Qualidade do ar nas vias de BH está fora dos padrões da OMS
Mapeamento da poluição atmosférica na capital foi realizado pela UFMG. Planejamento urbano e fluxo de veículos pesados influenciam concentração de poluentes
A qualidade do ar em ruas e avenidas de grande circulação em Belo Horizonte está fora dos padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados são da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que utilizou sensores móveis para medir a concentração de poluentes em diferentes regiões da capital, entre junho e agosto de 2023.
De acordo com o levantamento, a Rua Padre Eustáquio, na região Noroeste, foi a que apresentou maior concentração de poluentes. “Todas as vias analisadas ficaram acima dos 45 microgramas por normal metro cúbico [parâmetro adotado pela OMS]. A avenida Amazonas, por exemplo, teve média de 65. Na Nossa Senhora do Carmo, o resultado foi 69, mesmo da Silva Lobo e da Barão Homem de Melo. A rua Padre Eustáquio foi a que apresentou maior concentração, 78; a Antônio Carlos, 69, e o Anel Rodoviário, 57”, detalha o climatologista Alceu Raposo Júnior, autor do trabalho.
Para realizar o mapeamento, o pesquisador utilizou uma estação de qualidade do ar automática e móvel. O equipamento possibilitou que a captação de dados fosse feita com segurança durante o deslocamento de carro pelas vias de BH.
Planejamento urbano e políticas públicas
Segundo a pesquisa, o planejamento urbano é um dos fatores que contribuem para a má qualidade do ar, como ruas estreitas, com pouca ventilação e tráfego intenso, que favorecem o acúmulo de poluentes. “Uma via com elevada circulação, como a avenida Antônio Carlos, mas que sofreu um processo de intervenção e de urbanização, com o alargamento das suas faixas e o distanciamento maior das edificações, proporciona uma qualidade do ar ainda boa em relação a outras ruas, como a Padre Eustáquio, uma rua pequena, com edificações muito próximas, congestionando a circulação de veículos”, compara.
"Quando você tem um deslocamento mais rápido dos veículos, você tem uma concentração menor de poluentes, quando você tem deslocamentos muito lentos e o trânsito parado, como por exemplo na rua Padre Eustáquio, você tem uma maior quantidade de emissões porque os veículos gastam muito tempo parados ou muito lentos e as emissões se tornam maiores no seu percurso", explicou.
A pesquisa também revela piora na qualidade do ar durante o inverno. “Nesta estação, Belo Horizonte é recoberta por bolsões de poluição, em razão da baixa eficiência da atmosfera em conseguir retirar esses poluentes”, diz.





