O preço do olhar apenas político para os cidadãos

O preço do olhar apenas político para os cidadãos


Na terça-feira, dia 31 de outubro, por volta das 16 horas, uma chuva com raios e que durou mais de 1h30 transformou avenidas e ruas da cidade em verdadeiros rios, e com as casas e os cômodos comerciais invadidos pelas águas tendo seus objetos como móveis, motos, carros e equipamentos e produtos para venda, atingidos pela água e muito barro. O maior ponto atingido e que mais complicou e envolveu comerciantes foi a Avenida Jove Soares, onde casas comerciais como pizzaria, padaria, restaurantes, barzinhos, lojas e concessionárias de veículos, tiveram prejuízos incalculáveis e muitos carros de comerciantes e funcionários, que estavam estacionados nas pistas, também foram atingidos e levados pela correnteza. A tempestade na tarde de ontem transformou a cidade num verdadeiro caos e na área central, especificamente na Praça Dr. Augusto Gonçalves, uma árvore antiga caiu e atravessou a rua, deixando o trânsito interditado por cerca de 6 horas, e na maioria dos bairros, como no Garcias, São Geraldo, Padre Eustáquio e Várzea da Olaria, dentre outros, telhados de galpões, postos de gasolina e casas foram totalmente destruídos e voaram para o meio das ruas, buracos foram abertos pelas águas nas pistas e muita terra de loteamentos novos invadiram as pistas de avenidas e ruas. A cidade viveu uma tarde-noite de caos.   

As chuvas desta semana foram somente o começo do que vai ser o período chuvoso que começou e provavelmente vai até fevereiro do próximo ano. E a afirmação que todos estão fazendo e a maioria está concordando é: a cidade não está preparada para o período e vamos ter mais destruição e muitos problemas. E isso é fato. A cidade não se preparou para o período chuvoso. E não se preparou porque nossos administradores não se preocuparam com isso e priorizaram as ações políticas em detrimento das obras que pudessem amenizar os efeitos das chuvas. É verdade que o Rio São João teve o leito limpo em toda a sua extensão, assim como os ribeirões que cortam a cidade, mas esqueceram do ponto mais crítico e que todos sabemos ser um complicador para praticamente todos os itaunenses, pois a maioria precisa trafegar pela Avenida Jove Soares para chegar aos bairros, e que todos sabem ser complicada em se tratando de vasão das águas de chuva, das enxurradas provenientes dos bairros adjacentes nos dois sentidos da cidade. 

O fato é que nossos dirigentes públicos, leia-se o prefeito e os secretários de pastas específicas, não se preocuparam em trabalhar para resolver de vez a questão da nossa principal avenida, que é a Jove Soares em toda a sua extensão. Todos sabiam que isso aconteceria novamente, mais cedo ou mais tarde. Não é a primeira vez e não será a última. As nossas autoridades municipais sabem muito bem que somente obras de que possibilitem maior vazão das águas provenientes da área central (leia-se Praça Dr. Augusto, Alto do Rosário, Rua Getúlio Vargas em toda a sua extensão) - e dos bairros Nogueirinha e Nogueira Machado, Morro do Sol, Pio XII, Piedade, parte do Novo Horizonte, Graças e agora os novos bairros como como o Condomínio Boulevard Lago Sul e onde está a prefeitura e vai ficar o Fórum, e em breve terá dois hospitais dentre outros prédios de grande porte e o bairro da Dubai, que fica atrás do estádio José Flávio de Carvalho, dentre outros - é que podem resolver de uma vez por todas os problemas das enchentes na Jove Soares. 

Segundo engenheiros que já consultamos, a melhor solução, e a obra de menor custo, seria a captação das águas provenientes dos citados bairros nas ruas Getúlio Vargas, em toda a sua extensão, sentido Rio São João e Ruas XV de Novembro e Santana, também sentido São João. Além dessa obra, uma nova captação precisa ser feita em toda a extensão da Avenida Jove Soares. Segundo especialistas e entendidos, obras que teriam custos da ordem de 85 milhões de reais ou mais. Neste momento, ao que parece, seria inviável e isso deveria ter sido pensado há quatro ou cinco anos atrás. Mas preferiram administrar olhando apenas a ação política, pensando nos dividendos, optando por fazer asfaltamentos de ruas e avenidas cidade afora... Isso dá mais votos e o aplauso é instantâneo. Ou seja, nosso administrador-chefe, digo, o prefeito, está preocupado é com o seu futuro político, assim como os seus imediatos, que têm uma visão apenas política, inclui-se aí os vereadores da base e os oposicionistas, que só estão pensando nos votos nas próximas eleições.

Ou seja, vamos ter que conviver com o problema por muitos anos. E assim, sugiro que nossos administradores pensem em campanhas de informação que cheguem de forma rápida, direta e sem complicação a todo o cidadão, sobre as condições do tempo, as providências a serem tomadas nos locais de risco de enchentes, de queda de barreiras, de árvores e a melhor alternativa no trânsito. E principalmente, que a nossa Guarda Civil trabalhe com antecipação. 

Quanto às ações e falas oficiais do nosso prefeito, o que tenho a dizer é que ele somente pensou politicamente e agora é tarde. Mas nos bastidores ele não pode apenas afirmar que agora o problema é do próximo prefeito. Ele ainda tem 15 meses de mandato e, ao invés de ficar pensando em pagar R$ 26 milhões para a empresa concessionária do transporte coletivo, de priorizar o asfaltamento de ruas e sonhar em construir viaduto no trevo do Padre Eustáquio, na MG-431, deveria é tentar estudar uma solução para a nossa “Prainha”. Só para registro, segundo as informações e cálculos de donos de imóveis invadidos pelas águas e comerciantes que alugam imóveis, dentre outros, os prejuízos de todos os que estão na Avenida Jove Soares no perímetro atingido pelas águas, somados, podem superar os 25 milhões de reais. Fora o desgaste emocional e a noite maldormida. Esse é o preço do olhar apenas político dos nossos administradores públicos. E existe soluções viáveis, e de baixo custo, segundo engenheiros que trabalham na Prefeitura e estão literalmente encostados pela administração Neider. Então basta boa vontade e um olhar com “espírito público”.  

Por: Renilton Gonçalves Pacheco