OPERAÇÃO REJEITO - Vice é envolvido nas denúncias
Prefeitura exonerou Hidelbrando Neto do cargo de secretário de Urbanismo, que ele também ocupava, após informações sobre caso de máfia da licença ambiental na mineração virem a público

Itaúna foi surpreendida no início da semana com o envolvimento do nome do vice-prefeito Hidelbrando Canabrava Rodrigues Neto na Operação Rejeito, desencadeada pela Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF) sobre casos de licenças ambientais irregulares e outros crimes. Após as informações virem a público, a Prefeitura expediu nota oficial exonerando o vice-prefeito das suas funções de secretário municipal de Urbanismo e Meio Ambiente. Na explicação da citada nota, no site da Prefeitura, foi informado ainda que “trata-se, conforme amplamente divulgado, de investigação de natureza pessoal, alheia à administração pública municipal. No entanto, com base no compromisso da atual gestão com a ética, a transparência e o zelo pela coisa pública, a Prefeitura informa que o Sr. Hidelbrando Neto foi exonerado de suas funções à frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, até que todas as circunstâncias sejam devidamente esclarecidas”.
Ressalta ainda o informe da Prefeitura que “o momento atual se refere a uma fase investigativa, sem qualquer condenação ou decisão judicial com trânsito em julgado”. E lembra que “Hidelbrando Neto, como qualquer cidadão, tem garantido o direito constitucional à ampla defesa, ao contraditório e à presunção de inocência. A gestão municipal segue firme em seu compromisso com a integridade institucional e a confiança da população itaunense, reforçando que eventuais condutas individuais não refletem a postura nem os princípios que norteiam esta administração”.
A operação
Conforme documento a que a reportagem teve acesso, o nome do vice-prefeito de Itaúna é citado como sócio de empresas relacionadas na investigação. A operação busca apurar dados relacionados a um grupo que atuava obtendo licenças ambientais para mineradoras, de forma irregular, além de outros crimes, levando a quantias bilionárias em favor dos envolvidos. Na operação, desencadeada na quarta-feira, 17, foram emitidos 70 mandados de busca e apreensão e 22 de prisão preventiva. Também foi apurado nos autos que o vice-prefeito é acusado de atuar no nível operacional do grupo, que utilizava possíveis empresas de fachada para acobertar as ações criminosas. Dentre as empresas das quais o acusado participava, uma delas, a Ursa Maior Assessoria e Consultoria Ambiental Ltda., tem sede em Itaúna.
Ainda conforme as apurações da PF, o itaunense participava de um grupo do aplicativo WhatsApp onde eram tratadas de atividades ilícitas, conforme a acusação. É sócio da BRAVA Mineração, e aparece em conversas interceptadas como “articulador de ato de corrupção”. A Justiça Federal determinou o sequestro e a indisponibilidade de todos os bens imóveis, a apreensão, arresto e sequestro de veículo do vice-prefeito, via Renajud (Restrições Judiciais Sobre Veículos Automotores), além da suspensão das atividades da empresa BRAVA.
Em viagem
Na segunda-feira, 15, o vice-prefeito embarcou em viagem internacional, com destino aos Estados Unidos, onde estaria participando de um congresso que trata de questões ambientais. Antes mesmo de embarcar, o político informou que a viagem não seria a serviço da Prefeitura de Itaúna, portanto sem ligação com sua agenda de vice-prefeito ou de secretário municipal.
A reportagem apurou ainda que foi pedida a prisão preventiva do vice-prefeito, pela PF, por suspeita de crimes de organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro, além de possível crime ambiental. O político deve retornar ao País no próximo dia 29, segunda-feira.