Mas não faça o que eu faço...

Mas não faça  o que eu faço...


Acompanhei o nosso prefeito desde o início da sua carreira na política, ainda quando foi eleito vereador, assim acho que posso “palpitar” atualmente, mesmo não tendo conversado muito com ele ultimamente, mas, mesmo à distância, acho que posso afirmar alguns posicionamentos do alcaide, sem ter medo de estar falando bobagem. Por outro lado, até entendo o porquê de ele ter mudado de ideia em relação à sua postura no início de carreira, quando era, por exemplo, totalmente contra os empréstimos a longo prazo, feitos à época pelos então pelos prefeitos Hidelbrando, Osmando e Eugênio Pinto. Neider, enquanto deputado, mas já almejando a prefeitura, sempre foi um crítico ferrenho dos empréstimos anunciados e feitos pelos prefeitos citados e fazia críticas contundentes e sequenciais, tipo: “Estão endividando o município para os próximos prefeitos, é um absurdo, não podem fazer isso...”. Escutei muito frases como essa, publiquei os argumentos na FOLHA repetidas vezes, e produzi releases defendendo o “administrar o município com a arrecadação e com recursos viabilizados junto ao Estado e à União”. 

Mas é a máxima do título: “Não faça o que eu faço”. E hoje, os argumentos são outros e em dois mandatos o prefeito já ultrapassou os R$ 60 milhões em empréstimos, e nos bastidores já se fala em mais um empréstimo no valor de R$ 50 milhões no BDMG, para a construção do viaduto no trevo do Padre Eustáquio na MG-431. Caso isso se comprove, o prefeito Neider, em dois mandatos, vai ultrapassar os R$ 100 milhões em empréstimos a longo prazo, deixando parcelas para os próximos prefeitos pagarem. Ou seja, ele está fazendo o que sempre criticou. 

Particularmente, acho que o sistema de executar obras com recursos de empréstimo é uma alternativa viável, desde que o planejamento seja bem trabalhado em se tratando de perspectivas de arrecadação. Nesse caso, tenho quase a certeza de que Neider tem trabalhado em função das perspectivas diárias e futuras de faturamento nos próximos anos, para então endividar o município a longo prazo. É fato que as obras de construção de um elevado para a transposição da MG-431, sentido centro-bairros e vice-versa, são necessárias e vão beneficiar cerca de seis bairros, além de acabar com os riscos de acidentes na travessia da rodovia estadual, mas é preciso pensar, avaliar e convencer os oposicionistas. E mais que isso, ouvir o povo.  

Mas, por outro lado, além das ações já citadas e da ousadia em relação ao endividamento do Município, é preciso olhar as obras com um olhar político. E Neider, que pretende continuar na vida pública e voltar a ser deputado estadual ou federal, sabe que precisa fazer o sucessor para que, então, tenha apoio e visibilidade lá na frente, assim vai fazer de tudo para que as obras sabidamente necessárias sejam feitas ou pelo menos comecem a ser executadas, ainda em seu mandato, que termina no fim do próximo ano. Aí, para que isso seja possível, vai precisar do aval dos vereadores para mais uma vez autorizarem o empréstimo de R$ 50 milhões junto ao BDMG. E para que os vereadores votem favoráveis vai ser preciso que o Senhor Neider Moreira, então, “desça do pedestal”, converse, explique e peça para que eles sejam favoráveis a mais esse empréstimo para viabilizar a construção do viaduto na Vila Tavares e complexo de obras no entorno como na Avenida Valter Mendes e entrada do bairro Veredas. 

E é exatamente aí que as coisas começam a complicar, pois o nosso prefeito nunca foi de ter humildade para dialogar com os vereadores, e prefere usar os seus asseclas para enviar recados e ou negociar apoios. Mas desta vez, ao tentar viabilizar o empréstimo de R$ 50 milhões junto ao BDMG, vai ter que ter humildade, pois é crucial para ele ter esse recurso aprovado, pois seu futuro político depende de obras e essa é uma das principais. Então entendo que ele vai ter que descer o pedestal e se mostrar, conversar e convencer os edis de que a cidade precisa mesmo desta obra. 

Fomos informados de que, além dos R$ 50 milhões, ao que parece, estão sendo viabilizados junto ao governo de Zema recursos da ordem de R$ 20 milhões, também para as obras do viaduto e iluminação do trevo da MG-050, recursos esses que podem vir no próximo ano. Outras informações de bastidores também indicam que reuniões estão sendo agendadas para viabilizar a construção do trevo na MG-050 em Santanense. Reuniões com diretores e gerentes da Nascentes da Gerais estão agendadas na tentativa de agilizar estas obras.               

Quanto ao trabalho político junto ao Legislativo visando a aprovação de mais esse empréstimo, acreditamos que não vai bastar o convencimento da base, mas, pelos argumentos iniciais tornados públicos na reunião da terça-feira, 22, entendo que o prefeito, desta vez, vai ter que fazer um pouco mais de esforço e gastar saliva para convencer até mesmo uns dois aliados, porém, por outro lado e ao que tudo indica, já tem caminho aberto para dois oposicionistas declarados se alinharem ao seu governo em troca de algumas obras em seus domínios. É a praxe. 

Enfim, acredito que Neider, até onde conheço politicamente, já analisou todas as perspectivas e sabe que o empréstimo dos R$ 50 milhões será aprovado pela Câmara e sabe também que os recursos junto ao Estado também virão devido ao trabalho político de um dos seus secretários, que sabe fazer política e, mais que isso, sabe como “mexer os pauzinhos” junto a deputados, vice-governador, funcionários do DER, dentre outros. Mais uma vez o nosso prefeito vai conseguir o que quer e vai deixar as obras do viaduto da MG-431 iniciadas. Essa é a minha opinião. 

Assim entendo que ele viabiliza também o seu candidato a prefeito, que está, como dizem no meio político, “por debaixo da manga”. Mas uma coisa é certa, o seu candidato não é a Gláucia nem Fernando Meira e muito menos o Gustavo Mitre... Ao que tudo indica, os nomes que vão compor a chapa apoiada por ele estão dentro da prefeitura e já sabem disso. Outra hipótese passa por Marcinho Hakuna. É uma hipótese de possível acordo, conforme informações de bastidores. Aí fica tudo em casa, como era antes... Quanto ao Gustavo Mitre, esse perdeu e não sabe jogar dentro das quatro linhas... E quanto às ações de Neider, que já esqueceu seus posicionamentos do passado, quando fazia críticas contundentes aos prefeitos em relação ao endividamento do Município para os próximos administradores, vai continuar utilizando a velha máxima: Mas... não faça o que eu faço. Pois é! 

Por: Renilton Pacheco