Responsabilidade ou irresponsabilidade?

Responsabilidade ou irresponsabilidade?

A questão envolvendo os denominados moradores de rua em Itaúna já não cabe discussão entre quatro paredes em salas onde estão somente lideranças que discutem o problema, mas não conseguem encontrar uma saída lógica e digna para os dois lados em prol de um todo. Enquanto isso, a sociedade, sem opção, é obrigada a conviver com verdadeiros absurdos nas praças e vias públicas do Centro e, agora, em toda a redondeza, pois os pedintes e moradores de rua estão em todos os lugares, pois já sabem onde estão as maiores concentrações de pessoas que, no vai e vem dos compromissos, tiram 2, 3, 5 ou 10 reais para que o “coitado” não passe fome. 

Mas este ficar com fome não é uma realidade, pois já está provado e comprovado que, se passam fome, é porque optaram por isso para sustentar os vícios, pois se entregaram a ele. O dinheiro que arrecadam é gasto com drogas, que são compradas hoje em plena Praça da Matriz, à luz do dia, em meio aos transeuntes e/ou pessoas de bem que vão tomar o sol da manhã nos jardins da Praça da Matriz e estão estarrecidos com o que estão assistindo. A comida que ganham, da mesma forma, é trocada por dinheiro para o mesmo fim, a aquisição de droga. Pergunto, e aí?

Mais uma vez, trago a público minha indignação como cidadão e como profissional, pois é estarrecedor assistir a cenas violentas como as que ocorreram no domingo passado, 18, e na quarta-feira, dia 20, quando, em plena via pública, entre carros e próximo das vitrines de lojas, pedras foram jogadas, acertando carro, e porretadas foram trocadas, quase causando acidentes e incidentes, pois pessoas poderiam ter sido feridas com as pedradas, e vitrines, quebradas. Comerciantes do entorno da Praça da Matriz estão assustados e querem posicionamentos das autoridades municipais e dos órgãos sociais que atuam junto ao público de rua. Estão nervosos, inseguros e, mais que isso, preocupados, pois, do jeito que lá vai, já, já começam a não vender, pois o consumidor não vai querer sair de casa para ser abordado sem parar por gente de toda espécie pedindo dinheiro, vendendo panos de pratos, xingando e/ou com olhar de ameaça quando não são atendidas, ou ainda são obrigadas a levar cusparadas no rosto devido à situação de embriaguez e/ou dopagem do pedinte de rua. Não vai aí nenhum preconceito, mas, sim, a realidade que ninguém gosta de falar. Mas é preciso que as coisas sejam faladas, colocadas e pautadas, para que sejam buscadas soluções dentro dos padrões sociais de reabilitação e de apoio aos casos em que essa reabilitação já não seja possível e só resta o tratamento hospitalar.

O que não pode ocorrer é o fechar dos olhos dos que trabalham com e no social, pois esse comportamento acaba por piorar a situação. É lamentável ver milionários literalmente distribuindo dinheiro dia a dia para essas pessoas, por exemplo. É incompreensível ver igreja e instituição de cunho social distribuírem marmitas a essas pessoas nas ruas à noite, promovendo o acomodamento. Queiram ou não queiram, com os atos, estão ajudando a pilantragem a prosperar. No decorrer do dia, pedem dinheiro e/ou o ganham, para comprar drogas e álcool, e, à noite, recebem marmitas para dormirem embaixo das marquises e/ou nos jardins das praças. Assim fica fácil. Ir embora de Itaúna? Trabalhar? Buscar reabilitação? Pra quê? Está tudo muito bom, está tudo ótimo. Fazem o que querem, como querem e sequer são incomodados com ações de repreensão. Aí fica a pergunta, onde estão os órgãos de repreensão, como a Polícia Militar e/ou a chamada guarda municipal que seria montada? Não entendo o porquê da falta de uma atuação mais contundente da PM e o porquê de ainda não se ter instalado um posto de serviços da corporação na Praça. E, sendo sincero, entendo menos ainda o porquê de a PM ficar nos postos de gasolina, em “quartinhos”, constantemente. Não seria melhor trocar os “quartinhos” nos postos de combustíveis por pontos estratégicos da cidade, como Praça da Matriz, que está virando uma “Cracolândia”, onde traficante grita “a Praça é minha. Já está dominada...”? E que tranquilamente faz seu “comércio ilícito sem ser incomodado e colabora só para piorar a situação das pessoas de bem que residem, trabalham e/ou querem o local como lazer? Não consigo entender. Gostaria, inclusive, como homem de imprensa, que o comando da corporação desse explicações públicas, para que todos nós cidadãos pudéssemos entender a situação. 

Quanto à questão social que envolve o tema, temos preocupação também, pois todo ser humano merece respeito e a atenção do próximo, mas é preciso “medir a água com o fubá” ou “nem tanto ao céu ou ao inferno”. E como já citei em outros editoriais, o que precisamos mesmo em Itaúna é de uma ação conjunta para resolver o problema. Citei que já é hora de construirmos uma casa de apoio e temos locais para tal. Terrenos públicos que estão em locais apropriados, próximos às rodovias por onde chegam essas pessoas, que podem ser encaminhadas para o lugar, onde vão passar por uma triagem e serem reencaminhados. O que não pode continuar acontecendo é o crescimento dia a dia da população de rua. Vão dizer que já têm diagnóstico de quantos moradores são de fora, quantos são de Itaúna, e quais são viciados e/ou têm problemas de saúde mental. Não interessa. Temos que ter é uma política pública para sanar de vez o problema. Tem é que ter solução. É isso que quer a população, que já não aguenta mais ver e conviver com o estado de calamidade pública em nossas ruas. É uma lástima. E que não venham com sermões e pressões por causa dos meus posicionamentos. Antes que isso ocorra, tenho o direito de ter opinião.