Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias

Pais de alunos do Colégio Santana cobram “modernização” no sistema de segurança da escola. Redes sociais espalham boatos e até mesmo denúncias infundadas de “homem atacando crianças” circularam na imprensa local nos últimos dias. PM inicia reforço na segurança escolar em todo o estado.

Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias
Divulgação/PMMG/9ª Cia PM Ind. e reprodução de comunicado do Colégio Santana
Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias
Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias
Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias
Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias
Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias
Boataria após ataque em escola leva pânico às famílias


Uma onda de boatos e de notícias, envolvendo ataques a estudantes e professores, em escolas e fora delas, tomou conta do Brasil após a tragédia de Blumenau, Santa Catarina, quando um homem pulou o muro de uma creche e matou quatro crianças, no último dia 5.

Por um lado, a onda de boatos cria estado de pânico nas comunidades, muitas vezes com apoio da imprensa que dá vazão à boataria, em busca de ‘manchetes’. Porém, a situação serve também para que se discuta a necessidade de atualizar medidas de segurança nos estabelecimentos escolares e de retomada do respeito às salas de aula, questões ‘esquecidas’ já há algum tempo em que o embate ideológico ganha espaço.

Colégio Santana reúne pais, com cerca de 700 participações

O tradicional Colégio Santana, de Itaúna, com histórico de mais de oito décadas, atendendo a 1.700 alunos, também tem experimentado a ebulição em torno do tema nos últimos dias. Inclusive promoveu uma reunião com pais de alunos e emitiu um comunicado às famílias.

Na reunião, com cerca de 700 pessoas foi debatida a necessidade de “modernização” da questão da segurança na escola, com contratação de seguranças em lugar de porteiros apenas. Conforme a proposição dos pais, na escola do Sesi já são utilizados seguranças com especialização para atuar em casos de risco de violência, que atuam na portaria em resguardo ao acesso ao prédio escolar e o mesmo trabalho foi sugerido à direção do Santana.

Essa e outras cobranças foram feitas pelos pais. A direção da escola recebeu bem as sugestões, conforme pais presentes ao encontro e anunciou que tomará todas as medidas necessárias para garantir a segurança da instituição e de seus frequentadores.

No comunicado endereçado às famílias, a direção da escola reforça que “treinamentos, orientações aos profissionais diretamente envolvidos no contato com o público e controle de acesso, vigilância pessoal, cercas na imensa área do Colégio, monitoramento, são medidas que continuaremos implantando e ampliando no sentido de aperfeiçoar cada vez mais nossos procedimentos”. E complementa que “temos plena consciência de que nenhuma medida isolada levaria à erradicação dos riscos, mas o conjunto de várias medidas, com certeza reduz bastante”.

Confirma presença de aluno com faca, e explica

Sobre a notícia de que teria sido flagrado um aluno daquela escola com uma faca, a direção do colégio confirmou o fato, conforme apurou a FOLHA e explicou que se tratava de uma “questão de aula sobre costumes”,com atividade de história antiga. Ainda conforme as explicações, repassadas à reportagem por uma pessoa ligada a família de alunos, “a faca não foi para ameaçar ninguém, mas para utilização em uma aula abordando costumes antigos”.

PM inicia Operação de Proteção Escolar

Outro fator positivo em torno do assunto é a ação da PMMG que iniciou operação de proteção escolar em todo o estado. A necessidade de que a polícia esteja mais presente no ambiente estudantil é reivindicação antiga da sociedade.

Com a onda de boatos em torno das ameaças – algumas realmente confirmadas – em ambiente escolar, foi definido pelo alto comando da corporação, a operação que visa levar garantia de segurança às famílias.

Em Itaúna, conforme divulgação da 9ª Cia. PM Independente, a Operação de Proteção Escolar teve início no dia 10, segunda-feira.

Imagens de viaturas policiais nas imediações de prédios escolares tem sido distribuídas à imprensa. Conforme a corporação, a operação é composta de “diversas ações preventivas nas cidades de Itaúna e Itatiaiuçu”. Ainda segundo o comunicado da PM, “policiais militares realizarão visitas em todos os educandários, levando orientações de segurança, de conscientização e mobilização social, fortalecendo as redes de proteção nestas instituições”.

É necessário conscientizar a população

Especialistas em segurança pública de todo o País apontam a necessidade de que todos os esforços sejam realizados para garantir a segurança no ambiente escolar, além de uma atuação conjunta na conscientização da população.

Esta conscientização, ainda segundo especialistas, precisa apontar que a segurança no ambiente escolar não deve ser cobrança apenas de momentos como esse, de pós-tragédia. Ações de policiamento são necessárias, mas não devem ser as únicas a merecer a atenção das autoridades e das famílias. A educação no ambiente familiar é tão importante quanto o ensinamento no ambiente escolar e a repressão a atos de violência por parte da polícia.

Também a atuação consciente dos veículos de informação é importante, não dando vazão a notícias de impacto apenas, que causam mais mal do que informam à comunidade. “Antes de divulgar, é preciso apurar se o fato é real. E, na hora de divulgar, a manchete não pode seguir apenas no sentido de ‘vender’ a notícia”, como aponta um experiente jornalista.

A manchete sensacionalista leva à formação de consciência criminosa em uma sociedade que valoriza muito a questão midiática, o ‘espaço para aparecer’. Quem está à procura de ‘audiência’, encontra na manchete sensacionalista uma oportunidade de aparecer na mídia e, muitas vezes, um incentivo ao cometimento de crimes”, complementa ele. Por isso é necessário “abrir mão da manchete sensacionalista em favor da segurança", ensina.

Notícia que não contribui

No início da semana algumas “notícias” circularam na imprensa e nas redes sociais, especialmente em grupos de WhatsApp, “informando” que “um homem, com uma machadinha, estaria ameaçando crianças no bairro Três Marias”. Na verdade, se tratava de “construção de fake news (notícia falsa)” como foi constatado mais tarde. A PM informou que “hoje (segunda-feira, 10/4) não houve nenhum registro pela PMMG no bairro Três Marias”. Tratava apenas de uma denúncia anônima.

Mesmo assim, a polícia reforçou rondas na região e chegou a abordar um homem “de 43 anos que estava embriagado e importunando os usuários do parque. O abordado, tem ocorrências policiais por dano, porte de drogas para consumo, lesão corporal e ameaça. Nada de ilícito foi encontrado e nenhuma vítima solicitou qualquer tipo de providência policial, sendo o homem liberado”. Porém, informações de que a polícia havia feito a abordagem e “prisão” de um homem continuaram circulando.

A “notícia” só serviu para gerar apreensão e até pânico nas famílias daquela região.