentava febre há alguns meses e, devido à piora de seu quadro, ela foi lavada à Policlínica de Itatiaiuçu, no domingo, 18 de junho, para ser medicada. No local, a criança recebeu uma medicação e foi liberada.
Ainda segundo os pais da criança, pouco tempo depois, Thayla piorou, passando a vomitar e a cuspir sangue. Novamente ela foi levada à policlínica, onde foi apurado que ela poderia estar com pneumonia ou mesmo com Dengue hemorrágica. Em seguida a menina foi socorrida e encaminhada para o Hospital Manoel Gonçalves, em Itaúna, em uma ambulância do Samu, que foi solicitada para atender ao caso. No hospital de Itaúna, a criança deu entrada na Sala Vermelha, onde foi atendida e, devido à gravidade de sua saúde, ela foi entubada, permanecendo internada à espera da obtenção de um leito de UTI pediátrica em outros hospitais da região ou mesmo em Belo Horizonte.
O hospital de Itaúna não possui esta unidade e é necessário que seja conseguido este leito, por meio da Central de Leitos do Governo do Estado. Porém o caso da menina se agravou e ela não resistiu, indo a óbito. Conforme a direção do Hospital, em nota, “todos os procedimentos de atendimento a criança cumpriram os protocolos médicos assistenciais e não foram medidos esforços para que a vida fosse preservada, apesar da gravidade do caso, sendo a criança atendida na Sala Vermelha e entubada até que fosse possível realizar a transferência para unidade hospitalar que a atendesse com UTI pediátrica, pois o Hospital Manoel Gonçalves não dispõe de UTI Pediátrica, porém antes que a vaga surgisse, a criança apresentou duas paradas cardiorrespiratórias, vindo, infelizmente, a falecer”.
A família da criança, inconformada com a situação, denunciou o fato junto à imprensa da capital e registrou uma ocorrência policial para que inquérito seja instaurado e apure se houve culpabilidade na morte da criança. A situação, conforme apurou a reportagem junto a pessoas do setor de saúde, é mais complicada, pois trata de ausência de UTI pediátrica para atender a uma grande região. Divinópolis é uma das cidades que possui esse tipo de leito, porém para atender à região com centenas de milhares de habitantes, que inclui Itaúna, Itatiaiuçu e cidades do entorno, o que os deixa sempre ocupados. É necessário que as autoridades desses municípios se unam em torno da implantação de mais leitos de UTI pediátrica, antes que mais crianças percam a vida por falta de atendimento especializado, apontam esses profissionais. Dizem conviver com situações parecidas, diariamente, sem ter como agir “em casos em que falta o equipamento necessário para salvar uma vida”, como afirmou um deles à reportagem.